sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Oitava de Natal - gratidão - ação da Pastoral Fé e Política


Márcia Castro*
Estamos na Oitava do Natal, ou seja, oito dias da grande Festa do Nascimento de Jesus como um dia só. Celebramos a humilde presença de Deus na terra, adoramos o Verbo que se fez carne e habita entre nós.

Neste último comentário do ano, faremos uma retrospectiva em ação de graças sobre o trabalho da Pastoral Fé e Política (PFP) da Arquidiocese de São Paulo neste ano de 2012. O trabalho desenvolveu-se dentro de cinco pilares que são: a organização da Pastoral Fé e Política, a Formação a partir da fé e da organização política do país, a construção da cidadania, a parceria com diversas entidades e a articulação com as Pastorais Sociais.


A organização da PFP foi sistematizada na reunião mensal que se dá na acolhedora Igreja de Santana no 2o. sábado de cada mês, espaço de comunhão das ações nas Regiões Episcopais, iniciativas setoriais,  paroquiais e locais. O Folder sobre a organização da pastoral foi distribuído e discutido a diversos grupos interessados.


A formação a partir da fé e da organização política do país em vista da construção da cidadania deu-se por vários caminhos
  • A partir do site e do blog da Pastoral Fé é Política que são atualizados constantemente e buscam ser canais de informação, formação e divulgação das atividades de diversas entidades e eventos que voltam-se para a promoção do bem-comum. O site tem uma ferramenta que possibilita a tradução para diversos idiomas o que permitiu o acesso por internautas dos cinco continentes e nos colocou em contato, por exemplo, com os africanos de Guiné Bissau. Divulgação de textos dos membros, dos colaboradores, dentre estes o poeta J. Thomaz Filho que nos envia seus textos e poemas
  • Diariamente são enviados e-mails que tratam a fé, a política e as ações de cidadania. Se você quiser recebê-los, cadastre-se no e-mail contato@pastoralfp.com
  • A Rede Fé e Política que iniciou-se na TV Agir registra e divulga eventos no site, a partir do canal criado no Youtube entrevistas, palestras, encontros, seminários e aulas são disponibilizados. São parceiras na Rede as Dioceses de Jundiaí, Campo Limpo e São Miguel.
  • Presença da PFP noFacebook interagindo neste novo e relevante espaço virtual.
  • A parceria com a Rádio 9 de julho há 13 anos Falando sobre cidadania cristã com horários semanais as 2as e 3as com a Marilia Amaral, às 6as. feiras com a Caci Amaral e a Márcia Castro refletindo sobre Fé e Política. As 4as. com nosso colaborador Pedro Aguerre da PUC e da Escola de Governo.
Esses canais foram ocupados com informações sobre os desdobramentos das leis da compra de votos, da Ficha Limpa, do acesso à informação, eventos como a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20 e a Cúpula dos Povos, a 1a. Conferência de Transparência e Controle Social, atividades relacionadas ao JUBILEU DO CONCÍLIO VATICANO II (1962 – 2012), Conselho Consultivo do Programa de Metas, Conselho Tutelar, Audiências Públicas e Conferencias.


Em relação à Campanha da Fraternidade de 2012 houve participação, reflexão e divulgação das atividades relacionadas à Fraternidade e Saúde Pública para "que a saúde se difunda sobre a terra", acompanhando as atividades das Plenárias Municipal e Estadual da Saúde, o Movimento de Saúde da Zona Leste, a Comissão de Saúde da Câmara Municipal, o Ato unificado do dia mundial da saúde, a coleta de assinatura pela lei de responsabilidade sanitária entre outras.

As Eleições 2012 proporcionaram diversos eventos em vista do voto consciente, debates com candidatos à prefeito e vereadores, Formação Política em diversas paróquias, para os jovens missionários da Aliança de Misericórdia, no Centro Fransciscano de Luta Contra a Aids (Cefran), aqui na Rádio 9 de julho, na TV Século 21 e na TV Aparecida.

A parceria com diversas entidades deu-se de forma variada e neste ano aprofundou-se o relacionamento com a
  • Escola da Cidadania da Zona Leste que tem suas aulas disponibilizadas no site 
  • As demais Escolas que recentemente se estruturaram na REC (Rede Escolas da Cidadania) e já são oito escolas em diversas dioceses na região metropolitana, interior de São Paulo e também em Minas Gerais. Dentre estas o desafio da Escola de Fé e Política em 2013. 
  • Escola de Governo
  • Rede Nossa São Paulo
  • Movimento de Integração Campo-Cidade (MICC)
  • Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE)
  • Grupo Ecumênico da Zona Leste (GEZL) 
  • Coalizão por um Brasil Livre de Usinas Nucleares
A articulação com as Pastorais Sociais deu-se pela participação nos Seminários promovidos pela Pastorais Sociais do Regional Sul 1 da CNBB discutindo a 5ª Semana Social Brasileira que reflete sobre o ESTADO QUE TEMOS E O ESTADO QUE QUEREMOS, participação no Fórum das Pastorais Sociais da Arquidiocese de São Paulo e da Região Episcopal Belém, no Conselho Nacional do Laicato de Brasil (CNLB) e participação em Atos públicos como 1o de maio, Grito dos excluídos, caminhadas pela paz e não violência entre outros.

Agradecemos ao Deus Menino por este ano de trabalho e pedimos que Ele nos guie no próximo ano.

*Membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo
Apresentado no Programa Igreja em Notícia da Rádio 9 de Julho em 28/12/2012  

Orçamento municipal 2013


Marilia Amaral*
Depois do Orçamento 2013 ter sido aprovado, em primeira votação, pelos vereadores e vereadoras, aconteceu ontem a segunda audiência pública sobre a lei orçamentária do próximo ano.
O passo seguinte são as emendas que podem ser apresentadas pelos parlamentares para atender as reivindicações da população e depois passar para a segunda votação.
Nesta última audiência pública, os grupos que parecem ter se destacado foram novamente o dos moradores da Vila Sônia e dos representantes de programas de cultura e audiovisual.
Algumas considerações que ainda são importantes de fazermos sobre o Orçamento é entender de onde vem o dinheiro que a prefeitura irá usar. E aqui vai uma dica super importante: podemos encontrar MUITA coisa na Internet. Logicamente que o material disponibilizado não nos tornará especialistas, mas uma vez que estejamos dispostos a praticar nossa cidadania, já teremos um bom material para trabalharmos.
No site da Câmara Municipal tem uma página que trata especificamente do Orçamento 2013. Nela podemos encontrar o Projeto de Lei, demonstrativos gerais e de cada subprefeitura, a legislação própria, audiências públicas, além de explicações de especialistas sobre o assunto.
Ontem falávamos sobre o bem comum, lembrando que uma explicação para esse termo é justamente o conjunto das condições, todas as condições  da vida social que permitem tanto aos grupos como a cada membro desses grupos atingir da melhor forma possível, de maneira mais completa a própria perfeição.
Pois bem, quando falamos sobre o orçamento essas condições da vida social que vão permitir que tanto os grupos quanto cada pessoa possa alcançar completamente a perfeição, vamos lembrar dos tributos que serão pagos por todos para atender necessidades específicas e primordiais do Município, como saúde e educação.
Interessante é que o especialista em direito financeiro, o Professor Fernando Scaff, mostra que essas demandas devem ser bem atendidas para o nosso conviver social.
Sobre esses impostos encontramos, então, o IPTU que é o Imposto Predial e Territorial Urbano. Ele é pago pela maioria da população da cidade e uma das formas para o cálculo desse imposto é o valor da propriedade.
Outro imposto que vai gerar a receita, o dinheiro disponível para os gastos do município será o ISS (Imposto sobre serviços) que inclusive é a principal fonte de receita da prefeitura. O valor previsto para a arrecadação deste tributo é de 9 bilhões e 700 milhões de reais, ao passo que o valor previsto do IPTU é de 5 bilhões e 300 milhões.
A  terceira principal fonte, também segundo o especialista, são as receitas transferidas: transferidas pelo valor do ICMS que nós pagamos ao utilizar combustível, ao comer, ao comprar roupas entre outras. Uma parte deste imposto vai para o Estado e a outra volta para o Município; outra parte vem do Imposto de Renda e do IPI que é o imposto sobre produtos industrializados. Este último também já tem seu valor imbutido nas mercadorias que utilizamos.
Muito importante, então, é sabermos que nada do que o governo faz é de graça: pagamos por tudo! E mais importante ainda é lembrarmos que quem sofre a maior perda pagando impostos são pessoas de menor poder aquisitivo. Conforme explica o Odilon Guedes, da Rede Nossa São Paulo, estima-se que quem ganha até 2 salários mínimos gasta mais de 50% desse valor somente para pagar impostos.

Membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo

Programa exibido na Rádio 9 de julho em 11/12/2012

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Desenvolvimento econômico e desenvolvimento social no Brasil: alguns avanços a festejar e inúmeros desafios para o futuro

Pedro Aguerre*
O dia do natal é um momento não só de reflexão mas também de celebração e de alegria. O significado especial é acrescido pela aproximação das celebrações do fim do ano e da chegada do novo ano. Com as férias escolares, as crianças estão em casa, e muitos jovens e adultos entram em recesso no trabalho ou em férias, podendo descansar de um ano intenso de trabalho e de luta. A sensação das pessoas muitas vezes é de cansaço pela sobrecarga nas últimas semanas do ano, mas isto não significa de forma nenhuma descuido com relação à celebração, em especial, da noite de natal, como o jantar especial, os presentes, na tradição de Papai Noel, e o encontro familiar. Assim, trata-se de um momento especial, não só no campo individual e religioso, mas também no campo social, um momento raro em que sentimentos de solidariedade e fraternidade ganham outra força. Também é um momento em que, junto com uma saudável propensão ao consumo, devemos prestar atenção para o estímulo excessivo do consumismo, evitando transformar a festa em festival de consumo excessivo e desnecessário, especialmente junto às crianças.
Iniciamos nosso comentário de hoje repercutindo o grande volume de notícias que mencionam a baixa taxa de crescimento e a dificuldade em avançar em investimentos necessários para o desenvolvimento da economia. De fato, o crescimento neste ano será pequeno, confirmando que muitas medidas tomadas ao longo dos últimos meses, como as quedas na taxa de juros e a ampliação no crédito, não atingiram os resultados imediatos desejados de ampliação da produção industrial e das exportações e, por extensão, de aumento da riqueza. Estão claras, entretanto, as limitações ao crescimento econômico no plano global e as dificuldades para avançar e corrigir distorções que, no plano interno, vem de longe, exigindo medidas ainda mais ousadas de enfrentamento, como a questão agrária, da superação da miséria, da redução da desigualdade e da melhoria sustentável da economia.
Porém, há outros indicadores e sinais em relação ao desempenho do Brasil e de sua população que apontam em outra direção: a de avanços contínuos e progressivos, que vão redefinindo muitos aspectos da vida social e mudando a sociedade brasileira. O baixo crescimento econômico se combina com altos níveis de emprego, com avanços no bem estar social e no otimismo da população.
O Índice de Desenvolvimento Econômico Sustentável feito pela empresa internacional de consultoria BCG, comparando indicadores econômicos e sociais de 150 países mostrou que se o Produto Interno Bruto brasileiro cresceu a um ritmo médio anual de 5,1% entre 2006 e 2011, os ganhos sociais obtidos no período são equivalentes aos de um país que tivesse registrado expansão anual de 13% da economia: “O Brasil diminuiu consideravelmente as diferenças de rendimento entre ricos e pobres na década passada, o que permitiu reduzir a pobreza extrema pela metade. Ao mesmo tempo, o número de crianças na escola subiu de 90% para 97% desde os anos 90″. O estudo deixa claro, no entanto, que o progresso do Brasil deve ser visto como um desenvolvimento de um país que vinha de uma base muito baixa, de décadas com um nível muito ruim de desenvolvimento social, de descaso por parte de governos e por políticas econômicas voltadas apenas para o grande capitalismo. Portanto, estas melhorias nos últimos cinco anos em várias áreas, até mesmo em infraestrutura, significam que ainda é preciso avançar muito mais.
Para este resultado contribuiu o aumento de 172% do gasto do governo federal com políticas sociais, entre 1995 e 2010, chegando a R$ 638,5 bilhões, ou 15,24% da soma das riquezas produzidas no país. O aumento no gasto com políticas sociais per capita cresceu 125% nos últimos 16 anos, fazendo com que o valor destinado às políticas sociais por cidadão brasileiro, em média, tenha sido em 2010 mais que o dobro do que foi em 1995, ou seja, pouco mais de R$ 3 mil. Segundo o Instituto IPEA algumas políticas mantidas e consideradas estratégicas foram responsáveis pelos índices contrários observados no restante do mundo, como é o caso da política de valorização do salário mínimo, a expansão do Bolsa Família, o Fundeb e o Reuni, dentre outras. Além disso, houve um esforço de elevação dos recursos destinados à habitação popular, uma novidade que também teria contribuído para os resultados.
Também tem sido muito comentado que a alta do crédito no Brasil tem levado a índices de endividamento e inadimplência elevados. Embora uma parcela das pessoas que compram a prazo tenha dificuldades, o fato é que nos últimos três anos, o crédito cresceu, em média, por ano, no Brasil, 13,5 pontos percentuais a mais do que o PIB, levando-o, desde 2004, de cerca de 25% do PIB para os atuais 50%. E isto é bom, pois reflete uma tendência de queda sustentável e profunda dos juros, de consolidação de uma política fiscal com maiores condições de consumo, que chega até o crédito imobiliário, favorecendo o importante sonho da casa própria. Com isto, o mercado interno e o consumo das famílias pode crescer, ajudando a manter a economia aquecida, apesar da taxa de crescimento não ser elevada.
Tudo isto levou a taxa de desemprego medida pelo IBGE de novembro a ficar no nível mais baixo dos últimos 10 anos, ou seja, de 4,9%, representando um aumento de 2,5% no número de trabalhadores com carteira assinada, em relação ao ano anterior. Outra pesquisa importante nessa área, a Pesquisa Emprego e Desemprego, mostrou a taxa de desocupação caindo para 10%, considerada muito baixa comparada com os níveis históricos.
Ou seja, é claro que há muito a fazer. Mas é preciso considerar também que os avanços que hoje se observam, irão influenciar o desenvolvimento social nos próximos anos. Exemplos disso são, por exemplo, os consistentes avanços na redução da mortalidade infantil, e diversos sinais de melhoria na educação e em outras políticas públicas. Novos governos municipais que iniciarão suas gestões também tendem a ter um maior compromisso e atenção quanto às políticas públicas e as políticas sociais. Nos próximos anos serão sentidos os efeitos das políticas afirmativas, trazendo mais negros para uma condição de acesso a níveis de cidadania e inserção social que hoje infelizmente são desfrutados apenas por segmentos populacionais que historicamente concentraram diversos privilégios. Também nos permitimos imaginar que situações terríveis como a violência institucionalizada no estado de São Paulo serão cada vez menos aceitas pelo conjunto da população, levando a um novo ciclo de políticas públicas que desmontem o círculo vicioso da violência.
O longo caminho a percorrer tem grandes questões sobre as quais precisamos amadurecer, como País: precisamos que nosso desenvolvimento seja sustentável, ou seja, que não destrua o meio ambiente nem impeça as condições de sobrevivência das populações tradicionais. Outro desafio é do avanço no campo do combate à corrupção e da continuidade da melhoria institucional, com leis e dispositivos como a transparência da Lei de Acesso à Informação e a Ficha Limpa, ou a Lei de combate à corrupção que pune as empresas que corrompem políticos e agentes públicos. Sonhamos, por fim, com uma reforma política que estabeleça o fortalecimento dos partidos políticos e o financiamento público de campanhas. E mantemos o compromisso com a ampliação dos mecanismos de participação popular, convencidos que quanto maior a proximidade entre povo e estado, entre sociedade civil e sociedade política, melhor será a qualidade da democracia e os avanços no desenvolvimento social! Boas festas!

Visite o blog da pastoral fé e política http://pastoralfp.blogspot.com/ especialmente a seção Cidadania Ativa!!
*Professor da PUC-SP, colaborador da Pastoral Fé e Política e da Escola de Governo de São Paulo.
Programa exibido na Rádio 9 de Julho em 26/12/12.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Mensagem de Feliz Natal da Pastoral Fé e Política

A Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo
deseja a todos e todas
E um Ano Novo de paz, trabalho e muito amor.
Amor para enxergarmos o Cristo que nasce no menor abandonado,
no povo em situação de rua, na mulher marginalizada,
no índio sofredor, e em todos os pobres e marginalizados.
Os preferidos do Deus!
Feliz Ano Novo!

A Pastoral conta com você no próximo ano!
Venha participar com a gente!

Informamos abaixo as datas agendadas para as reuniões mensais:
Fevereiro 02; março 09; abril13; maio 11; junho 08; julho 06;
agosto 10; setembro 14; outubro 05; novembro 09; dezembro 07
Sempre na paróquia de Santana, no segundo sábado do mês, das 9h30 às 12h00


 Minha fé é política porque ela não suporta separação entre o corpo de Jesus e o corpo de um irmão.
Minha fé é política porque crê que a economia pode mudar um dia e ser toda solidária
Minha fé é política porque acredito na juventude, na sua força e inquietude, no seu poder de diferença.

Pastoral Fé e Política
Arquidiocese de São Paulo
A partir de Jesus Cristo em busca
 


Natal do Ano da Fé


Márcia Castro*

            Nesta reflexão que antecede o Natal quero neste Ano de Fé refletir com você sobre esse pilar da nossa fé que é o Santo Natal. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos apresenta o menino Jesus que nasceu na humildade de um estábulo, em uma família pobre; as primeiras testemunhas do evento são simples pastores e é assim que se manifesta a glória do Céu (525). O que Deus quer nos mostrar com tão grande evento e tanta simplicidade?
            Deus assumiu um corpo (encarnou-se) e dignou-se nascer de uma Virgem; e nos doou sua própria divindade! Mas e qual é a nossa parte? Jesus nos ensinou que "Tornar-se criança" é a condição para entrar no Reino; para isso é preciso humilhar-se, tornar-se pequeno; mais ainda: é preciso "nascer do alto" (Jo 3,7), "nascer de Deus" para tornar-nos filhos de Deus. O mistério do Natal realiza-se em nós quando Cristo "toma forma" em nós (CIC 526) e quando vivemos como irmãos.
            O Centro de Estudo Bíblicos (CEBI) nos ajuda a atualizar o Natal indicando que se estivesse nascendo agora, pela sua conhecida pobreza, José e Maria procurariam a emergência de um hospital do SUS e ouviriam da atendente: "Lamentamos, mas não temos vaga, vocês terão de procurar outro hospital, não temos um leito, sequer, disponível, nem médicos e enfermeiras suficientes para tanta gente.
           Batem então à porta dos locais por onde passam e veem pessoas comprando nos shoppings, enfeites belos e iluminados, brindes e comemorações diversas e também celebrações, mas em nenhum desses lugares são acolhidos.
         Seguem então para o outro lado da avenida e se deparam com uma favela parcialmente destruída por recente incêndio. Denunciados pelo latido dos cachorros um casal tão pobre como os recém chegados, pede para eles entrarem imediatamente, pois perceberam a urgência e dizem: "Podem entrar, a casa é sua". Maria, com muita dificuldade consegue se deitar num acolchoado velho no chão, a cama do casal. Três crianças, duas meninas e um menino, dormem profundamente, recolhidas em outro acolchoado.
          S. Antonio vai pedir ajuda enquanto Joana ferve água para escaldar uma faca de cozinha. Alice, a vizinha amiga responde imediatamente ao pedido e traz um lençol surpreendentemente limpo. Logo em seguida ouve-se o choro do pequeno que se livrou do ventre materno, separado pela faca de Dona Joana. Um choro alto e forte, de quem sorve o primeiro ar e reclama a primeira mamada.
           A alegria é de todos, os demais moradores da favela, vem saudar o menino e se oferecem para ajudar e partilham vestes para o recém-nascido. A solidariedade amorosa, feita de palavras e gestos, todos querendo repartir o pouco que tem com o casal de migrantes que festeja a chegada do primeiro filho. 
            A realidade atual não nos deixa duvidar de que, hoje como ontem, são milhares as crianças que nascem nas condições miseráveis nas quais nasceu o Menino Jesus, e são os adultos sem-terra, sem-teto, moradores de rua que morrem por defender a mesma Justiça que Ele defendeu. Precisamos estar atentos para não darmos preferência às coisas, às mercadorias, aos símbolos do consumo, do que às pessoas, aquelas que conosco vivem, especialmente as que, como o Menino Jesus, são necessitadas e pobres.
            Há um poder que usa de força e repressão como vimos no com os sem-terra do Pinheirinho no início deste ano, a constante criminalização e ações de higienização para tirar da cidade esse povo pobre, e também perseguição àqueles que os defendem, como vemos atualmente as ameaças à D. Pedro Casaldáliga entre outros que estão sendo ameaçados e também assassinados.
          O natal nos convida a partilhar o que temos, não aquilo que sobra e a sermos solidários com o sofrimento e as necessidades daqueles ao nosso redor e se possível servi-los enxugando-lhe os pés, envolvendo-se em ações que vão promover a dignidade e a vida

*Membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo
Apresentado no Programa Igreja em Notícia da Rádio 9 de Julho em 21/12/2012  


O quê a Doutrina Social da Igreja tem a nos dizer sobre o “bem comum”






Marilia Amaral*



No comentário de ontem falávamos sobre a participação da população nas audiências públicas e terminamos falando sobre a importância de colocarmos nossas necessidades em comunidade.
Hoje vamos ver o quê a Doutrina Social da Igreja tem a nos dizer sobre o “bem comum”.
Lembrando, que a oração principal deixada por Jesus foi o Pai-Nosso e nessa oração, tudo é comum: o Pai é nosso, o reino é para vir a todos nós, o pão é nosso, o perdão é para todos, o compromisso de perdoar também é de todos, o pedido de não cairmos em tentação é coletivo e finalmente pedimos que todos estejamos livres do mal.
No número 61 do Compêndio da Doutrina, encontramos a seguinte explicação: “Todo homem é um ser aberto à relação com os outros na sociedade, além de ser único e irrepetível na sua individualidade.
O com-viver social na rede de relações que interliga indivíduos, famílias, grupos intermédios, em relações de encontro, de comunicação e de reciprocidade, assegura ao viver uma qualidade melhor.”
Nesse parecer percebemos que a Igreja reconhece a individualidade do homem e da mulher, que cada ser humano é único, mas é necessário até para uma vida melhor, de mais qualidade, que os seres humanos se relacionem, seja na família ou em grupos.
Continuando a leitura do número 61 do Compêndio, temos: “O bem comum que eles buscam e conseguem, formando a comunidade social, é garantia do bem pessoal, familiar e associativo”, isto é, se vivenciarmos o bem comum, é garantido que gozaremos do bem pessoal, do bem familiar, do bem associativo.
É como vimos ontem na presença dos moradores da Vila Sônia na audiência pública: o bem comum para esses moradores não é ter um terminal rodoviário e sim que 72 famílias não tenham suas casas desapropriadas. Satisfazendo a necessidade dessas famílias os moradores garantem seu próprio bem estar pessoal.
Finalizando o número 61 do Compêndio temos:
“Por estas razões, se origina e ganha forma a sociedade, com os seus componentes estruturais, ou seja, políticos, econômicos, jurídicos, culturais. Ao homem ‘enquanto inserido na complexa rede de relações das sociedades modernas’, a Igreja se dirige com a sua doutrina social. ‘Perita em humanidade’, a Igreja é apta a compreendê-lo na sua vocação e nas suas aspirações, nos seus limites e nos seus apuros, nos seus direitos e nas suas tarefas, e a ter para ele uma palavra de vida que ressoe nas vicissitudes históricas e sociais da existência humana”.
Aqui temos a promessa da Igreja de compreender e amparar o ser humano em todo o seu contexto. Reafirmando a individualidade do ser humano, a Igreja entende que cada homem e mulher tenham vocações e aspirações que podem ser diferentes ou não, mas que devem ser respeitadas.
Muitas pessoas, opressores na maioria das vezes, não admitem a intervenção da Igreja no Estado, porque diz que este é laico.
Mas a Igreja não pode ser omissa, ela deve ser atuante; defender a vida e dar voz aos que não podem falar.

*Membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo.
Programa da Pastoral exibido na Rádio 9 de Julho em 04/12/2012.

“O que devemos fazer?”


* Reinaldo Oliveira

Esta interrogação contida no versículo do Evangelho (Lc 3,10-11) de domingo, dia 16 de dezembro, reflete alguns dos atuais momentos, onde os leigos motivados pela Palavra, tentam ser protagonistas através da evangelização. E conseguem! Embora às duras penas. Por este motivo é importante compartilhar algumas experiências. A Pastoral Serviço e Caridade (PASCA), da Diocese de Piracicaba, tem sentido bem o que significa ir à luta para incentivar o exercício das três dimensões sócio-transformadoras: a assistencial, a da promoção humana e a libertadora. Neste sentido em 2011 participou junto com outras entidades da 1ª CONSOCIAL. Em 9 de dezembro de 2011, das 9h as 13h, o mesmo grupo de entidades participou de uma manifestação em comemoração ao “Dia do Basta a Corrupção”. Em 2 de junho de 2012, no trabalho conjunto com as demais entidades, numa reunião foi discutido o aumento exagerado no subsídio dos vereadores, dali surgindo a ideia de um movimento contrário que foi denominado REAJA PIRACICABA. Nominado o movimento, no dia 1º de agosto de 2012, dia do aniversário de Piracicaba, pela primeira vez realizaram um manifesto em frente à Câmara Municipal. Deste manifesto surgiu a ideia de um Projeto de Iniciativa Popular, onde a PASCA faria a coleta de assinaturas nas paróquias, com pleno conhecimento do coordenador diocesano da Pastoral – pe. Cido. E a iniciativa da coleta de assinaturas foi muito boa, gerando enorme repercussão na cidade e despertando interesse jornalístico da EPTV que dedicou bom espaço em seu telejornal na divulgação desta ação. Também recebeu apoio de outras cidades – como de Jundiaí, que no mês de março de 2012 numa ação conjunta da Pastoral Fé e Política e outras entidades da sociedade civil, conseguiram sustar o aumento de 63% pleiteado pelos vereadores de Jundiaí. Também tomou conhecimento da suspensão do aumento de 126% pleiteado pelos vereadores de Campinas, no mês de julho. Como toda ação tem uma reação; a Câmara Municipal de Piracicaba, em retaliação ao movimento ameaçou acabar com dois feriados religiosos da cidade: o do dia de Santo Antonio e a festa da Imaculada Conceição. E não parou só nestas ameaças, detonou o assunto na mídia piracicabana com forte ataque à Igreja. Por exemplo: no dia 5 de dezembro o Jornal de Piracicaba – edição 39083, na capa traz a manchete: “LEITURA DA BÍBLIA MOTIVA CONSULTA ECUMÊNICA”, onde em certo ponto diz: ... “A Casa já se reuniu com os pastores evangélicos e aguarda apontamento da Diocese sobre a retirada de símbolos religiosos do plenário, no caso o crucifixo e a leitura da Bíblia durante a sessão” ... No caderno Cidade – pág A4, com a manchete: “ CÂMARA FAZ CONSULTA ECUMÊNICA E AGUARDA POSIÇÃO DO BISPO”, traz extensa matéria com considerações a uma carta enviada pelo presidente Câmara – vereador João Manoel dos Santos (PTB), endereçada ao bispo Dom Fernando Mason e considerada ofensiva. A matéria traz um Box onde o especialista jurídico da UNIMEP – José Renato Martins, fala sobre a postura da Casa. Porém tudo que caminha para ser ruim, pode se tornar ainda pior, dias antes deste episódio, por ocasião de uma sessão da Casa, um servidor público presente – Sr. Regis Montero, foi retirado da Casa pela polícia, devido o mesmo ter se recusado a ficar em pé, quando da leitura da Bíblia. Nesta mesma edição, o Editorial com o título; “RESPEITO É FUNDAMENTAL”, fala destes impasses entre Igreja e Câmara. No dia 6 de dezembro, o Jornal de Piracicaba – edição 39084 – pág A7 veicula matéria com a seguinte manchete: “DIOCESE CRITICA ATITUDE DA CÂMARA DE VEREADORES”, onde em extensa matéria a assessoria de comunicação da Diocese, refuta o teor da carta enviada ao bispo, pois com relação à retirada dos símbolos sagrados da Casa, os pastores já haviam se posicionado .. “o Cristo na parede não ofende a ninguém e a leitura da Palavra de Deus não é privilégio de pastores e padres e deve, sim, ser acolhida em pé”. Também nesta matéria há um Box onde a Cúria diz que a Câmara, deve resolver a questão “criada e agitada por ela mesma”. Mas nem tudo é tristeza: fruto das ações da PASCA com as outras entidades, no dia 5 de dezembro, na sede da OAB-Piracicaba, foi lançado o Observatório Cidadão de Piracicaba. O assunto foi destaque na caderno Cidade – pág A4, com a manchete: “OBSERVATÓRIO CIDADÃO SERÁ LANÇADO HOJJE ÀS 19H30 NA OAB”, o jornal A Tribuna de Piracicaba, do dia 6 de dezembro – pág 6, fala do lançamento com a seguinte manchete: “OBSERVATÓRIO CIDADÃO QUER ATENDER PÚBLICO ABRANGENTE”, e na pág 4, traz um excelente artigo do Antonio Osvaldo Storel – presidente da PASCA e coordenador do CNLB da Diocese de Piracicaba, com o título: “OBSERVATÓRIO: UM MARCO NA CIDADANIA”. Também o jornal Gazeta de Piracicaba – edição 1941, de 6 de dezembro em sua manchete de capa diz: “OBSERVATÓRIO INCENTIVA A PARTICIPAÇÃO POPULAR” e em extensa matéria na pág 6, traz a manchete: “SITE JÁ ESTÁ NO AR”. Importante lembrar também a presença no lançamento do Observatório do coordenador da Pastoral Fé e Política da Diocese de Jundiaí – Claudio Nascimento e do jornalista Reinaldo Oliveira – da Comissão de Comunicação do CNLB-SUL 1, que falaram da ação atuante e orgânica da Pastoral Fé e Política da Diocese de Jundiaí, que tem desenvolvido ações de cidadania, com trabalho de acompanhamento das Câmaras Municipais de Jundiaí, Itupeva, Várzea Paulista, Itu e Salto. Avançando mais para a conscientização cidadã no dia 8 de dezembro ministrou formação para novos agentes da Pastoral Fé e Política na paróquia Jesus de Nazaré – Distrito do Jacaré – Cabreuva. E muitas outras ações já estão previstas para 2013. Em tudo isto cabe o questionamento: “O que devemos fazer?” .... pois se na sociedade lá fora a desigualdade é terrível, o que fazer quando o inimigo está bem do nosso lado – um declarado que já sabemos: parte do clero, bom não generalizar: não são todos, mas tem um tanto que não ajuda, só atrapalha. Bem como também encontra-se dificuldades gritantes nos próprios organismos leigos onde há uma ditadura das presidências/diretorias – onde só se pode fazer o que for do agrado e, também imposição errática até para a comunicação, onde a imprensa comercial, muitas vezes é mais acessível do que a própria imprensa das dioceses, dos informativos, dos sites e blogs. Enfim: “O que devemos fazer?” Como disse Dom Pedro Casaldáliga, continuar a luta  “Pelo reino de Deus, no coração do mundo” 

(*jornalista, membro da Comissão de Comunicação do CNLB-SUL 1 e editor do Portal Comunicação Popular.)