Caríssimos irmãos e irmãs,
Há pouco
celebramos o grande acontecimento do Natal do Senhor, que certamente encheu os
corações de grande paz e alegria! Nunca é suficiente contemplar e meditar este
Mistério: Deus que se assume nossa carne, faz-se um de nós, torna-se próximo e
companheiro nosso no caminhar da vida!
Li, há alguns
dias, algumas palavras do Papa Bento XVI, que me ajudaram muito a aprofundar
este acontecimento na oração: “Deus tornou-se tão próximo de nós, que Ele mesmo
é um homem: isto deve nos desconcertar e surpreender sempre! Ele está tão
próximo, que é um de nós. Conhece o ser humano, o “sabor” do ser humano;
conhece-o a partir de dentro, provou-o com as suas alegrias e os seus
sofrimentos. Como homem, está próximo de mim, perto, “ao alcance da voz” - tão
próximo que me ouve e que posso saber: Ele me ouve e me responde, mesmo se
talvez não é como eu imagino.
Sim, Ele entra
na nossa miséria, o faz com consciência e o faz para nos compenetrar, para nos
purificar e para nos renovar a fim de que, através de nós, a verdade esteja no
mundo e se realize a salvação. Peçamos perdão ao Senhor pela nossa indiferença,
pela nossa miséria que nos faz pensar unicamente em nós mesmos, pelo nosso
egoísmo que não procura a verdade, mas que segue o próprio hábito, e que talvez
com frequência apresente o Crisma só como um sistema de hábitos.” (Bento XVI, Homilia, 2 de setembro de 2012)
Para celebrar
o acontecimento do Nascimento do Salvador é preciso ter a capacidade de
surpreender-se, maravilhar-se, agradecer! Hoje, talvez isso esteja em desuso,
não é verdade? Nós nos habituamos às lembranças, ou então sufocamos a graça com
um emaranhado de artefatos: luzes, presentes, cartões; que torna-se difícil
desvendar na simplicidade e na pobreza da Manjedoura a revelação do
“Deus-conosco”, do Salvador do mundo!
São Bernardo
numa de suas Homilias para o dia do Natal diz: “Com que fim, irmãos, ou que
necessidade teve o Senhor da majestade de abater-se a este ponto, de
humilhar-se a esse ponto, de abreviar-se a esse ponto, senão para que vós o
façais igualmente? Já desde agora proclama com as obras o que depois há de
ensinar com as palavras: Aprendei de mim,
que sou manso e humilde de coração (Mt 11, 29), para que se veja que é
veraz Aquele de quem se diz: Começou
Jesus a fazer e ensinar (At 1,1). Portanto, peço-vos encarecidamente, meus
irmãos, que não permitais que vos tenha sido mostrado em vão modelo tão
precioso, mas vos conformeis com ele e vos renoveis no interior da vossa alma.
Aprofundai na
humildade, que é o fundamento e o guardião de todas as virtudes; abraçai-a,
porque só ela pode salvar as almas. Que há de mais indigno, de mais detestável
e que mereça maior castigo que, vendo Deus tão pequeno, continue o homem a
engrandecer-se a si mesmo sobre a terra? É uma intolerável desvergonha que um
verme se inche e se envaideça, quando a majestade de Deus se abate.” (S.
Bernardo, Homilia no dia de Natal).
À luz do
Natal, caminhamos agora para o início de um Novo Ano. No clima das festas
natalinas, nós iniciamos com esperança um Ano Novo. Desejamo-nos uns aos outros
que ele seja “Feliz!”; e estes votos assumem significados diferentes para cada
um de nós. Para alguns a felicidade no Ano novo limita-se a uma conta bancária
bastante confortável, para outros a superação de uma enfermidade, outros ainda
esperam o pagamento de uma dívida ou a reconciliação com algum amigo ofendido.
Tudo isso tem sua razão de ser. Mas, e para nós, cristãos, em que consiste a
felicidade?
Com certeza
felicidade para nós é mais do que um sentimento, e está longe da ilusão de uma
vida sem problemas. Para nós, a felicidade é um dom que vem de Deus, e ao mesmo
tempo uma tarefa que se impõe ao nosso esforço e nosso trabalho. Para nós
felicidade tem sentido de comunhão, união e amizade profundas com aqueles que
nos cercam, fazendo nossas suas alegrias, suas dores e esperanças. Felicidade é
sinônimo de amizade, fraternidade; mas também de fidelidade e docilidade à Deus
que no seu Filho Jesus nos revelou seu grande desejo de fazer-nos todos seus
filhos, e ao mesmo tempo irmãos.
É neste
espírito, que quero desejar-lhes a todos “Feliz Ano Novo!”, “Feliz 2013!” Que,
possamos neste ano avançar na vida de comunhão e ao mesmo tempo, na docilidade
ao que o Espírito do Senhor nos inspirar e conduzir, a fim de construirmos, com
o auxílio da graça de Deus, a Igreja querida por Ele!
Aproveito,
esta oportunidade para lembrá-los que neste ano, na Mensagem por ocasião do 46º
Dia Mundial da Paz, o Papa Bento XVI, trata do tema “Bem-aventurados os
obreiros da paz”. Falando, então, dos que promovem a paz, o Papa diz: “...os verdadeiros obreiros da paz são aqueles que amam,
defendem e promovem a vida humana em todas as suas dimensões: pessoal,
comunitária e transcendente. A vida em plenitude é o ápice da paz. Quem deseja
a paz não pode tolerar atentados e crimes contra a vida.”
Que neste
primeiro dia do ano, possamos fazer ressoar nosso apelo pela paz! Numa parte da
cidade tão marcada pela violência, que nos façamos promotores da paz e, sejamos
para aqueles que a promovem, estímulo e apoio constantes!
A todos a quem
chegarem estas palavras meu abraço e meus votos de um Abençoado e Feliz 2013!
Que Deus nos conceda a sua Paz!
Dom
Milton Kenan Júnior
Bispo
Auxiliar de S. Paulo
Vigário
Episcopal da Região Brasilândia
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