Márcia
Castro*
No Ano da Fé, a Pastoral Fé e
Política da Arquidiocese de São Paulo quer refletir com você a Carta Pastoral
de Dom Odilo Scherer: Senhor, aumentai a nossa fé! O Cardeal nos
pergunta "Não será verdade que o mundo, ao nosso redor, ou até mesmo
dentro de nossa casa e na Comunidade da Igreja, tem fome e sede de ouvir a
Palavra de Deus?
O alimento da fé é a Palavra de
Deus, anunciada e acolhida com coração aberto. A catequese está a serviço do
crescimento e do amadurecimento da fé e da vida cristã. A catequese de
iniciação à vida cristã acontece normalmente na infância e na adolescência; mas
precisa acontecer também na vida adulta, acompanha a vida inteira do cristão.
Nesse Ano da fé somos chamados pelo Papa Bento XVI a conhecer melhor o
Catecismo da Igreja Católica, um livro precioso, que todas as famílias deveriam
ter em casa, junto com a Bíblia.
Iniciamos novo Ano Litúrgico, o Ano
C, e refletiremos o Evangelho de Lucas. O ano inicia no tempo do Advento, um tempo
sagrado que segundo o Catecismo da
Igreja Católica a Igreja atualiza a espera do Messias ao celebrar a cada ano a
liturgia do Advento, comungando com a primeira vinda do Salvador e o ardente
desejo de sua Segunda Vinda (CIC 524).
Vou refletir com você a espiritualidade do advento a partir dos escritos
do teólogo José Lisboa Moreira de Oliveira que nos diz que não se trata da
comemoração de um acontecimento do passado, mas a sua reatualização. O cristão
se conecta à Cristo tornando-se ramos verdes da grande videira que é Jesus (Jo
15,1-6). O objetivo de tudo isso é robustecer a fé, a esperança e a caridade. O
tempo do Advento, período de quatro semanas que antecede o Natal, procura
nos ajudar a refletir sobre a esperança, uma das características
fundamentais do cristianismo.
A
esperança brota da certeza de que o Reinado de Deus já está acontecendo no meio
da humanidade. Apesar das nossas fragilidades, da violência e da injustiça,
Deus Trindade vai conduzindo a história humana na direção daquela Plenitude que
ele mesmo sonhou para todo o universo, e que se encontra no seu Filho Jesus (Cl
1,19-20). É a esperança que alimenta a nossa existência e nos faz, como Abraão,
"esperar contra toda esperança” (Rm 4,18). A esperança nos impulsiona a seguir,
mesmo quando tudo parece desmoronar e
não ter mais sentido. A esperança não é apenas uma "virtude cristã”, mas dimensão
essencial da existência cristã, graça que já nos foi dada por Cristo. Não é
preciso mais conquistá-la. Ela já está dentro de nós. Basta perseverarmos nela:
"Na esperança, nós já fomos salvos” e "é na perseverança que
aguardamos o fruto que dela virá” (Rm 8,24-25).
Infelizmente
boa parte do povo cristão ainda vive na desesperança. Sinal evidente disto é a
corrida desesperada por milagres e curas e consumo de "kits de salvação”
(medalhas, santinhos, frascos de água benta e de óleos etc.). Esta falta de
esperança leva ao descompromisso e à indiferença. Leva ao individualismo
religioso: cada um querendo se salvar sozinho e para se salvar sozinho quer
sempre levar vantagem sobre os outros. O máximo que fazemos são alguns atos
assistencialistas, como distribuição de comidas, roupas e cobertores em
determinadas ocasiões. Mas, nos recusamos a exercer a cidadania e a participar
ativamente da vida social, como nos pediu o Concílio Vaticano II. E sem este
tipo de participação e de engajamento não há como mudar os destinos do mundo.
É
verdade que o Reinado de Deus já está acontecendo, mas o Pai quer que, pela
esperança ativa, apressemos a sua chegada e a sua plena realização (2Pd 3,12). A
humanidade tem o direito de receber dos cristãos um testemunho concreto de
esperança (1Pd 3,15). Este testemunho concreto não acontece por meio de
palavrórios, de rezarias e de esmolinhas, mas da participação ativa em projetos
de justiça e de solidariedade. De fato, como nos ensina Tiago, a fé sem ações
concretas é um cadáver (Tg 2,26).
Somos,
pois, convidados a viver o tempo do Advento como tempo de esperança. Esperança
não concorda com tristeza, mesmo quando as coisas parecem caminhar para o
precipício. Esperança envolve alegria (1Ts 2,19-20)! Precisamos devolver a
alegria ao tempo do Advento: "Fiquem sempre alegres no Senhor! Que a
alegria de vocês seja notada por todos. O Senhor está próximo. Não se inquietem
com nada” (Fl 4,4-6).
*Membro
da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo
Exibido no Programa Igreja em Notícias da Rádio 9 de Julho em 07/12/12
Exibido no Programa Igreja em Notícias da Rádio 9 de Julho em 07/12/12
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