Caci Amaral*
As eleições vêm aí!
E, hoje vamos falar do semiárido brasileiro, região aonde as chuvas
são poucas e irregulares.
O semiárido espalha–se por municípios de Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas,
Pernambuco, Paraíba, Rio grande do Norte, Ceará, Piauí, Maranhão nos quais, 22 milhões de pessoas vivem o drama da pior seca dos últimos trinta anos. Quase que abandonados à
própria sorte, espalhados pela zona rural, a população enche as cisternas apenas quando chega o caminhão pipa.
Nesta luta pela sobrevivência, em plena campanha eleitoral, vereadores, prefeitos e
candidatos prometem obras e soluções,
usando o direito básico de acesso à água
potável e a água para a agricultura, como moeda de troca para obtenção de votos.
Atuando, há anos, na região, a Articulação do Semiárido Brasileiro, ASA, da qual a
Cáritas é uma das principais parceiras, denuncia que recursos federais destinados ao socorro da população são
manipulados nos municípios e obras e soluções para a seca são propostas
de forma eleitoreira.
Atenta a esta situação de compra de votos, a Articulação do Semiárido Brasileiro lançou a
campanha: Não troque seu voto por água. A
água é um direito seu. O folheto de divulgação da campanha denúncia: ... o processo de construção da convivência com
o Semiárido é longo e muito ainda precisa ser feito para libertar a sociedade
das mãos de corruptos que não estão comprometidos com uma política limpa e
cidadã. E conclama: Água é direito e
não favor! Denuncie o uso eleitoreiro da água para o Tribunal Regional
Eleitoral, para o Ministério Público e para a Ordem dos Advogados de seu estado.
Na cidade de São Paulo, notícia do jornal O Estado de S. Paulo, do dia
30 de julho, p.p., relata situação
explícita de compra e venda de votos. O eleitor
se aproxima do assessor de um candidato
a prefeito, aliás, bem colocado nas pesquisas, e oferece dez votos, a ser conseguido entre familiares, em troca de
carta de apresentação para uma bolsa de
estudos, em faculdade. A notícia ainda
dá a entender que o assessor aceitou a oferta.
Outro candidato a prefeito, segundo notícia do jornal Folha de S. Paulo, do dia 04
de agosto, p.p., conseguiu adesão à sua
candidatura de importante grupo da igreja evangélica. O pedido ao candidato,
da parte do representante da igreja é
que o mesmo, caso eleito, dê tratamento diferenciado na emissão de alvarás
de funcionamento para instalação das
igrejas.
Estas e outras situações que o ouvinte bem conhece, são exemplos que definem o contexto no qual se processam as eleições e
no qual cada eleitor é chamado a escolher seu candidato para a prefeitura e
para a Câmara Municipal. Pode–se afirmar que as
eleições acontecem num contexto de
disputa pela conquista do poder a qualquer custo, aplicando–se bem o ditado:
o fim justifica os meios. Há partidos, políticos
e candidatos que desrespeitam os
direitos fundamentais da população, não consideram suas necessidades básicas,
não tem o legítimo interesse pela construção do bem comum e suas ações não se
pautam pela ética.
É preciso, pois, que
a comunidade reflita sobre os diferentes
interesses que estão em jogo nestas eleições, a fim de que
todas e todos possam escolher,
com critério, seus candidatos.
É preciso escolher candidatos com uma história de luta
pelos direitos do povo, filiados a
partidos que já demonstraram seu compromisso com o combate à miséria, com o atendimento aos direitos básicos da população,
com a participação do cidadão nas decisões sobre a cidade e com a ética na
política.
Para colaborar com a
reflexão da comunidade, a Pastoral
Fé e Política faz sugestões de estudo:
· O estudo da história dos partidos políticos e de seus principais candidatos.
· A análise da atuação dos vereadores que compõem a atual Câmara Municipal.
· A análise dos resultados da Agenda 2012, conjunto de metas apresentadas pelo atual prefeito, metas que obrigatoriamente deveriam estar cumpridas até o final de 2012. Segundo a Rede Nossa São Paulo foram cumpridas apenas 32% destas metas até agora.
· O estudo das propostas apresentadas pelos candidatos à prefeitura, também encontrados no site da Rede Nossa São Paulo.
· A análise das propostas do projeto Cidades Sustentáveis, conjunto de indicadores, metas e experiências de cidades que conseguem favorecer e preservar uma ótima qualidade de vida para seus moradores.
· O estudo da história dos partidos políticos e de seus principais candidatos.
· A análise da atuação dos vereadores que compõem a atual Câmara Municipal.
· A análise dos resultados da Agenda 2012, conjunto de metas apresentadas pelo atual prefeito, metas que obrigatoriamente deveriam estar cumpridas até o final de 2012. Segundo a Rede Nossa São Paulo foram cumpridas apenas 32% destas metas até agora.
· O estudo das propostas apresentadas pelos candidatos à prefeitura, também encontrados no site da Rede Nossa São Paulo.
· A análise das propostas do projeto Cidades Sustentáveis, conjunto de indicadores, metas e experiências de cidades que conseguem favorecer e preservar uma ótima qualidade de vida para seus moradores.
O resultado das reflexões será transformado em comunicações para a paróquia, por meio de textos e frases afixados no mural da comunidade, pela distribuição de folhetos com pequenas
mensagens, em banners colocados em destaque dentro e fora da paróquia, em
textos colocados nos boletins e sites paroquiais.
Nesta semana, convocados por Dom Odilo, os bispos
auxiliares e os padres da Arquidiocese estão em Itaici,
para o estudo da Doutrina Social da
Igreja, conjunto de ensinamentos elaborado pela Igreja Católica a partir de seus documentos, sempre
fundamentada nas exigências éticas do Evangelho, tendo por objetivo orientar a atuação dos cristãos no mundo.
Certamente, a reflexão feita pelos presbíteros da
Arquidiocese os ajudará a enfatizar em suas paróquias a importância de formular
critérios para a escolha dos
candidatos na próxima eleição
municipal.
*Coordenadora da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo.
Programa exibido na Rádio 9 de julho – Programa: Igreja em notícia – 6ªfeira dia 10/08/12
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