Estamos na semana em que
se comemora uma data muito importante de nossa História, o dia 7 de setembro,
dia da Independência do Brasil, ocorrida há 190 anos, em 1822, quando foi
redigida nossa primeira Constituição. Esta data remete à superação da condição colonial,
abrindo-se uma nova etapa na vida política do País, que irá durar até 1899,
quando da Proclamação da República. É uma época de plena vigência da escravidão
e do regime monárquico em nosso País, entre muitos outros fatos históricos que,
infelizmente, são pouco explorados pelos currículos escolares, pelas mídias e
pelas manifestações artísticas, dificultando assim, a construção de um
sentimento de pertencimento e de responsabilidade sobre os rumos do País.
Nesta mesma semana estará
ocorrendo, até a próxima sexta-feira sete de setembro, um evento que, a nosso
ver, contribui bastante para a construção de uma cidadania mais plena: a 18ª
edição do Grito dos Excluídos, em que movimentos e pastorais sociais promoverão
manifestações, como marchas, romarias, vigílias, panfletagens, e passeatas em
todo o país. Este ano terá como lema “Um Estado a Serviço da Nação, que Garanta
Direitos de Toda a População”. Dom Guilherme Antonio Werlan, presidente da
Comissão Episcopal Caridade, Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB) observou que “o Brasil já nasceu um Estado que serve a
interesses particulares”. Portanto, acrescentou, “nós temos que mexer na
estrutura deste Estado”. O Grito dos Excluídos também abordará a violência
contra os jovens, a corrupção, as implicações das obras preparativas para a
Copa do Mundo e a construção de barragens na Região Norte do país.
Neste comentário,
portanto, aproveitamos esta data para continuar nossas reflexões sobre
cidadania e, em especial, sobre política e sobre a importância da participação
na vida política do País, tema especialmente importante a um mês das eleições
municipais.
E, antes de repercutir o
momento pré-eleitoral, quando já falta cerca de um mês para as eleições
municipais, vale a pena contextualizar o momento atual, justamente com o
propósito de afirmar que vive-se um momento importante da vida política
nacional, com as instituições operantes, como corresponde à vida republicana.
Determinados processos que mobilizaram intensamente a opinião publica nacional,
como o julgamento da Ação 470, intitulada de mensalão, pelo STF, seguem sua
rotina institucional, no caso, com o relator avaliando todas as denúncias por
capítulos, seguindo-se os votos do revisor e depois dos demais membros do
Supremo Tribunal, aceitando algumas denúncias e refutando outras. Também
continua a CPMI do contraventor Cachoeira, levantando informações e continuando
investigações importantíssimas para o País.
Neste contexto,
caminha-se para um processo eleitoral importante para o país e que convida a
uma intensa mobilização e participação da sociedade, a fim de, como se diz,
fazermos a nossa parte, definindo com o maior discernimento possível nossas
intenções de voto e aproveitando o momento para intensificação de nossa
participação cidadã.
Iniciadas em 21 de
agosto, já estão no ar as campanhas políticas gratuitas no rádio e na TV, por
45 dias, indo até o próximo dia 4 de outubro. Esta campanha ocorre de segunda a
sábado, com a duração de 30 minutos às 7h e às 12h, no rádio; e às 13h e às
20h30 na TV. A regulamentação do horário coloca a propaganda dos candidatos a
vereadores e vereadoras às terças-feiras, quintas e aos sábados. Além do
horário eleitoral gratuito, os candidatos a prefeito têm também direito a
inserções diárias na programação normal das emissoras de rádio e TV.
A campanha, que está em
pleno curso, passa a trazer novidades importantes, como os debates na TV, em
rádios e nos portais da Internet, como foi o caso nesta terça-feira, no debate
promovido pela Rede TV e Grupo Folha, com os sete principais candidatos. Mesmo
que estes momentos sejam vistos por poucos cidadãos que estão informados a
respeito e que podem se manter acordados até mais tarde, isto não impede que as
pessoas discutam e tomem conhecimento das posições e debates ocorridos,
repercutindo nos dias seguintes suas impressões. A internet e as redes sociais
também mostram-se poderosos instrumentos de difusão de opiniões e informações
sobre a campanha.
Também merecem destaque
iniciativas mais locais, como a que ocorreu no dia 24 de agosto no Salão
paroquial da igreja São Francisco de Assis, em Ermelino Matarazzo, intitulada
“Encontro dos candidatos a prefeito com o povo da Zona Leste”. Estiveram presentes
os candidatos Chalita e Soninha, assim como a candidata a vice-prefeita Nádia
Campeão, representando o candidato Haddad. Assistido por centenas de pessoas,
muitas das quais de pé, os candidatos comentaram suas propostas, responderam
perguntas relacionadas aos principais problemas da cidade e, principalmente,
puderam receber um documento contendo as propostas elaboradas pelos moradores e
organizações da região para o futuro Plano de Metas de São Paulo.
A eleição ocorre no dia
sete de outubro em todas as cidades do País, onde são eleitos os mandatários
dos cargos proporcionais e majoritários, ou seja, vereadores e prefeitos. A
exceção será a realização do segundo turno naqueles municípios que, como São
Paulo, contam com mais de 200 mil eleitores e onde nenhum candidato ultrapassar
a metade dos votos válidos.
*Professor
da PUC-SP, colaborador da Pastoral Fé e Política e da Escola de Governo de São
Paulo.
Programa da Pastoral Fé e Política exibido na Rádio 9 de Julho em 05/07/2012.
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