Caci Amaral*
As eleições vêm aí!
E, daqui a um mês, estaremos em frente à urna eletrônica,
depositando nosso voto e decidindo o destino do município de São Paulo e o cotidiano
de seus habitantes, pelos
próximos quatro anos.
A cidade de São Paulo vive problemas gravíssimos.
Vamos nos sujeitar a continuar mendigando favores,
presteza, cuidados e qualidade do sistema público de saúde?
Sabemos quais são as reivindicações dos milhares de moradores
de rua, abandonados a própria sorte pelo poder público municipal?
Vamos continuar nos deslocando,
por mais de uma hora, em trens e ônibus lotados, desde os limites do município para chegar ao local
de trabalho, que deveria estar localizado próximo às residências?
Sabemos que é direito de todos e todas a presença de bibliotecas, escolas, teatros,
cinemas, centros culturais e emprego próximos das residências?
Milhares de mães, a menos que possam arcar com as despesas, não
encontram creches para seus filhos. Vamos continuar indiferentes a mais este
problema da cidade?
Vamos continuar aceitando que uma grande parte de população
de São Paulo, a cidade mais rica do Brasil, more em péssimas condições ou não
tenham onde morar? O poder público municipal está ausente e omisso. Dezenas de
incêndios aconteceram neste ano em favelas da cidade. As famílias vitimadas não recebem atendimento digno e novo local de
moradia e não vemos acontecer nenhuma ação preventiva de novas tragédias.
A cidade convive com estes e
outros problemas graves. O voto é o
instrumento na mão do povo para sinalizar, aos políticos e aos partidos,
aqueles indicadores, metas, programas, projetos e políticas
públicas que a sociedade quer ver
realizados.
O momento das eleições é precioso e não pode ser desperdiçado. Para
isso, é preciso escolher criteriosamente um candidato ou candidata a prefeito
e a vereador. É preciso escolher candidatos que tenham um história de luta política e um programa com condições de
enfrentar os desafios da cidade. Uma
escolha criteriosa dos candidatos é manifestação
de amor ao próximo e à cidade, sinal de
respeito à vida dos irmãos e irmãs, testemunho de solidariedade e fraternidade.
A escolha dos candidatos será sempre
uma decisão pessoal, mas a reflexão para a escolha dos melhores candidatos é
antes de tudo uma tarefa coletiva, de cada grupo, comunidade, pastoral, movimento, de modo a
colaborar para que mais e mais pessoas possam estar bem informadas para assumir
sua escolha pessoal.
Nesta Semana da Pátria acontecem pelo país mobilizações do Grito dos Excluídos,
exigindo vida em primeiro lugar. Pastorais sociais, paróquias, movimentos,
associações e entidades, mobilizados em passeatas, gritam:
Queremos direitos para toda a população.
Estamos juntos por emprego, salário, moradia, terra, saúde, educação, cultura,
lazer, transporte e meio ambiente.
Escolher e, principalmente, ajudar a escolher com critérios
e sabedoria, os representantes do povo que vão governar a cidade, em nome
do povo, durante os próximos quatros
anos, é também participar e fortalecer esta imensa mobilização do Grito dos Excluídos, construindo um Brasil
onde vida plena e digna sejam realidade.
De sete de setembro a sete de outubro ainda há tempo de nos
organizar e sinalizar aos partidos e aos políticos que precisamos, sociedade e
governo, encontrar políticas que mudem o perfil do desenvolvimento brasileiro,
de modo que a vida plena seja o bendito fruto a ser saboreado pelos brasileiros e brasileiras e por todos
aqueles que aqui acolhemos.
*Coordenadora da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo
Programa exibido na Rádio 9 de julho em 07/09/2012
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