
Ao se aproximar a desintrusão da
Terra Indígena Marãiwatsèdè, após mais de 20 anos de invasão, quando os não
indígenas estão para ser retirados desta área, multiplicam-se as manifestações
de fazendeiros, políticos e dos próprios meios de comunicação contra a ação da
justiça.
Neste momento de desespero, uma
das pessoas mais visadas pelos invasores e pelos que os defendem é Dom Pedro
Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, a quem estão querendo,
irresponsável e inescrupulosamente, imputar a responsabilidade pela demarcação
da área Xavante nas terras do Posto da Mata.
As entidades que assinam esta
nota querem externar sua mais irrestrita solidariedade a Dom Pedro. Desde o
momento em que pisou este chão do Araguaia e mais precisamente, desde a hora em
que foi sagrado bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, sua ação sempre se
pautou na defesa dos interesses dos mais pobres, os povos indígenas, os
posseiros e os peões. Todos sabem que Dom Pedro e a Prelazia sempre deram apoio
a todas as ocupações de terra pelos posseiros e sem terra e como estas
ocupações foram o suporte que possibilitou a criação da maior parte dos
municípios da região.
Em relação à terra indígena
Marãiwatsèdè, dos Xavante, os primeiros moradores da região nas décadas de
1930, 40 e 50 são testemunhas da presença dos indígenas na região e como eles
perambulavam por toda ela. Foi com a
chegada das empresas agropecuárias, na década de 1960, com apoio do governo
militar, que a Suiá Missu se estabeleceu nas proximidades de uma das aldeias
e até mesmo conseguiu o apoio do Serviço
de Proteção ao Indio para se ver livre
da presença dos indígenas. A imprensa nacional noticiou a retirada de
289 xavante da região os quais foram transportados em aviões da FAB, em 1966,
para a aldeia de São Marcos, no município de Barra do Garças.

A área reservada aos Xavante foi
toda ocupada por fazendeiros, políticos e comerciantes. Muitos pequenos foram
incentivados e apoiados a ocupar algumas pequenas áreas para dar cobertura aos
grandes. O governo da República, porém estava agindo e logo, em 1993, declarou a área como Terra Indígena
que foi demarcada e, em 1998 homologada pelo presidente FHC. Só agora é que a justiça está reconhecendo de
maneira definitiva o direito maior dos índios.
O que D. Pedro sempre pediu, em relação a esta terra, foi que os
pequenos que entraram enganados, fossem assentados em outras terras da Reformas
Agrária. Mas o que se vê é que, ontem como hoje, os pequenos continuam sendo
massa de manobra nas mãos dos grandes e dos políticos na tentativa de não se
garantir aos povos indígenas um direito que lhes é reconhecido pela
Constituição Brasileira.
Mais uma vez, queremos manifestar
nossa solidariedade a Dom Pedro e denunciar mais esta mentira de parte daqueles
que tentam eximir-se da sua responsabilidade sobre a situação de sofrimento,
tensão e ameaça de violência que eles mesmos criaram, jogando esta
responsabilidade sobre os ombros de nosso bispo emérito.
5 de dezembro de 2012
Conselho Indigenista
Missionário – CIMI - Brasilia
Comissão Pastoral da
Terra – CPT - Goiânia
Escritório de
Direitos Humanos da Prelazia de São Félix do Araguaia – São Félix do Araguaia
Associação de
Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção – ANSA – São Félix do
Araguaia
Instituto Humana Raça
Fêmina – Inhurafe – São Félix do Araguaia
Associação Terra Viva
– Porto Alegre do Norte
Associação Alvorada –
Vila Rica
Associação de
Artesanato Arte Nossa – São Félix do Araguaia
Grupo de Pesquisa
Movimentos Sociais e Educação - GPMSE - Cuiabá
Associação Brasileira
de Homeopatia Popular – ABHP - Cuiabá
Fórum de Direitos Humanos e da Terra de
Mato Grosso - FDHT - Cuiabá
Centro Burnier Fé e Justiça – CBFJ - Cuiabá
Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e
Desenvolvimento – FORMAD - Cuiabá
Instituto Caracol – ICARACOL - Cuiabá
Rede de Educação Ambiental de Mato Grosso –
REMTEA - Cuiabá
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