domingo, 28 de outubro de 2012

A cidade que temos e a cidade que queremos


Caci Amaral*
Pronto, aqui na cidade de São Paulo, estamos na reta final.
Novo governo , novas esperanças? Será verdadeira esta frase?
Poderemos responder afirmativamente se a população, cidadãs e cidadãos, entidades, igrejas, sindicatos, associações de bairro , enfim,
a sociedade organizada assumir, cada vez mais, o controle social do governo.
Governo para quem, governo para quê, é o tema da 5ª Semana Social Brasileira, proposta da CNBB para a Igreja no Brasil
Muitas comunidades e pastorais sociais espalhadas pelo país refletiram e responderam: queremos um governo para o povo e com o povo,
que leve em frente um projeto econômico muito diferente deste no qual sobrevivemos.
Outro Brasil é possível e necessário. Um Brasil no qual o projeto econômico seja definido pelo povo, controlado pelo povo, atendendo
às necessidades de saúde, segurança, educação, mobilidade, emprego, salário, vida digna para todos e todas, com pleno respeito à natureza.
Um projeto econômico ético, isto é , que rompa com a perversa distribuição de riqueza na qual o Brasil está mergulhado: somos a sexta economia mundial, mas estamos no final da fila entre as nações, quando se consideram os índices de qualidade de vida.
Sim, houve uma melhora, mas os pobres continuam pagando mais imposto que os ricos, vivem em áreas de risco, em áreas de preservação ambiental, em favelas sujeitas a incêndios, são removidos de suas habitações precárias a troco de salário aluguel cujo valor deveria causar vergonha na cara de quem paga, enfrentam filas e esperas para o atendimento à saúde, são espremidos no transporte público, durante horas quando se locomovem para o serviço, vivem em locais onde criminosos atiram a esmo, onde as pessoas não podem sair de casa depois de determinado horário nem mesmo para ir a igreja, onde jovens tem como única opção de lazer bailes na rua promovidos pelos interessados em vender a droga, as crianças estão fora das creches e as escolas pecam pela má qualidade.
A paisagem da cidade de São Paulo neste tempo de primavera, por mais que contemplemos os ipês exuberantes de flor, deve nos indignar: são centenas de adultos, velhos, jovens, crianças espalhados pelas calçadas.
É possível uma cidade mais humana? Sim .
É possível uma economia ética? Uma economia que tenha como principal objetivo a promoção da dignidade humana conforme determina a Constituição Federal e a Lei Orgânica do município de São Paulo?
Sim, é possível construir uma cidade mais humana e uma economia ética a partir de um projeto político que seja serviço à coletividade, dirigido, primordialmente, a aqueles que mais necessitam.
Esta nova economia e esta nova política, o novo que queremos construir na sociedade, depende de uma decisão sua, prezados leitores.
No domingo, dia 28 de outubro, com chuva com com sol, tenha como tarefa primeira testemunhar sua solidariedade e caridade politica para com a cidade e a população sofrida.
Vá votar. Vote conscientemente. Vote a favor de uma politica e de uma economia com participação e controle social.  Tenha em vista os imensos problemas da periferia da cidade de São Paulo, problemas de todos e todas, irmãos e irmãs em Jesus Cristo que, ao vir ao mundo, revelou o único Pai e Senhor, que nos ama com compaixão e quer a felicidade de seus filhos e filhas.
Seja profeta: quem mais poderia ir votar caso você o estimule? A cidade é a casa grande dos paulistanos e precisa, urgentemente, de sábios administradores a serviço do bem comum.
Desde hoje, vamos dirigir nossa súplica ao Senhor, pedindo que nos abra os olhos, cure a cegueira de nosso coração, nos ilumine e ao futuro prefeito eleito pelo voto de cada cidadão e cidadã, para que, juntos, possamos construir a cidade justa e solidária na qual desejamos viver e conviver em paz.
E lembre – se: votar é importante mas não é tudo.
Será preciso multiplicar por cem, por mil, os grupos de acompanhamento da Câmara Municipal, das subprefeituras, dos Conselhos Municipais, os grupos de pastoral social, da pastoral fé e política.
Precisamos, desde já, coletar assinaturas a favor do Projeto de Lei de Iniciativa Popular pela Reforma Política para que, em 2013, possamos coibir a corrupção introduzindo no processo eleitoral o financiamento público de campanha. (ver www.reformapolitica.org.br)
Prezados amigos e amigas, às vésperas do lançamento do Ano da Fé na Arquidiocese, que as palavras da irmã Zanella, da congregação das Catequistas Franciscanas, nos ajudem a persistir na luta por uma cidade aonde todos os direitos sejam distribuídos com justiça, para todos e todas.
Minha fé é política porque ela não suporta separação entre o corpo de Jesus e o corpo de um irmão.
Minha fé é política porque crê que a economia pode mudar um dia e ser toda solidária.
Minha fé é política porque acredito na juventude, na sua força e inquietude, no seu poder de diferença.
Coordenadora da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo
Pastoral Fé e Política
Arquidiocese de São Paulo
A partir de Jesus Cristo em busca do bem comum

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