quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Eleições municipais, o Grito dos Excluídos e o direito à vida plena


Caci Amaral*

As eleições vêm aí!
E, daqui a um mês, estaremos em frente à urna eletrônica, depositando nosso voto e   decidindo o destino do município de São Paulo e o cotidiano de seus habitantes,   pelos próximos quatro anos.
A cidade de São Paulo vive problemas gravíssimos.
Vamos nos sujeitar a continuar mendigando favores, presteza, cuidados e qualidade do sistema público de saúde?
Sabemos quais são as reivindicações dos milhares de moradores de rua, abandonados a própria sorte pelo poder público municipal?
Vamos continuar  nos deslocando,  por mais de uma  hora, em trens e ônibus lotados,  desde os limites do município para chegar ao local de trabalho, que deveria estar localizado próximo às residências?
Sabemos que é direito de todos e todas a presença de bibliotecas, escolas, teatros, cinemas, centros culturais e emprego próximos das residências?
Milhares de  mães, a menos que possam arcar com as despesas, não encontram creches para seus filhos. Vamos continuar indiferentes a mais este problema da cidade?
Vamos continuar aceitando que uma grande parte de população de São Paulo, a cidade mais rica do Brasil, more em péssimas condições ou não tenham onde morar? O poder público municipal está ausente e omisso. Dezenas de incêndios aconteceram neste ano em favelas da cidade.  As famílias vitimadas não  recebem atendimento digno e novo local de moradia e não vemos acontecer nenhuma ação preventiva de novas tragédias. 
A cidade convive com  estes e outros problemas graves. O voto é o instrumento na mão do povo para  sinalizar, aos políticos e aos partidos, aqueles  indicadores,  metas, programas, projetos e políticas públicas  que a sociedade quer ver realizados. 
O momento das eleições é  precioso e não pode ser desperdiçado. Para isso, é preciso escolher criteriosamente um candidato ou candidata a prefeito e a vereador. É preciso escolher candidatos que tenham um história de luta política e um programa com condições de enfrentar os  desafios da cidade. Uma escolha criteriosa dos candidatos  é manifestação de amor  ao próximo e à cidade, sinal de respeito à vida dos irmãos e irmãs, testemunho de solidariedade e fraternidade. 
A escolha dos candidatos será sempre uma decisão pessoal, mas a reflexão para a escolha dos melhores candidatos é antes de tudo uma tarefa coletiva, de cada grupo,  comunidade, pastoral, movimento, de modo a colaborar para que mais e mais pessoas possam estar bem informadas para assumir sua escolha pessoal.
Nesta Semana da Pátria acontecem pelo país mobilizações do Grito dos Excluídos, exigindo vida em primeiro lugar. Pastorais sociais, paróquias, movimentos, associações e entidades, mobilizados em passeatas, gritam: Queremos direitos para toda a população. Estamos juntos por emprego, salário, moradia, terra, saúde, educação, cultura, lazer, transporte e meio ambiente.
Escolher e, principalmente, ajudar a escolher com critérios e sabedoria, os representantes do povo  que vão governar a cidade,   em nome do povo,  durante os próximos quatros anos, é também participar e fortalecer esta imensa mobilização do Grito dos Excluídos, construindo um Brasil onde vida plena e digna sejam realidade.
De sete de setembro a sete de outubro ainda há tempo de nos organizar e sinalizar aos partidos e aos políticos que precisamos, sociedade e governo, encontrar políticas que mudem o perfil do desenvolvimento brasileiro, de modo que a vida plena seja o bendito fruto a ser saboreado pelos brasileiros e brasileiras e por todos aqueles que aqui acolhemos.

*Coordenadora da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo
Programa exibido na Rádio 9 de julho em 07/09/2012






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