Marilia Amaral*
No comentário de ontem falávamos sobre a participação da população nas audiências públicas e terminamos falando sobre a importância de colocarmos nossas necessidades em comunidade.
Hoje vamos ver o quê a Doutrina
Social da Igreja tem a nos dizer sobre o “bem comum”.
Lembrando, que a oração principal
deixada por Jesus foi o Pai-Nosso e nessa oração, tudo é comum: o Pai é nosso,
o reino é para vir a todos nós, o pão é nosso, o perdão é para todos, o compromisso
de perdoar também é de todos, o pedido de não cairmos em tentação é coletivo e
finalmente pedimos que todos estejamos livres do mal.
No número 61 do Compêndio da
Doutrina, encontramos a seguinte explicação: “Todo homem é um ser aberto à
relação com os outros na sociedade, além de ser único e irrepetível na sua
individualidade.
O com-viver social na rede de
relações que interliga indivíduos, famílias, grupos intermédios, em relações de
encontro, de comunicação e de reciprocidade, assegura ao viver uma qualidade
melhor.”
Nesse parecer percebemos que a
Igreja reconhece a individualidade do homem e da mulher, que cada ser humano é
único, mas é necessário até para uma vida melhor, de mais qualidade, que os
seres humanos se relacionem, seja na família ou em grupos.
Continuando a leitura do número
61 do Compêndio, temos: “O bem comum que eles buscam e conseguem, formando a
comunidade social, é garantia do bem pessoal, familiar e associativo”, isto é,
se vivenciarmos o bem comum, é garantido que gozaremos do bem pessoal, do bem
familiar, do bem associativo.
É como vimos ontem na presença
dos moradores da Vila Sônia na audiência pública: o bem comum para esses
moradores não é ter um terminal rodoviário e sim que 72 famílias não tenham
suas casas desapropriadas. Satisfazendo a necessidade dessas famílias os
moradores garantem seu próprio bem estar pessoal.
Finalizando o número 61 do
Compêndio temos:
“Por estas razões, se origina e
ganha forma a sociedade, com os seus componentes estruturais, ou seja,
políticos, econômicos, jurídicos, culturais. Ao homem ‘enquanto inserido na
complexa rede de relações das sociedades modernas’, a Igreja se dirige com a
sua doutrina social. ‘Perita em humanidade’, a Igreja é apta a compreendê-lo na
sua vocação e nas suas aspirações, nos seus limites e nos seus apuros, nos seus
direitos e nas suas tarefas, e a ter para ele uma palavra de vida que ressoe
nas vicissitudes históricas e sociais da existência humana”.
Aqui temos a promessa da Igreja
de compreender e amparar o ser humano em todo o seu contexto. Reafirmando a
individualidade do ser humano, a Igreja entende que cada homem e mulher tenham
vocações e aspirações que podem ser diferentes ou não, mas que devem ser
respeitadas.
Muitas pessoas, opressores na
maioria das vezes, não admitem a intervenção da Igreja no Estado, porque diz
que este é laico.
Mas a Igreja não pode ser omissa,
ela deve ser atuante; defender a vida e dar voz aos que não podem falar.
*Membro da Pastoral Fé e
Política da Arquidiocese de São Paulo.
Programa da Pastoral exibido na Rádio 9 de Julho em 04/12/2012.
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