A ação ou preocupação social em favor das pessoas pobres ou em necessidade se torna um complemento secundário à missão. O mais importante seria a salvação da alma. Essa é uma das razões pela qual muitos grupos religiosos não se interessam pelo tema ou questões da economia nas suas discussões ou preocupações religiosas. Em grupos assim, o tema da CF deste ano não é importante para missão das Igrejas e será esquecido logo após a Campanha, se é que não será deixado de lado até mesmo no período da Campanha. Essa separação é reforçada também, mesmo que inconsciente ou não intencionalmente, por grupos que assumem, em nome da sua fé, lutas econômicas e sociais, mas não conseguem elaborar um discurso religioso-espiritual capaz de articular de modo coerente a relação economia e fé. Esses grupos tendem a justificar as suas lutas e preocupações em nome da ética (bem-comum) ou da doutrina social da Igreja, mas não em relação à evangelização, salvação ou missão da Igreja.
Infelizmente, muitos cristãos atuantes no campo econômico-social-político têm dificuldade em falar sobre evangelização, salvação ou missão, como se isso não fizesse parte do "cristianismo de libertação" ou como se "libertação" não tivesse muito a ver com salvação. (Provavelmente uma boa parte da responsabilidade disso cabe a teólogos, assessores e formadores). A vida humana depende do trabalho e da "natureza", depende também de como funciona a economia. E salvar a vida contra as forças da morte e contra as mentiras (8º. mandamento, na versão da Igreja Católica e 9º na versão das Igrejas protestante) e idolatrias que justificam essas mortes em nome de falsos deuses das (2º/3o. mandamento) é a missão do cristianismo e das igrejas. Se perdermos de vista a dimensão material-econômica da vida, perdemos de vista o ser humano real e concreto e, assim, perdemos o núcleo da missão cristã e o que faz valer a pena sermos cristãos hoje, apesar de tudo.
Jung Mo Sung http://www.adital.com.brTexto selecionado por Renê Roldan, membro da Pastoral Fé e Política
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