sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O quê a Doutrina Social da Igreja tem a nos dizer sobre o “bem comum”






Marilia Amaral*



No comentário de ontem falávamos sobre a participação da população nas audiências públicas e terminamos falando sobre a importância de colocarmos nossas necessidades em comunidade.
Hoje vamos ver o quê a Doutrina Social da Igreja tem a nos dizer sobre o “bem comum”.
Lembrando, que a oração principal deixada por Jesus foi o Pai-Nosso e nessa oração, tudo é comum: o Pai é nosso, o reino é para vir a todos nós, o pão é nosso, o perdão é para todos, o compromisso de perdoar também é de todos, o pedido de não cairmos em tentação é coletivo e finalmente pedimos que todos estejamos livres do mal.
No número 61 do Compêndio da Doutrina, encontramos a seguinte explicação: “Todo homem é um ser aberto à relação com os outros na sociedade, além de ser único e irrepetível na sua individualidade.
O com-viver social na rede de relações que interliga indivíduos, famílias, grupos intermédios, em relações de encontro, de comunicação e de reciprocidade, assegura ao viver uma qualidade melhor.”
Nesse parecer percebemos que a Igreja reconhece a individualidade do homem e da mulher, que cada ser humano é único, mas é necessário até para uma vida melhor, de mais qualidade, que os seres humanos se relacionem, seja na família ou em grupos.
Continuando a leitura do número 61 do Compêndio, temos: “O bem comum que eles buscam e conseguem, formando a comunidade social, é garantia do bem pessoal, familiar e associativo”, isto é, se vivenciarmos o bem comum, é garantido que gozaremos do bem pessoal, do bem familiar, do bem associativo.
É como vimos ontem na presença dos moradores da Vila Sônia na audiência pública: o bem comum para esses moradores não é ter um terminal rodoviário e sim que 72 famílias não tenham suas casas desapropriadas. Satisfazendo a necessidade dessas famílias os moradores garantem seu próprio bem estar pessoal.
Finalizando o número 61 do Compêndio temos:
“Por estas razões, se origina e ganha forma a sociedade, com os seus componentes estruturais, ou seja, políticos, econômicos, jurídicos, culturais. Ao homem ‘enquanto inserido na complexa rede de relações das sociedades modernas’, a Igreja se dirige com a sua doutrina social. ‘Perita em humanidade’, a Igreja é apta a compreendê-lo na sua vocação e nas suas aspirações, nos seus limites e nos seus apuros, nos seus direitos e nas suas tarefas, e a ter para ele uma palavra de vida que ressoe nas vicissitudes históricas e sociais da existência humana”.
Aqui temos a promessa da Igreja de compreender e amparar o ser humano em todo o seu contexto. Reafirmando a individualidade do ser humano, a Igreja entende que cada homem e mulher tenham vocações e aspirações que podem ser diferentes ou não, mas que devem ser respeitadas.
Muitas pessoas, opressores na maioria das vezes, não admitem a intervenção da Igreja no Estado, porque diz que este é laico.
Mas a Igreja não pode ser omissa, ela deve ser atuante; defender a vida e dar voz aos que não podem falar.

*Membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo.
Programa da Pastoral exibido na Rádio 9 de Julho em 04/12/2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário