Márcia
Castro*
Iniciamos
novo ano segundo a calendário gregoriano que foi promulgado pelo Papa Gregório
XIII e é adotado para demarcar o ano civil no mundo inteiro facilitando o
relacionamento entre as nações. O Ano Litúrgico iniciou-se antes com o Advento
e estamos nos aproximando do encerramento desse tempo de graça que é o tempo do Natal. No próximo domingo
celebramos a Epifania, neste Ano da Fé vamos refletir sobre essa festa.
Epifania
significa aparição, manifestação e vem do grego “epiphanéia”, significa para os cristãos a manifestação divina pela apresentação de
Jesus ao mundo. É a festa da universalidade da salvação oferecida como dom de
Deus a toda a humanidade. Os magos simbolizam as "nações" que vêm
para adorar o Senhor e fazem sua profissão de fé naquele que, por amor, assumiu
a nossa humanidade. Os presentes oferecidos afirmam simbolicamente a divindade,
a realeza e o sacerdócio do menino nascido em Belém. Celebrar a solenidade da
Epifania do Senhor exige de nós o engajamento próprio da fé. O presente a ser
oferecido Àquele que assumiu a nossa humanidade é a nossa própria vida, dom de
Deus. É este engajamento que nos faz sentir a "grande alegria"
anunciada aos pastores (Lc 2,10) e que os magos puderam experimentar (cf. Mt
2,10) (Carlos Alberto Contieri, sj).
O início de um novo ano nos leva a
fazer planos para um futuro melhor e dentro desse engajamento que nasce da fé
em favor da vida, quero conversar com você sobre um tempo de graça que a Igreja
no Brasil está vivendo, a 5a. Semana Social Brasileira que reflete sobre "O Estado que temos e o Estado que queremos".
Essa reflexão nos leva a planejar um país melhor e para isso se faz necessária
a participação da sociedade civil na democratização do Estado Brasileiro. O
objetivo é discutir e fortalecer o processo de
democratização do Estado, compreendendo melhor o estado que temos, explicitando
o Estado que queremos e criando meios de democratização do Estado brasileiro.
Ao ouvir esse termo Semana Social
você deve estar pensando que se trata de uma semana como estamos acostumados a
pensar, sete dias corridos, mas ao se falar de Semana Social o termo semana se
refere a um processo que se iniciou em 2011, percorreu 2012 e terá seu momento
maior em Setembro de 2013. Esse termo Semana Social foi proposto pelo Cardeal
D. Sebastião Leme do Rio de Janeiro em 1936, quando em 1931 o Papa Pio XI
publicou a Encíclica Quadragésimo Anno
aos 40 anos da Encíclica Rerum Novarum
do Papa Leão XIII, o primeiro documento da Igreja sobre a questão social - Como
que nós cristãos devemos colocar a nossa fé a serviço da sociedade, a serviço
dos pobres? Então o Cardeal convocou em 1936 a Semana de Ação Social para
ajudar os cristãos a ler e estudar o evangelho e ver as implicações do
Evangelho na vida da sociedade. As Semanas Sociais promoviam debates nas
escolas, igrejas, irmandades, empresários, enfim em todo espaço que podia.
Fruto dessas semanas nasceu o Cristo Redentor como símbolo do Brasil, os
crucifixos nos espaços religiosos, a dimensão social cristã da família, casamento
religioso e civil, Nossa Senhora Aparecida como Rainha e Padroeira do Brasil,
assim também nasceu o voluntariado, as santas casas de misericórdia e as escolas
católicas como frutos desses debates (Pe. Nelito Dornelas).
Isso influenciou a França que já
promoveu 100 semanas sociais e a Itália que promoveu 50 semanas sociais. Aqui no
Brasil, com o golpe militar de 1964 a 1985, ficamos proibidos de fazer esse
tipo de trabalho. Em 1991, aos 100 anos da Rerum
Novarum a CNBB resolveu promover, nessa nova etapa, a 1a. Semana Social que
discutiu o Mundo do trabalho, seus desafios e perspectivas, fruto de um rico processo de
mobilização popular nas décadas de 1970-80 (Pe. Nelito Dornelas)
Continuaremos conversando sobre as
semanas sociais e convido você a esse desafio de pensar quais são as implicações do
Evangelho de Jesus Cristo na vida da sociedade.
*Membro
da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo
Apresentado
no Programa Igreja em Notícia da
Rádio 9 de Julho em 04/01/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário