Pedro Aguerre*
Neste domingo, às 8
horas, inicia-se a votação para o poder executivo e para o poder legislativo
municipal em todo o Brasil, encerrando-se às 17 h. Serão cerca de 70 mil
vereadores e vereadoras e mais de 5,5 mil prefeitos e prefeitas eleitos por
mais de 140 milhões de brasileiros e brasileiras. O voto é obrigatório para os
eleitores de 18 a 70 anos, sendo facultativo para aqueles com 16 e 17 e com mais
de 70 que estejam regularmente inscritos para votar.
Em 83 cidades do Brasil,
entre os quais 25 municípios paulistas, poderá haver segundo turno, que será
realizado em 28 de outubro. Se trata das cidades com mais de 200 mil eleitores,
nas quais já na segunda-feira inicia-se a etapa final do pleito municipal, com
necessidade de composições políticas mais amplas, novos debates, novo horário
eleitoral gratuito, e a disputa pelos eleitores dos candidatos derrotados.
A legislação eleitoral
estabelece uma série de determinações, das quais destacamos aqui o encerramento
da propaganda eleitoral nesta quinta-feira e, na sexta-feira, o fim das
propagandas pagas de candidatos.
Recentemente as emissoras
Record e Globo cancelaram os debates previstos, justamente os mais importantes,
pela proximidade da eleição, e justo na hora em que a população está aflita
para tirar as últimas dúvidas, contrapor mensagens dos candidatos, bem como
observar o desempenho espontâneo fora do ambiente de novela que marcam,
infelizmente, os ‘pronunciamentos’ dos candidatos na propaganda eleitoral... Em
debates eleitorais os candidatos raramente batem na mesa ou acusam os outros de
forma leviana, pois podem ser rebatidos.
A mídia televisiva e
alguns candidatos, portanto, ficaram devendo à sociedade. Como alguém pode
desejar se eleger e não participar de debates com os demais candidatos?
Isto nos coloca a
pergunta: será que a dinâmica eleitoral conseguiu ser um momento de aprendizado
para a população?
Para encerrar nosso
comentário de hoje vamos enfatizar a dificuldade da eleição para os titulares
das Câmaras de Vereadores, apresentando algumas dicas, apresentadas em matéria
do site Agencia Brasil:
Tendo em vista que os
candidatos falam muito de projetos para o futuro que não sabemos se poderão ser
de fato cumpridos, o eleitor deve focar no passado deles, em sua biografia.
Vale a pena gastar um tempo para garimpar informações que ajudem a traçar um
diagnóstico mais preciso antes de definir se vale de fato a pena votar em
determinado candidato.
Não basta carisma e
capacidade de comunicação, o candidato precisa ter um lastro político, um
passado de contribuições relevantes. Também é importante conhecer a ideologia e
a estrutura do partido do candidato, o que pode ajudar o eleitor a identificar
aquele que corresponde a suas exigências.
Vendo as propagandas
eleitorais dos candidatos a vereador, em cartazes, banners e santinhos, com
seus números estampados, os candidatos muitas vezes escondem o número de seus
partidos. Os dois primeiros números do candidato a vereador identificam seu
partido.
É importante, por fim,
ficar atento, para ver se as promessas estão afinadas com o cargo, um candidato
a vereador não pode prometer construir hospitais, reformar escolas e dar
aumento aos professores.
Por fim, o eleitor deve
anotar em quem votou para não se esquecer de acompanhar a atuação dele nos anos
seguintes. O resultado da falta de acompanhamento e da cobrança popular é a
corrupção. Pois, como já é de conhecimento de todos, voto não tem preço, tem
consequências!!
Em nossos comentários
acentuamos que as regras eleitorais e do sistema político estão caducas e
distorcem a vontade soberana do povo. Temos um perverso sistema híbrido de
financiamento da política, com financiamento privado e público, que está na
origem de muitos escândalos, impedindo que a política realmente se volte para o
bem comum.
Mesmo assim, reforçamos a
importância de escolha consciente, buscando fazer valer sua cidadania!! A
Plataforma dos Movimentos Sociais, por meio de um abaixo assinado que vai se disseminando na sociedade propõe a reforma do sistema político, novas formas de
se pensar e exercer o poder. Se hoje nosso poder é todo centrado na
representação, torna-se fundamental criar instrumentos de participação direta
da população nas decisões. São necessárias mudanças nas regras eleitorais
ampliando os espaços de poder dos segmentos sub-representados como negros,
indígenas e mulheres.
*Professor
da PUC-SP, colaborador da Pastoral Fé e Política e da Escola de Governo de São
Paulo
Programa da Pastoral Fé e Política exibido na Rádio 9 de julho em 03/10/2012.
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