quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Eleições municipais, a escolha do vereador e a urgência de uma nova política


Pedro Aguerre*
Neste domingo, às 8 horas, inicia-se a votação para o poder executivo e para o poder legislativo municipal em todo o Brasil, encerrando-se às 17 h. Serão cerca de 70 mil vereadores e vereadoras e mais de 5,5 mil prefeitos e prefeitas eleitos por mais de 140 milhões de brasileiros e brasileiras. O voto é obrigatório para os eleitores de 18 a 70 anos, sendo facultativo para aqueles com 16 e 17 e com mais de 70 que estejam regularmente inscritos para votar.
Em 83 cidades do Brasil, entre os quais 25 municípios paulistas, poderá haver segundo turno, que será realizado em 28 de outubro. Se trata das cidades com mais de 200 mil eleitores, nas quais já na segunda-feira inicia-se a etapa final do pleito municipal, com necessidade de composições políticas mais amplas, novos debates, novo horário eleitoral gratuito, e a disputa pelos eleitores dos candidatos derrotados.
A legislação eleitoral estabelece uma série de determinações, das quais destacamos aqui o encerramento da propaganda eleitoral nesta quinta-feira e, na sexta-feira, o fim das propagandas pagas de candidatos.
Recentemente as emissoras Record e Globo cancelaram os debates previstos, justamente os mais importantes, pela proximidade da eleição, e justo na hora em que a população está aflita para tirar as últimas dúvidas, contrapor mensagens dos candidatos, bem como observar o desempenho espontâneo fora do ambiente de novela que marcam, infelizmente, os ‘pronunciamentos’ dos candidatos na propaganda eleitoral... Em debates eleitorais os candidatos raramente batem na mesa ou acusam os outros de forma leviana, pois podem ser rebatidos.
A mídia televisiva e alguns candidatos, portanto, ficaram devendo à sociedade. Como alguém pode desejar se eleger e não participar de debates com os demais candidatos?
Isto nos coloca a pergunta: será que a dinâmica eleitoral conseguiu ser um momento de aprendizado para a população?
Para encerrar nosso comentário de hoje vamos enfatizar a dificuldade da eleição para os titulares das Câmaras de Vereadores, apresentando algumas dicas, apresentadas em matéria do site Agencia Brasil:
Tendo em vista que os candidatos falam muito de projetos para o futuro que não sabemos se poderão ser de fato cumpridos, o eleitor deve focar no passado deles, em sua biografia. Vale a pena gastar um tempo para garimpar informações que ajudem a traçar um diagnóstico mais preciso antes de definir se vale de fato a pena votar em determinado candidato.
Não basta carisma e capacidade de comunicação, o candidato precisa ter um lastro político, um passado de contribuições relevantes. Também é importante conhecer a ideologia e a estrutura do partido do candidato, o que pode ajudar o eleitor a identificar aquele que corresponde a suas exigências.
Vendo as propagandas eleitorais dos candidatos a vereador, em cartazes, banners e santinhos, com seus números estampados, os candidatos muitas vezes escondem o número de seus partidos. Os dois primeiros números do candidato a vereador identificam seu partido.
É importante, por fim, ficar atento, para ver se as promessas estão afinadas com o cargo, um candidato a vereador não pode prometer construir hospitais, reformar escolas e dar aumento aos professores.
Por fim, o eleitor deve anotar em quem votou para não se esquecer de acompanhar a atuação dele nos anos seguintes. O resultado da falta de acompanhamento e da cobrança popular é a corrupção. Pois, como já é de conhecimento de todos, voto não tem preço, tem consequências!!
Em nossos comentários acentuamos que as regras eleitorais e do sistema político estão caducas e distorcem a vontade soberana do povo. Temos um perverso sistema híbrido de financiamento da política, com financiamento privado e público, que está na origem de muitos escândalos, impedindo que a política realmente se volte para o bem comum.
Mesmo assim, reforçamos a importância de escolha consciente, buscando fazer valer sua cidadania!! A Plataforma dos Movimentos Sociais, por meio de um abaixo assinado que vai se disseminando na sociedade propõe a reforma do sistema político, novas formas de se pensar e exercer o poder. Se hoje nosso poder é todo centrado na representação, torna-se fundamental criar instrumentos de participação direta da população nas decisões. São necessárias mudanças nas regras eleitorais ampliando os espaços de poder dos segmentos sub-representados como negros, indígenas e mulheres.

*Professor da PUC-SP, colaborador da Pastoral Fé e Política e da Escola de Governo de São Paulo
Programa da Pastoral Fé e Política exibido na Rádio 9 de julho em 03/10/2012.

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