sexta-feira, 15 de março de 2013

O jovem Francisco


Márcia Castro*

No ano da fé e dedicado à juventude um papa faz algo extremamente novo, reconhece os seus limites e renuncia ao pontificado. Dá-se o conclave e no segundo dia temos o Cardeal Jorge Mario Bergoglio eleito Papa. Ele anuncia a novidade na escolha do seu nome: Francisco, o que nos leva a pensar que fará um pontificado novo. É o primeiro papa latino americano, primeiro argentino e primeiro jesuíta.
A condução do Espírito Santo não coube em nenhuma das especulações que se colocava, mas Deus já havia escolhido e com a graça de Deus os cardeais tiveram o santo discernimento.
No nosso primeiro encontro com ele, mostrou a sua vocação de pastor ao pedir que rezemos por ele. O pastor é do povo de Deus e quer ser conduzido com as orações do povo e sob a proteção de Nossa Senhora. De forma muito carinhosa ele se dirigiu ao povo de Roma como seu bispo e agradeceu a acolhida.
Vale lembrar quem foi São Francisco. Nasceu em Assis, na Itália, no ano de 1182. Seu pai era um rico comerciante de tecidos, vestia as melhores roupas e promovia festas.
Devido às desigualdades sociais ocorreu uma revolta do povo contra os nobres da cidade de Assis. Francisco, assim como muitos jovens tomaram partido na causa social do povo. Perugia, uma cidade vizinha, mandou um exercito bem preparado para defender os nobres. Na luta sangrenta, Francisco foi preso e permaneceu no cárcere por um ano.
Voltou à Assis doente e enfraquecido. A igreja buscava voluntários para as lutas em defesa dos territórios. Francisco se inscreveu e na primeira noite, novamente doente, ouviu a Deus que lhe perguntou - "Francisco, a quem deves servir, ao Senhor ou ao servo?" "Ao Senhor" respondeu Francisco! "Então, por que trocas o Senhor pelo Servo?" Francisco, compreendeu que deveria servir a Deus, abandonou o seu ideal de cavaleiro e retornou a Assis.
Passava muitas horas sozinho, e quando encontrava um necessitado, doava o que dispunha no momento. Foi se habituando à oração. Encontrou-se no caminho com um leproso, e diante do horror das feridas e do odor, pensou em fugir. Movido por um grande amor, voltou-se para o leproso, reconheceu nele um irmão, o abraçou e beijou.
Em oração na Igreja de São Damião - uma capelinha quase destruída - olhando o crucifixo e examinando as paredes caídas ao redor, compreendeu o pedido de Deus. "Francisco, reconstrói a minha Igreja!"
Para empreender o projeto de reconstruir a Igreja, Francisco retirou recursos do pai. Este  abriu um processo perante o Bispo para deserdá-lo. Diante das acusações do pai, na frente do Bispo, e de todos, Francisco tirou as próprias vestes, e nu, as devolveu ao pai dizendo - "Daqui em diante tenho somente um pai, o pai nosso do céu! "
Depois que reconstruiu a Igreja de São Damião, restaurou também uma capela próxima de Assis e a Igreja de Santa Maria dos Anjos, conhecida como porciúncula (que significa pequena porção de terra). Nesta, Francisco decidiu permanecer.
Com o tempo compreendeu que deveria reconstruir a Igreja dos fieis e não somente as Igrejas de pedra. Durante uma missa, na leitura do Evangelho, ouve e compreende que os discípulos de Jesus não devem possuir ouro, nem prata, nem duas túnicas, nem sandálias... que devem pregar a Paz e a conversão.
Passou a falar do Evangelho nos lugares públicos, falava e agia com tamanha fé, que o povo que antes zombava, passou a ouvir com respeito e admiração. E assim cativou irmãos de conversão. Quando o grupo chegou a 12 irmãos, Francisco decidiu ir até Roma e pedir ao Papa Inocêncio III autorização para viverem a forma mais pura do Evangelho. O papa deu permissão e também autorizou que eles pudessem pregar. Durante a visita, o Papa reconheceu em Francisco, o homem que em seu sonho segurava a Igreja como uma coluna.
Indo de 2 a 2 a lugares distantes e pagãos; eram alegres, pacíficos e amigos dos pobres e de toda a natureza. (http://www.portalsaofrancisco.com.br).

Quero concluir rezando, com você, a Oração de São Francisco.

“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor,
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão,
Onde houver discórdia, que eu leve a união,
Onde houver dúvida, que eu leve a fé,
Onde houver erro, que eu leve a verdade,
Onde houver desespero, que eu leve a esperança,
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria,
Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, fazei que eu procure mais
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido,
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado
e é morrendo que se nasce para a vida eterna”.

*Membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo.
Programa exibido na Rádio 9 de Julho em 15/03/2013.

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