segunda-feira, 25 de junho de 2012

Alavancando partidos

Caci Amaral*

As eleições vem aí!
Junho é tempo das quermesses e de decisões político - partidárias, algumas impensáveis, anos atrás.
Estamos no período do ano eleitoral  no qual os partidos  realizam as  convenções para  escolha do candidatos ou candidatas a prefeito, vice-prefeito,  vereadores e vereadoras e decidem, também, se vão  fazer coligações e com quais partidos.
Até dia 05 de julho,   os  nomes daqueles que vão concorrer às eleições deverão ser entregues nos  cartórios eleitorais.
Talvez você tenha sido convidado a se candidatar.  Você pensou, conversou com a família, com o  padre e se decidiu: sim, acredito que sendo candidato poderei ajudar a melhorar a situação do município.
É verdade, os partidos  precisam contar com a presença de cristãos  e cristãs, que entendem a atuação dos  políticos  como serviço à coletividade.
É o vereador que, pela elaboração de leis significativas,  possíveis de serem cumpridas, organiza a vida da cidade, as relações  entre seus habitantes  e entre  os que disputam o  espaço da cidade, para seus negócios.
É também o vereador que decidirá sobre o uso  do dinheiro dos impostos, devendo zelar pela sua aplicação em favor do bem daqueles que mais necessitam, fiscalizar  a atuação do prefeito e verificar, em nome dos munícipes se ele ou ela, prefeito, ou prefeita,  está governando a favor de todos.
Mas, pense bem!
E se você for apenas um candidato “alavanca”?
Candidato “alavanca”? Sim,  isso mesmo.
O candidato mobiliza família, amigos, comunidade, conhecidos e desconhecidos,  faz campanha, vai às ruas a caça de votos.
Mas, de repente, percebe que não tem espaço nos encontros partidários, que não é chamado a falar quando convidam o candidato a prefeito, que não recebe ajuda  do partido para  financiar a campanha.
Verifica,  também,  que existem no partido, ou na coligação da qual o partido faz parte,  candidatos que talvez já sejam vereadores e  estejam se candidatando novamente. E observa que recebem apoio partidário e tem o nome estreitamente vinculado ao candidato a prefeito.
E agora? Qual era o interesse do partido ou coligação  nesta candidatura?
Atenção, possíveis candidatos e amigos e amigas eleitores, que nos ouvem.
A resposta está nas  regras do jogo eleitoral.
As vagas na Câmara Municipal  são distribuídas entre os partidos ou coligação de partidos  que conseguem  maior número de  votos válidos.
Assim, nem todos os partidos tem assegurada vagas na Câmara e um candidato com muitos votos pode não ser eleito, se o partido pelo qual ele se candidatou não tiver votos suficientes para garantir pelo menos uma vaga de vereador.
E agora,  amigo eleitor ou candidato, qual o resultado de todo esforço que fez para conseguir algumas dezenas de  votos?
Você, simplesmente, alavancou outros candidatos,  isto é, deu fôlego para que seu  partido ou coligação ocupasse  um número maior  de vagas  na Câmara Municipal.
Tudo bem! Não há problema nenhuma em alavancar uma  disputa eleitoral!
Mas, vamos ser alavancas com muita consciência.
Para isso, considere três alertas amarelos,  três sinais de atenção:
Primeiro, tenha  consciência de que, ao se candidatar ou votar num candidato alavanca,  você poderá estar apenas  prestando um serviço ao partido ou coligação,  ajudando a eleger candidatos mais conhecidos.
Segundo, e tão importante quanto  o primeiro alerta,  é ter consciência da seriedade do programa do partido e dos partidos que integram a coligação, de suas histórias de luta em favor do povo.
Terceiro, e da mesma importância que os alertas anteriores, conheça muito bem quais serão os candidatos mais fortes do partido ou coligação e tenha certeza absoluta que não estará  trabalhando para algum  picareta.
Que são Tomás More, padroeiro  dos políticos,  ilumine a Igreja da Arquidiocese de  São Paulo para que cheia do Espírito Santo e seguindo o exemplo de  João Batista, anuncie e construa o Reino do Deus misericordioso, que quer vida plena para todos e todas.

*Coordenadora da Pastoral Fé e Política  da Arquidiocese de São Paulo
Programa exibido na Rádio 9 de julho dia 22/06/2012


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