terça-feira, 12 de julho de 2011

“MUDANÇAS CLIMÁTICAS E JUSTIÇA SOCIAL”

Relatório do

SEMINÁRIO DAS PASTORAIS SOCIAIS DO REGIONAL SUL 1 DA CNBB

“MUDANÇAS CLIMÁTICAS E JUSTIÇA SOCIAL”

ASSESSORIA: FÓRUM MUDANÇAS CLIMÁTICAS E JUSTIÇA SOCIAL
ASSESSOR: IVO POLETTO



O Seminário das Pastorais Sociais do Regional Sul 1 da CNBB (estado de São Paulo) foi realizado nos dias 1 a 3 de julho de 2011, no Centro de Pastoral “Santa Fé”, Via Anhanguera, KM 25,5 – São Paulo. Foi coordenado pelo Fórum das Pastorais Sociais do Regional Sul 1. Contou com a participação de 62 pessoas, destacando-se agentes das Pastorais Sociais: Fé e Política, Criança, Menor, do Migrante, Operária, Sobriedade, Carcerária, Comunicação Social, da AIDS, Juventude; Movimentos e Organismos: CPT, Assembléia Popular, Grito dos Excluídos, Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB/São Paulo), Comissão Regional dos Diáconos (CRD Sul 1), Cáritas Regional e Diocesana, Defesa do Meio-ambiente, Movimento do Povo, Escola de Fé e Cidadania, Movimento em Defesa da Vida, Campanhas da Fraternidade.


Representaram o Clero: Dom Jacyr Francisco Braido, Bispo de Santos e Presidente da Comissão episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, da CNBB Sul 1, 4 Presbíteros e 4 Diáconos.



O Seminário foi aberto com Mística e Espiritualidade, dirigida por Irmã Ivoni Lourdes Fritzen, da CRB, e Cidinha, da Pastoral Operária. Iniciou-se na Capela do Centro Pastoral, passando pelo painel “Mudanças Climáticas” e terminou na sala de palestras. Foi uma caminhada espiritual através de um painel das mudanças climáticas ocorridas nas diversas regiões do Estado. As orações e cantos, numa caminhada de fé da Capela até o painel, foram vividas intensamente pela comunidade presente. O painel continha as contribuições dos participantes sobre as muitas situações de degradação vividas nas regiões do Estado, por conta das Mudanças Climáticas, da ação dos especuladores imobiliários, das invasões de áreas proibidas, do agro-negócio e do litoral (ressacas e aumento do nível do mar) e Mata Atlântica.


A acolhida foi feita por Dom Jacyr e pelo assessor do Fórum das Pastorais Sociais, Padre Valdeci João dos Santos, da Diocese de Santos. O Bispo fez uso das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para ressaltar a Missão da Pastoral Social e a defesa da Vida no Planeta. Após a apresentação dos participantes conduzida por Sueli Camargo e Diác. José Carlos Pascoal, da Equipe de Coordenação, foi feita a apresentação da memória do Seminário das Pastorais Sociais, por Ari Alberti, da Equipe de Coordenação. O 1º Seminário foi realizado em 2004, fruto da 4ª Semana Social Brasileira. Foi dada a palavra ao Assessor Ivo Poletto, para a introdução do tema.


No sábado, dia 2 de julho, as atividades começaram com a Missa presidida por Dom Jacyr, às 7h. Na homilia, Dom Jacyr exortou para a multiplicação nas Dioceses dos frutos do Seminário, das partilhas e troca de experiências. Após a acolhida por Sueli, da Equipe de Coordenação, foi desenvolvido o tema “Mudanças Climáticas e Justiça Social”, por Ivo Poletto. Eis algumas citações importantes:


• Quando falamos em Justiça Social, pensamos nos nossos direitos. Para nós, Justiça Social compreende a ação de um grupo, de uma organização na defesa da justiça para todos. Somos frutos de uma geração antroprocêntrica e machista, que deixa de lado a mulher, não reconhece seus direitos. Somos uma geração que se diz o centro de nossa história, criamos uma situação de que somos o centro de tudo, que é normal destruirmos os outros, ou não construirmos em favor dos outros. Acabamos por ser egocêntrico. Não perguntamos aos demais seres humanos o que eles precisam, muito menos perguntamos à Terra o que ela precisa para defende-la.


• Expressão do modernismo: a Terra é nossa inimiga e precisamos dominá-la. Não somente pensar Justiça Social para os seres humanos, mas também para a Terra. As pessoas pensam em ter, como direitos humanos, um ambiente favorável para que o ser humano viva bem. Interrelação de direitos: para ter um ambiente favorável para os seres humanos, precisamos defender a Terra, defender seus direitos, para termos ar, água, plantas, seres vivos sadios. O debate sobre a Justiça Social não é somente sobre nós, seres humanos, mas sobre as condições da vida na Terra.


• Segundo desafio: falamos sobre Mudanças Climáticas. Quantas mudanças nós, seres humanos, provocamos no Planeta Terra? Nos grupos, por sub-regionais, deveremos constatar quantas mudanças provocamos em nosso ambiente. Debate que continua: o aquecimento é provocado pelas ações dos seres humanos, ou provocada pela própria ação da Terra? O que a Geologia, daqui a 300 anos, pode mostrar com relação ao nosso tempo? Cientistas chegaram à conclusão de que a ação do ser humano é tão grande, tão profunda, que já mudou a face da Terra, estaria sendo criada uma nova Era Geológica, que se chamaria Antropoceno. Até aqui, as eras são determinadas pela própria ação da Terra. Hoje, estamos no Holoceno ou, já, no Antropoceno, mudança de era provocada pela ação do gênero humano?


Os participantes foram reunidos em grupos por sub-regional. Não participaram representantes do Sub-regional Botucatu. Tiveram como trabalho a reflexão e posterior apresentação em plenário, das mudanças climáticas percebidas em suas regiões: como estamos vendo e como estamos agindo em relação às mudanças climáticas? Eis algumas das contribuições dos grupos: ar contaminado, rios poluídos, agronegócios, energia nuclear em Iperó (Marinha), construções que não respeitam a lei, falta de responsabilidade com o lixo, não há sequência na ação em favor do lixo reciclável e o reciclado acaba indo para o mesmo lugar do lixo orgânico, preocupação com os produtos chineses, cujos produtores não respeitam o meio ambiente e ocupam o lugar dos produtores nacionais por ter mão de obra mais barata, e ainda contribuem para a degradação do meio ambiente com apoio do Poder Público brasileiro.


Em seguida o agente social e ambientalista José Soares da Silva da Diocese de Santo André apresentou um Relatório em formato de Power point, com gráficos, números e dados sobre o panorama mundial, nacional e regional a respeito do aquecimento global e (in) justiça social. “As causas destas mudanças são alarmantes. Precisamos re-pensar um sistema que distribua um processo igualitário a toda sociedade com políticas publicas. É necessário valorizar as mulheres, indígenas etc.. e assim garantir a sustentabilidade do Planeta”, disse.


Na tarde do sábado, 2 de julho, as colocações temáticas de Ivo Poletto provocaram profunda meditação sobre as iniciativas que podem contribuir para nossa realidade atual, sobre o que mais poderemos fazer em defesa da vida no Planeta, e o que nós podemos perceber de valores e de espiritualidade que podem alimentar o nosso espírito nesta luta que podemos fazer.


“Se percebemos as mudanças climáticas, provocadas pela ação do ser humano, e não fazemos nada, por mínimo que seja, quer dizer que fechamos o coração para aquilo que é necessário. Abrir o coração para aquilo que pode nos ajudar, para não pensar que, por termos valores, isso nos basta. Há mais o que fazer”, disse Ivo Poletto.


O novo plenário do dia trouxe valiosas contribuições para o debate, dentro das possibilidades de cada um e dentro daquilo que se pode fazer no dia a dia em casa, na comunidade, paróquia e diocese. Há muitas iniciativas positivas, tais como: coleta seletiva do lixo; defesa de nascentes, rios, riachos; defesa do meio-ambiente; reflexão sobre o alto consumo; cooperativas para promoção social; conscientização ecológica; parcerias com o Poder Público.


Após o jantar foram exibidos os vídeos: “Como as mudanças climáticas afetam a sua região” e “Mudanças Climáticas: o que são? O que fazer?”, lançados pelo Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social. Ivo destacou alguns pontos dos vídeos e respondeu perguntas da assembléia. Houve grande interesse em divulgar os vídeos nas dioceses e cidades. O Fórum das Pastorais Sociais se responsabilizou em enviar aos representantes nas sub-regiões.


As atividades do sábado terminaram com confraternização, com comidas e bebidas típicas da época, muita música, dança e descontração. Também na confraternização houve preocupação ecológica, com relação ao que foi consumido e com a reciclagem do material.


No último dia, 3 de julho, Ivo fez explanação sobre ações possíveis para defender a vida no planeta, estando atento às mudanças climáticas. Os grupos, divididos por sub-regionais, partilharam essas ações feitas ou à fazer em relação às mudanças climáticas. No plenário apresentaram subsídios interessantes: conscientização ecológica a partir do dia a dia no lar, no ambiente de trabalho ou estudo; conscientização nas escolas; ações de reciclagem do lixo em festas paroquiais ou comunitárias; luta público em favor do meio ambiente. Também foi apresentado vídeo sobre os problemas climáticos do litoral santista e da Mata Atlântica.


Ivo Poletto comunicou o apoio da Misereor da Alemanha para os próximos 3 anos, em termo de Fórum Mudanças Climáticas. A referência para os contatos com o Fórum Mudanças Climáticas será a Equipe de Coordenação do Fórum das Pastorais Sociais do Regional Sul 1. A Equipe de Coordenação fará uma síntese dos subsídios oferecidos neste Seminário para ferramenta de trabalho do Fórum das Pastorais Sociais e para o Fórum Mudanças Climáticas.


A Missa, presidida pelo Assessor Padre Valdeci João dos Santos e concelebrada pelo Padre Nelson Rosselli Filho, secretário executivo da CNBB Sul 1, começou no amplo espaço entre as árvores AL lado da Capela, com o canto da Terra, o louvor da criação e o pedido de perdão pelos danos que cometemos ou omissão em defesa da vida no planeta. Padre Valdeci, na homilia, exortou para a continuidade das ações do Seminário, das excelentes propostas trazidas pelo assessor do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social.


O coordenador do Fórum "Mudanças Climáticas e Justiça Social", Ivo Poletto, avalia que o seminário conseguiu atingir bem seus objetivos. “Esse seminário soma forças com outras iniciativas para recuperarmos nosso amor e cuidado com a Mãe-terra”. Irmã Ivoni, em nome da equipe, considerou que o seminário, no seu conjunto ocorreu bem. Sentiu-se um clima alegre e de confiança entre os participantes. Percebeu-se um maior empenho para o compromisso que começa na própria casa, paróquia, diocese.



Pela Equipe de Coordenação do Fórum das Pastorais Sociais do
regional Sul 1 da CNBB
Diác. José Carlos Pascoal.

A PFP da Arquidiocese custeou a participação de um membro e a Paróquia custeou a participação de dois membros. Agradecemos este apoio e pedimos ao Senhor da Messe que nos ajude a cuidar em conjunto do Planeta.

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