terça-feira, 4 de junho de 2013

Caridade na Doutrina Social da Igreja



Marilia Amaral*

No Compêndio da Doutrina Social da Igreja, encontramos o tema: “Construir a ‘civilização do amor’”.
Acredito que essa construção esteja tão distante quanto estivermos de deixar Deus fazer Sua vontade, tanto na terra como no céu.
Porque para saber qual é a vontade de Deus, temos que ouvir o quê Cristo nos ensinou e para construir a civilização do amor, temos que viver como Cristo viveu. Buscar conhecer a vontade de Deus é colocar de lado nossa justiça e aceitarmos Sua misericórdia.
Não era por isso que os escribas e os fariseus viviam tentando Jesus? Como quando pegaram a mulher em adultério? Porque eles queriam que a vontade deles prevalecesse sobre a misericórdia de Deus.
Estamos vivendo uma situação de violência cruel. Muitos colegas têm escrito sobre a impossibilidade de pessoas de bem saírem de suas casas.
Mas esquecemos que talvez o principal motivo para que não possamos sair de nossas casas tenha sido a falta de vontade de sairmos de casa para comparecermos às audiências públicas, não só àquelas chamadas pelas autoridades, mas da própria população representar atos e omissões de autoridades municipais (que já vimos que é uma das competências das Comissões da Câmara Municipal).
Entendo e me solidarizo com a indignação da população nas tantas situações onde parece que a justiça não aconteceu.
Mas a raiz da injustiça está muito além das vítimas dos assassinatos. Hoje em dia se comemora aniversários de cachorros e de outros animais domésticos, sem que as pessoas que promovem tais eventos se importem, quanto mais se indignem, com tantas crianças que moram nas ruas em condições piores do que de animais. Chamam cachorros de filhos sem nunca terem pensado em dar um lar a uma criança que more em um orfanato.
Na sua carta, Centesimus Annus, o Papa João Paulo II escreve: “Finalidade imediata da doutrina social é a de propor os princípios e os valores que possam sustentar uma sociedade digna do homem.”
A sociedade deve ser digna do homem. Do homem que Jesus se encarnou e não do homem máquina de opressão, de ganância, de injustiça.
                           
*Membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo.

Programa exibido da Rádio 9 de julho em 27/05/2013.

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