terça-feira, 21 de maio de 2013

Princípio fundamental da ordem democrática - autonomia dos grupos sociais


Marilia Amaral*

Estudando mais um princípio fundamental da ordem democrática, abordado pelo Pe. Adolfo Pereira, temos a "autonomia dos grupos sociais".
Se um dos princípios fundamentais é o pluralismo ideológico e social, nada mais lógico do que a existência de diversos grupos sociais para expressar esse pluralismo. Pe. Adolfo ainda completa "e melhorem a democracia". Aqui eu volto na mesma conversa de sempre, devemos unir forças. Para melhorar a democracia devemos colocar o fim, que é o bem-comum, acima das nossas vontades. Porque, do contrário, essa existência de vários grupos passa a ser desacreditada pela sociedade.
Vou dar um exemplo.
Fazendo uma busca rápida, na Internet, por ONGs (Organizações Não Governamentais) e meio ambiente, aparecem cerca de 70 links.
Uma pessoa que deseja se engajar em uma atividade voluntária pode procurar link por link para saber em qual delas poderia participar. Da mesma forma, uma pessoa que deseja criar uma ONG sobre meio ambiente, deveria fazer primeiramente um levantamento de todas as ONGs que já existem sobre meio ambiente, conhecer seus estatutos, seus membros, saber se são pessoas idôneas. Dessa forma, somente em caso de não encontrar nada semelhante ao que pretende, tal pessoa poderia iniciar a criação da sua própria ONG.
Se o interesse dessa pessoa for defender o meio-ambiente, ela dever buscar unir forças e não dividi-las, que será o que acontecerá na hora de buscar apoio financeiro.
É só a gente imaginar, duas pastorais fazendo dois bingos na mesma data em prol da reforma da Igreja. Vão ser duas lutas, dois esforços em vão. Porque terão que arrecadar, quando não, comprar prendas, disponibilizar pessoas para trabalharem nos bingos, fora o público que irá participar é o mesmo. Tudo isso para a que arrecadar uma ninharia a mais se exibir para o padre...
Igualmente acontece os movimentos, organizações e pastorais. Obviamente que precisamos de opiniões divergentes de pessoas diferentes, com pontos de vista diferentes fazendo o mesmo trabalho: desde que o bem-comum prevaleça, para a vitória da democracia.
Importante lembrar das comunidades territoriais, que também estão citadas no Caderno 2 da CNBB, Temas da Doutrina Social da Igreja: comunidades que estão dentro de um "Estado, sobretudo quando possuem identidade étnica, linguística, cultural ou histórica".
Como não falar também do dia do Índio que comemoramos na última sexta-feira. As escolas muitas vezes, senão a maioria, pintam os rostos das crianças, colocam cocares em suas cabeças e é assim que o Brasil ensina as crianças sobre os índios.
As minorias étnicas, as minorias culturais devem ter voz, devem ser ouvidas porque fazem parte dessa diversidade social, desse pluralismo.
                           
*Membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo.
Programa exibido da Rádio 9 de julho em 23/04/2013.

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