sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Inclusão digital e juventude


Márcia Castro*

A Campanha da Fraternidade deste ano deseja mobilizar a Igreja e os diversos segmentos da sociedade, a se solidarizarem com os jovens. Mas o que é ser solidário com os jovens? Eles não querem que sejam dadas as instruções do que fazer ou de como fazer. Muito menos eles querem que nós o convidemos apenas para se fazer presentes na CF. Eles querem mais, querem participar, ser ouvidos e querem nos ouvir. Querem partilhar conosco suas alegrias e também aquilo que os tem angustiado.

Vamos abrir espaço ao diálogo! Na juventude temos todas as faces da sociedade: os pobres, os negros, os excluídos do sistema de educação, os dependentes químicos, aqueles que não tem terra, os deficientes e assim por diante. Pela sua pouca idade e pouca experiência, eles tem muita dificuldade de acesso ao primeiro emprego.   

Esta campanha nos chama a todos, não apenas aos jovens a promover ações em vista da juventude. Isso começa em casa, com atenção e espaço para os jovens da nossa família. Mas se os jovens da nossa família estão bem, como estão os jovens da nossa comunidade? Quero chamar a atenção para o fato de que dar apoio é fazer com eles, fazer junto, somar nossa experiência com a experiência deles em vista do bem maior, para todos. Vamos oferecer espaços para que compreendam sua força de transformação e comunicação. Sua facilidade de utilizar as redes sociais e fazer isso com a ética cristã na busca por uma sociedade que proporcione vida em plenitude.

Hoje a participação envolve a interação pelos meios digitais, então é preciso aumentar o acesso dos jovens ao seu próprio computador e à internet. Precisamos garantir o direito de acesso à tecnologia moderna. O número de excluídos digitais é alarmante! Mas o que é quer dizer excluído digital? São os milhões (entre estes os jovens) que nunca tiveram contato com o computador e com a internet.

Dados da Fundação Getúlio Vargas apontam que 75% da população que possui computador e acesso à internet vive nos Estados mais ricos e no Distrito Federal, porém entre os mais pobres esse número cai para uma média de 2%. Nas estatísticas entram ainda aqueles que acessam a internet a partir de lan houses, aqueles estabelecimentos que permitem o uso do computador e da rede através do pagamento de uma taxa por hora. Uma grande parte dos jovens não tem condições para este uso e portanto encontram-se na Exclusão digital. Estão excluídos do direito de uso da internet e isso está ligado à classe econômica. Na classe A 90% dos domicílios tem acesso à internet; na classe B, 65%; na classe C, 24%; nas classes D e E, apenas 3%. A % de domicílios com acesso à internet na área urbana é 31%, mas na rural, somente 6%. São necessárias políticas públicas e de iniciativa privada para mudar essa realidade. 

Aqui na cidade de São Paulo temos os telecentros que devem ser instalados em áreas de exclusão social da cidade, notadamente na periferia, de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município (segundo dados do Mapa da Exclusão/Inclusão Social, elaborado em 2000 pela PUC/SP, Instituto Pólis e Inpe) segundo informações da Prefeitura. Tem cerca de 20 computadores em cada telecentro que devem funcionar com 75% deles dedicados à formação da população, ministrando cursos e oficinas de informática e os outros 25% reservados para o uso livre dos cidadãos.

O Plano de Inclusão Digital da Prefeitura de São Paulo tem um espaço aberto para a participação popular. São os Conselhos Gestores compostos por representantes da população local que colaboram de maneira direta e presente no processo de administração e gerenciamento das atividades de um Telecentro. Junte-se a juventude da sua região e faça o levantamento se há telecentro no bairro, quantos computadores estão disponíveis à população, se tem Conselho Gestor, quando se reúne, quais são as dificuldades e possíveis soluções. Testemunhe Jesus Cristo e colabore para que a cidade de São Paulo seja cada vez mais inclusiva.

*Membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo.

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