domingo, 23 de novembro de 2008

Fé e Política

A fé não é apenas dom de Deus. Ela é compromisso social e está voltada para a dignidade e o valor da vida. Na verdade, a vivência leva a uma realidade política, à realização do bem comum. Isto não foi diferente com Jesus. Ele despojou-se, assumindo a forma de servidor e tornando-se semelhante ao ser humano (Fl 2, 5.7).

A fé e a política são sentimentos arraigados no coração e no ser das pessoas. Elas se afloram em momentos determinados, gerando atitudes de compromisso e, às vezes, atos de irresponsabilidade. É preciso aprofundar uma reflexão sobre a interação entre a fé e a política. E há uma preocupação que justifica, citando palavras do papa Bento XVI, quando diz não entender porque, num país tão cristão, existir tantos políticos com alto grau de corrupção.

Na longa história do cristianismo, a fé e a política caminharam juntas. Os cristãos apoiados na Palavra de Deus, sempre entenderam que a vivência de fé tem que se desdobrar em ações sociais e políticas, e que interferisse na organização da sociedade. Mas isto, nos últimos tempos, dentro de movimentos ideológicos, tem sido questionado. É a tendência de separar e eliminar a abrangência da fé. Com isto, a política vem sendo desligada dos valores éticos, tornando-se instrumento de defesa de benefícios próprios ou de grupos.

Mas precisamos retomar a articulação que existe entre a fé e a política, tendo em vista o bem de todos. É atitude que exige de nós profunda conversão. Não conseguimos nos aproximar mais uns dos outros sem aproximação de Jesus Cristo. A participação na vida social, econômica, cultural e política das nossas realidades precisa ter inspiração nos Evangelhos. Sem isto não vamos promover verdadeiro desenvolvimento em benefício de todos e nem mudar as estruturas injustas existentes na sociedade.

Há sempre os conchavos políticos na preparação do momento eleitoral. Políticos verdadeiramente honestos e bem intencionados não devem se aliar aos comprovadamente desonestos e politiqueiros. O mal contamina e muda o perfil das pessoas. A ação corporativista descaracteriza a postura ética e moral de muitos políticos. Temos que acreditar ainda, apesar de tudo, numa ação política que traga vida e dignidade para todos. O cenário nacional, alimentado por tanta corrupção, não pode nos desanimar num caminho de justiça e de política mais comprometedora.

Percival Puggina

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