terça-feira, 18 de junho de 2013

“Civilização do amor” enunciada na Doutrina Social da Igreja

Marilia Amaral*

Falando ainda, sobre a construção da “civilização do amor”, enunciada na Doutrina Social da Igreja, o número 581 tem como tema: “O amor deve estar presente e penetrar todas as relações sociais”.
Nesse ponto, o Compêndio chama para os que têm o “dever de prover o bem dos povos”, a responsabilidade de alimentar e acender o dom da caridade. Aproveito para lembrar que tal dever não se limita nem ao Estado, nem à Igreja.
Porque não basta a Igreja desejar promover o bem comum, dentro de uma sociedade egoísta, fechada em si mesma. Da mesma forma, o Estado precisará do auxílio de todas as igrejas para que colaborem, levando as demandas do Povo de Deus, já que está mais perto deste e deveria ter mais condições de ouvi-lo.
Logo, as Igrejas irmãs, e todas as cristãs e não cristãs, também têm o dever de alimentar o dom da caridade, mas de forma séria e responsável. Elas devem ser chamadas a assumir o compromisso do amor ao próximo, pregado em todas as religiões.
É até incoerente ver escolas católicas formando jovens burgueses (e tão somente estes) para entrarem nas melhores universidades, enquanto o Estado não é capaz de oferecer uma Educação de qualidade, formando jovens que são incapazes, muitas vezes, de fazer uma conta de divisão.
Nestas situações, a Igreja forma pessoas para realimentarem esse Estado absolutista, orgulhoso e egoísta. Onde estaria o espírito daqueles missionários que vão à África, sem ter sequer um giz para alfabetizar aquelas crianças mais carentes?
O Compêndio da Doutrina Social da Igreja ainda lembra que “o desenvolvimento integral da pessoa e o crescimento social se condicionam reciprocamente”, isto é, um é condição necessária para que o outro possa acontecer também. Aqui, cria-se uma aliança com o assunto que comentamos na semana passada, da criatura à imagem de Deus.
Quanto mais humana for a mulher, quanto mais humano for o homem, mais ele se parecerá com o seu Criador. E pensando na onipotência divina, esse ser humano tem que ser um ser totalmente desenvolvido, em todo o seu potencial filosófico, sociológico, antropológico e religioso.
Quanto mais humano for o ser humano, mais longe ele estará de valorizar somente os bens materiais e mais perto estará de reconhecer outros valores, principalmente no seu próximo. Essa busca pelo poder material, segundo o Compêndio, “sufoca e impede” a capacidade do ser humano de se doar.
                           
*Membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo.
Programa exibido da Rádio 9 de julho em 10/06/13.

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