Marilia Amaral*
Falando
ainda, sobre a construção da “civilização do amor”, enunciada na Doutrina
Social da Igreja, o número 581 tem como tema: “O amor deve estar presente e
penetrar todas as relações sociais”.
Nesse
ponto, o Compêndio chama para os que têm o “dever de prover o bem dos povos”, a
responsabilidade de alimentar e acender o dom da caridade. Aproveito para
lembrar que tal dever não se limita nem ao Estado, nem à Igreja.
Porque
não basta a Igreja desejar promover o bem comum, dentro de uma sociedade
egoísta, fechada em si mesma. Da mesma forma, o Estado precisará do auxílio de
todas as igrejas para que colaborem, levando as demandas do Povo de Deus, já
que está mais perto deste e deveria ter mais condições de ouvi-lo.
Logo,
as Igrejas irmãs, e todas as cristãs e não cristãs, também têm o dever de
alimentar o dom da caridade, mas de forma séria e responsável. Elas devem ser
chamadas a assumir o compromisso do amor ao próximo, pregado em todas as
religiões.
É
até incoerente ver escolas católicas formando jovens burgueses (e tão somente
estes) para entrarem nas melhores universidades, enquanto o Estado não é capaz
de oferecer uma Educação de qualidade, formando jovens que são incapazes,
muitas vezes, de fazer uma conta de divisão.
Nestas
situações, a Igreja forma pessoas para realimentarem esse Estado absolutista,
orgulhoso e egoísta. Onde estaria o espírito daqueles missionários que vão à
África, sem ter sequer um giz para alfabetizar aquelas crianças mais carentes?
O
Compêndio da Doutrina Social da Igreja ainda lembra que “o desenvolvimento
integral da pessoa e o crescimento social se condicionam reciprocamente”, isto
é, um é condição necessária para que o outro possa acontecer também. Aqui,
cria-se uma aliança com o assunto que comentamos na semana passada, da criatura
à imagem de Deus.
Quanto
mais humana for a mulher, quanto mais humano for o homem, mais ele se parecerá
com o seu Criador. E pensando na onipotência divina, esse ser humano tem que
ser um ser totalmente desenvolvido, em todo o seu potencial filosófico,
sociológico, antropológico e religioso.
Quanto
mais humano for o ser humano, mais longe ele estará de valorizar somente os
bens materiais e mais perto estará de reconhecer outros valores, principalmente
no seu próximo. Essa busca pelo poder material, segundo o Compêndio, “sufoca e
impede” a capacidade do ser humano de se doar.
*Membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo.
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