quinta-feira, 25 de abril de 2013

Ressurreição de Cristo


Marilia Amaral*
Como estamos vivendo a oitava da Páscoa, faremos uma pausa na leitura que temos feito dos Princípios Fundamentais da Ordem Democrática, para falar sobre esse tema tão importante, que funda a nossa fé, que é a Ressurreição de Cristo.
Certa vez, um colega, estudante de Teologia, comentou que mesmo que Jesus não tivesse feito nenhum milagre, nossa fé não seria em vão porque Jesus ressuscitou, e isso é importante.
E entendo que seja verdade, porque outros líderes espirituais também deixaram ensinamentos importantes, como Buda, Sócrates, Gandhi e tantos outros, mas por ter cumprido fielmente o projeto do Pai e de ter dado a vida por ele é que Jesus se destacou, humanamente falando, e Deus não permitiu que a morte vencesse Jesus e o ressuscitou.
Renold Blank lembra que a Ressurreição é um fato histórico, já que seria IMPOSSÍVEL voltarem a falar de Jesus, porque ele fora crucificado. E esse tipo de morte fazia com que a pessoa deixasse de ter existido. Sua família não falava mais sobre ela, seus amigos, enfim, era uma vergonha muito grande uma vez que os crucificados eram tidos como desgraçados, isto é, fora da Graça de Deus.
Então, o que para nós pode parecer simples, que é o fato de terem voltado a falar em Jesus Cristo, e ido muito além: de terem anunciado suas palavras e de terem dado testemunho dele faz com que a ressurreição possa ser comprovada historicamente.
E nós, como damos sinais ao mundo de que Jesus ressuscitou e continua vivo?
Vou retomar um assunto que sempre gosto de abordar. Até porque, semana passada eu ouvi o padre dizer que quando falamos muito sobre um assunto, ele não se repete, pois se assemelha ao parafuso: que vive dando voltas ao seu redor, mas na verdade a cada volta ele se aprofunda mais, aproximando-se do seu objetivo.
Nosso maior testemunho está no nosso maior desafio: de reduzir as desigualdades sociais, para mostrarmos que realmente somos cristãos, que acreditamos e vivemos da forma que Jesus nos orientou.
Há algum tempo já falei que no livro “Da riqueza ao poder”, o autor afirma que “a renda dos 500 bilionários mais ricos do mundo supera a dos 416 milhões de pessoas mais afetadas pela pobreza no planeta”.
Duncan Green ainda usa o mesmo termo que Frei Betto, quando este se refere ao porquê da opção preferencial pelos pobres: pela injustiça da “loteria dos nascimentos”. Dependendo da sorte da pessoa, ela nascerá numa família rica ou pobre.
Acreditar que a vida vence a morte significa, então, nos organizarmos de forma a lutar por uma efetiva reforma tributária. Temos que gritar ao Congresso, muito mais alto do que os que pedem reformas no Código Penal, muito mais alto que os apresentadores de TV que pedem a pena de morte e a redução da maioridade penal, muito mais alto que os conselhos profissionais que solicitam a interrupção da gravidez até o terceiro mês, temos que gritar que queremos uma Lei que tribute sobre a herança, sobre as grandes fortunas, sobre a onerosidade dos impostos sobre os mais pobres.
Diante de tantos gritos que desejam, ainda hoje, a crucificação de Cristo, devemos nos aliar ao Pai e ressuscitarmos, darmos vida, àqueles que estão sendo vencidos pela morte!

                           
*Membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo.
Programa exibido da Rádio 9 de julho em 01/04/2013.

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