* Reinaldo Oliveira
Esta interrogação contida no versículo do
Evangelho (Lc 3,10-11) de domingo, dia 16 de dezembro, reflete alguns dos
atuais momentos, onde os leigos motivados pela Palavra, tentam ser
protagonistas através da evangelização. E conseguem! Embora às duras penas. Por
este motivo é importante compartilhar algumas experiências. A Pastoral Serviço
e Caridade (PASCA), da Diocese de Piracicaba, tem sentido bem o que significa
ir à luta para incentivar o exercício das três dimensões sócio-transformadoras:
a assistencial, a da promoção humana e a libertadora. Neste sentido em 2011
participou junto com outras entidades da 1ª CONSOCIAL. Em 9 de dezembro de
2011, das 9h as 13h, o mesmo grupo de entidades participou de uma manifestação
em comemoração ao “Dia do Basta a Corrupção”. Em 2 de junho de 2012, no
trabalho conjunto com as demais entidades, numa reunião foi discutido o aumento
exagerado no subsídio dos vereadores, dali surgindo a ideia de um movimento
contrário que foi denominado REAJA PIRACICABA. Nominado o movimento, no dia 1º
de agosto de 2012, dia do aniversário de Piracicaba, pela primeira vez
realizaram um manifesto em frente à Câmara Municipal. Deste manifesto surgiu a ideia de um Projeto de Iniciativa Popular, onde a PASCA faria a coleta de
assinaturas nas paróquias, com pleno conhecimento do coordenador diocesano da
Pastoral – pe. Cido. E a iniciativa da coleta de assinaturas foi muito boa,
gerando enorme repercussão na cidade e despertando interesse jornalístico da
EPTV que dedicou bom espaço em seu telejornal na divulgação desta ação. Também
recebeu apoio de outras cidades – como de Jundiaí, que no mês de março de 2012
numa ação conjunta da Pastoral Fé e Política e outras entidades da sociedade
civil, conseguiram sustar o aumento de 63% pleiteado pelos vereadores de
Jundiaí. Também tomou conhecimento da suspensão do aumento de 126% pleiteado
pelos vereadores de Campinas, no mês de julho. Como toda ação tem uma reação; a
Câmara Municipal de Piracicaba, em retaliação ao movimento ameaçou acabar com
dois feriados religiosos da cidade: o do dia de Santo Antonio e a festa da Imaculada
Conceição. E não parou só nestas ameaças, detonou o assunto na mídia
piracicabana com forte ataque à Igreja. Por exemplo: no dia 5 de dezembro o
Jornal de Piracicaba – edição 39083, na capa traz a manchete: “LEITURA DA BÍBLIA MOTIVA CONSULTA ECUMÊNICA”, onde em certo ponto diz: ... “A Casa já se
reuniu com os pastores evangélicos e aguarda apontamento da Diocese sobre a
retirada de símbolos religiosos do plenário, no caso o crucifixo e a leitura da
Bíblia durante a sessão” ... No caderno Cidade – pág A4, com a manchete:
“ CÂMARA FAZ CONSULTA ECUMÊNICA E AGUARDA POSIÇÃO DO BISPO”, traz extensa
matéria com considerações a uma carta enviada pelo presidente Câmara – vereador
João Manoel dos Santos (PTB), endereçada ao bispo Dom Fernando Mason e
considerada ofensiva. A matéria traz um Box onde o especialista jurídico da
UNIMEP – José Renato Martins, fala sobre a postura da Casa. Porém tudo que
caminha para ser ruim, pode se tornar ainda pior, dias antes deste episódio,
por ocasião de uma sessão da Casa, um servidor público presente – Sr. Regis Montero,
foi retirado da Casa pela polícia, devido o mesmo ter se recusado a ficar em
pé, quando da leitura da Bíblia. Nesta mesma edição, o Editorial com o título;
“RESPEITO É FUNDAMENTAL”, fala destes impasses entre Igreja e Câmara. No dia 6
de dezembro, o Jornal de Piracicaba – edição 39084 – pág A7 veicula matéria com
a seguinte manchete: “DIOCESE CRITICA ATITUDE DA CÂMARA DE VEREADORES”, onde em
extensa matéria a assessoria de comunicação da Diocese, refuta o teor da carta
enviada ao bispo, pois com relação à retirada dos símbolos sagrados da Casa, os
pastores já haviam se posicionado .. “o Cristo na parede não ofende a ninguém e
a leitura da Palavra de Deus não é privilégio de pastores e padres e deve, sim,
ser acolhida em pé”. Também nesta matéria há um Box onde a Cúria diz que a
Câmara, deve resolver a questão “criada e agitada por ela mesma”. Mas nem tudo
é tristeza: fruto das ações da PASCA com as outras entidades, no dia 5 de
dezembro, na sede da OAB-Piracicaba, foi lançado o Observatório Cidadão de
Piracicaba. O assunto foi destaque na caderno Cidade – pág A4, com a manchete:
“OBSERVATÓRIO CIDADÃO SERÁ LANÇADO HOJJE ÀS 19H30 NA OAB”, o jornal A Tribuna
de Piracicaba, do dia 6 de dezembro – pág 6, fala do lançamento com a seguinte
manchete: “OBSERVATÓRIO CIDADÃO QUER ATENDER PÚBLICO ABRANGENTE”, e na pág 4,
traz um excelente artigo do Antonio Osvaldo Storel – presidente da PASCA e
coordenador do CNLB da Diocese de Piracicaba, com o título: “OBSERVATÓRIO: UM
MARCO NA CIDADANIA”. Também o jornal Gazeta de Piracicaba – edição 1941, de 6
de dezembro em sua manchete de capa diz: “OBSERVATÓRIO INCENTIVA A PARTICIPAÇÃO
POPULAR” e em extensa matéria na pág 6, traz a manchete: “SITE JÁ ESTÁ NO AR”.
Importante lembrar também a presença no lançamento do Observatório do
coordenador da Pastoral Fé e Política da Diocese de Jundiaí – Claudio
Nascimento e do jornalista Reinaldo Oliveira – da Comissão de Comunicação do
CNLB-SUL 1, que falaram da ação atuante e orgânica da Pastoral Fé e Política da
Diocese de Jundiaí, que tem desenvolvido ações de cidadania, com trabalho de
acompanhamento das Câmaras Municipais de Jundiaí, Itupeva, Várzea Paulista, Itu
e Salto. Avançando mais para a conscientização cidadã no dia 8 de dezembro
ministrou formação para novos agentes da Pastoral Fé e Política na paróquia
Jesus de Nazaré – Distrito do Jacaré – Cabreuva. E muitas outras ações já estão
previstas para 2013. Em tudo isto cabe o questionamento: “O que devemos fazer?”
.... pois se na sociedade lá fora a desigualdade é terrível, o que fazer quando
o inimigo está bem do nosso lado – um declarado que já sabemos: parte do clero,
bom não generalizar: não são todos, mas tem um tanto que não ajuda, só atrapalha.
Bem como também encontra-se dificuldades gritantes nos próprios organismos
leigos onde há uma ditadura das presidências/diretorias – onde só se pode fazer
o que for do agrado e, também imposição errática até para a comunicação, onde a
imprensa comercial, muitas vezes é mais acessível do que a própria imprensa das
dioceses, dos informativos, dos sites e blogs. Enfim: “O que devemos fazer?”
Como disse Dom
Pedro Casaldáliga, continuar a luta “Pelo reino de Deus, no coração do mundo”
(*jornalista, membro da Comissão de Comunicação do CNLB-SUL 1 e editor do Portal
Comunicação Popular.)
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