J. Thomaz Filho*
Espero poder constar entre as exceções. Mas venho reparando o caso confirmar-se nos últimos anos, durante o período da Quaresma. Das missas de que participei, e tenho ido a comunidades variadas, celebradas por padres religiosos ou diocesanos, só deduzo que está em foco uma Campanha da Fraternidade por causa do hino que em algumas das celebrações tem sido cantado e por causa das preces da assembleia, quando seguem algum folheto litúrgico publicado por alguma editora católica ou diocese. Dos celebrantes nenhuma palavra. Tecem, na homilia, considerações sobre o texto evangélico e outros textos bíblicos do dia, mas sem uma alusão sequer ao tema da Campanha em foco.
Ora, campanha é mobilização densa em torno de um assunto que se queira enfrentar, para que se reflita, para que se mudem atitudes, para que se tome consciência, para que se progrida coletivamente. Estranho é que, sorrateiramente, umas outras campanhas são motivadas, pelo menos no momento dos avisos: divulgação de livros, CDs, obras, eventos... O que está havendo? A Campanha não é da China nem de Marte, é da Igreja no Brasil! E estamos no Brasil! E os celebrantes não deveriam estar a serviço da Igreja no Brasil e da população que vive no Brasil? Ou será que a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, não tem razão ao destacar, para 2012, a saúde como um dos grandes problemas do nosso tempo? E do nosso País!? Certamente que quem nem se dá conta dessa gravidade é porque não precisa recorrer ao SUS – Sistema Único de Saúde, tão excelente como lei e tão mal costurado como prática! E se não precisa recorrer ao SUS, também não tem sensibilidade para a situação dos que só podem contar com ele!
Há quem sugira que a Campanha não é litúrgica. Ora, ora, então a liturgia promove o culto a Jesus, Filho de Deus, Irmão da humanidade, mas torna esse próprio Jesus oculto? (O jogo de palavras é intencional e necessário!) Como concordar com uma coisa destas numa Campanha, como a deste ano, que trata sobre saúde? A que Jesus se quer cultuar? A um Jesus do intimismo? A um Jesus das nuvens? Pois o Jesus concreto, que esteve no meio de nós, denunciando-nos os preconceitos e desmascarando nossos olhos pra que se desarmem e reconheçam a verdadeira face do Pai, esse Jesus tratou de saúde, não se conformou com o abandono da população, provocou as autoridades civis e religiosas de seu tempo! Que culto é esse que nega as atitudes pensadas e assumidas por Jesus? Certamente que ele denunciaria esse culto – como denunciou, por gestos e palavras, o culto do seu tempo! Que culto é esse a Jesus, que jamais pregou o culto como caminho de resolução dos problemas da humanidade! Se precisamos de culto, façamo-lo, mas não neguemos o Mestre! A negação de Pedro foi em situação de desespero, mas esta nossa não é por desleixo?
Se a voz dos bispos soa assim, longe, para os padres, imagine-se para os leigos! Quem não enfrenta as filas reais ou virtuais do SUS, aguardando uma consulta para não se sabe daqui a quanto tempo, não se dá conta da gravidade da situação!...
Há também o carisma de congregações religiosas sendo adiado, diante do descalabro da situação da saúde no País, quando o governo já não cumpre a sua parte... Mas não foi justamente em situações de abandono da população, sobretudo em questão de saúde e educação, que tantos fundadores e fundadoras ousaram repensar profundamente suas vidas em prol da vida?! A loucura delas e deles empolgou centenas de jovens e adultos que reagiram, transformando a própria existência em serviço aos irmãos mais sofridos.
Os governantes, os acionistas dos grandes laboratórios farmacêuticos, os gestores de planos de lucrar com a saúde batem palmas diante de nossa tamanha apatia.
Se quiserem um pouco de humor e de apelação, para nós do Brasil até no nome Jesus lembra saúde: JeSUS!
Se não se serve à vida não se vence a morte, se não se vence a morte não se chega à ressurreição, se não se chega à ressurreição para que celebrar a Páscoa?!
Espero poder constar entre as exceções. Mas venho reparando o caso confirmar-se nos últimos anos, durante o período da Quaresma. Das missas de que participei, e tenho ido a comunidades variadas, celebradas por padres religiosos ou diocesanos, só deduzo que está em foco uma Campanha da Fraternidade por causa do hino que em algumas das celebrações tem sido cantado e por causa das preces da assembleia, quando seguem algum folheto litúrgico publicado por alguma editora católica ou diocese. Dos celebrantes nenhuma palavra. Tecem, na homilia, considerações sobre o texto evangélico e outros textos bíblicos do dia, mas sem uma alusão sequer ao tema da Campanha em foco.
Ora, campanha é mobilização densa em torno de um assunto que se queira enfrentar, para que se reflita, para que se mudem atitudes, para que se tome consciência, para que se progrida coletivamente. Estranho é que, sorrateiramente, umas outras campanhas são motivadas, pelo menos no momento dos avisos: divulgação de livros, CDs, obras, eventos... O que está havendo? A Campanha não é da China nem de Marte, é da Igreja no Brasil! E estamos no Brasil! E os celebrantes não deveriam estar a serviço da Igreja no Brasil e da população que vive no Brasil? Ou será que a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, não tem razão ao destacar, para 2012, a saúde como um dos grandes problemas do nosso tempo? E do nosso País!? Certamente que quem nem se dá conta dessa gravidade é porque não precisa recorrer ao SUS – Sistema Único de Saúde, tão excelente como lei e tão mal costurado como prática! E se não precisa recorrer ao SUS, também não tem sensibilidade para a situação dos que só podem contar com ele!
Há quem sugira que a Campanha não é litúrgica. Ora, ora, então a liturgia promove o culto a Jesus, Filho de Deus, Irmão da humanidade, mas torna esse próprio Jesus oculto? (O jogo de palavras é intencional e necessário!) Como concordar com uma coisa destas numa Campanha, como a deste ano, que trata sobre saúde? A que Jesus se quer cultuar? A um Jesus do intimismo? A um Jesus das nuvens? Pois o Jesus concreto, que esteve no meio de nós, denunciando-nos os preconceitos e desmascarando nossos olhos pra que se desarmem e reconheçam a verdadeira face do Pai, esse Jesus tratou de saúde, não se conformou com o abandono da população, provocou as autoridades civis e religiosas de seu tempo! Que culto é esse que nega as atitudes pensadas e assumidas por Jesus? Certamente que ele denunciaria esse culto – como denunciou, por gestos e palavras, o culto do seu tempo! Que culto é esse a Jesus, que jamais pregou o culto como caminho de resolução dos problemas da humanidade! Se precisamos de culto, façamo-lo, mas não neguemos o Mestre! A negação de Pedro foi em situação de desespero, mas esta nossa não é por desleixo?
Se a voz dos bispos soa assim, longe, para os padres, imagine-se para os leigos! Quem não enfrenta as filas reais ou virtuais do SUS, aguardando uma consulta para não se sabe daqui a quanto tempo, não se dá conta da gravidade da situação!...
Há também o carisma de congregações religiosas sendo adiado, diante do descalabro da situação da saúde no País, quando o governo já não cumpre a sua parte... Mas não foi justamente em situações de abandono da população, sobretudo em questão de saúde e educação, que tantos fundadores e fundadoras ousaram repensar profundamente suas vidas em prol da vida?! A loucura delas e deles empolgou centenas de jovens e adultos que reagiram, transformando a própria existência em serviço aos irmãos mais sofridos.
Os governantes, os acionistas dos grandes laboratórios farmacêuticos, os gestores de planos de lucrar com a saúde batem palmas diante de nossa tamanha apatia.
Se quiserem um pouco de humor e de apelação, para nós do Brasil até no nome Jesus lembra saúde: JeSUS!
Se não se serve à vida não se vence a morte, se não se vence a morte não se chega à ressurreição, se não se chega à ressurreição para que celebrar a Páscoa?!
*Escritor, poeta, compositor, professor de ética. Trabalha com grupos de reflexão bíblica e formação cristã. Colaborador da Pastoral Fé e Política.
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