Marilia Amaral*
Estudando mais um princípio fundamental da ordem
democrática, abordado pelo Pe. Adolfo Pereira, temos a "autonomia dos
grupos sociais".
Se um dos princípios fundamentais é o pluralismo ideológico
e social, nada mais lógico do que a existência de diversos grupos sociais para
expressar esse pluralismo. Pe. Adolfo ainda completa "e melhorem a
democracia". Aqui eu volto na mesma conversa de sempre, devemos unir
forças. Para melhorar a democracia devemos colocar o fim, que é o bem-comum, acima das nossas vontades. Porque, do contrário, essa existência de vários
grupos passa a ser desacreditada pela sociedade.
Vou dar um exemplo.
Fazendo uma busca rápida, na Internet, por ONGs
(Organizações Não Governamentais) e meio ambiente, aparecem cerca de 70 links.
Uma pessoa que deseja se engajar em uma atividade voluntária
pode procurar link por link para saber em qual delas poderia participar. Da
mesma forma, uma pessoa que deseja criar uma ONG sobre meio ambiente, deveria
fazer primeiramente um levantamento de todas as ONGs que já existem sobre meio
ambiente, conhecer seus estatutos, seus membros, saber se são pessoas idôneas.
Dessa forma, somente em caso de não encontrar nada semelhante ao que pretende,
tal pessoa poderia iniciar a criação da sua própria ONG.
Se o interesse dessa pessoa for defender o meio-ambiente,
ela dever buscar unir forças e não dividi-las, que será o que acontecerá na
hora de buscar apoio financeiro.
É só a gente imaginar, duas pastorais fazendo dois bingos na
mesma data em prol da reforma da Igreja. Vão ser duas lutas, dois esforços em
vão. Porque terão que arrecadar, quando não, comprar prendas, disponibilizar
pessoas para trabalharem nos bingos, fora o público que irá participar é o
mesmo. Tudo isso para a que arrecadar uma ninharia a mais se exibir para o
padre...
Igualmente acontece os movimentos, organizações e pastorais.
Obviamente que precisamos de opiniões divergentes de pessoas diferentes, com
pontos de vista diferentes fazendo o mesmo trabalho: desde que o bem-comum
prevaleça, para a vitória da democracia.
Importante lembrar das comunidades territoriais, que também
estão citadas no Caderno 2 da CNBB, Temas da Doutrina Social da Igreja:
comunidades que estão dentro de um "Estado, sobretudo quando possuem
identidade étnica, linguística, cultural ou histórica".
Como não falar também do dia do Índio que comemoramos na
última sexta-feira. As escolas muitas vezes, senão a maioria, pintam os rostos
das crianças, colocam cocares em suas cabeças e é assim que o Brasil ensina as
crianças sobre os índios.
As minorias étnicas, as minorias culturais devem
ter voz, devem ser ouvidas porque fazem parte dessa diversidade social, desse
pluralismo.*Membro da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo.
Programa exibido da Rádio 9 de julho em 23/04/2013.
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