CEFEP - Seminário com as Escolas de Fé e Política de todo o Brasil

O Centro Nacional de Fé e Política Dom Helder Câmara promoveu neste último final de semana (14 a 16/03) um Seminário que reuniu representantes das Escolas de Fé e Política de todas as regiões do Brasil  e da Rede de Assessores, com o objetivo de integrar, mobilizar, motivar e articular às iniciativas de formação das novas Escolas locais e o intercambio dessas experiências.  

O seminário tratou uma vasta e rica discussão sobre os assuntos:

a) Eleições 2014 – desafios e perspectivas;

b) Apresentação da cartilha Eleições 2014;

d) Análise de conjuntura social e eclesial (papa Francisco);

e) Notícias do 5o. curso do CEFEP: avaliação, perfil dos participantes;

f) Intercâmbio entre as escolas locais e articulação;

g) Planejamento para o ano de 2014. 

A Exortação Evangelii Gaudium foi fonte inspiradora para a análise de conjuntura social e eclesial e também para o debate sobre o conteúdo das cartilhas Eleições 2014.

Destacamos a apresentação do Assessor Durval Ângelo sobre CONSELHO DE CIDADANIA: Exercício de Democracia: 

Sobre os Conselhos:

Representatividade nos Conselhos

A participação dos conselheiros deve ser pautada por uma relação intrínseca com os segmentos que representam, de forma que atuem na defesa de interesses verdadeiramente coletivos. 

“vários pareceres oficiais têm assinalado e reafirmado o caráter apenas consultivo dos conselhos, restringindo suas ações ao campo da opinião, da consulta e do aconselhamento, sem poder de decisão ou deliberação”. Mas não é consensual. Depende das leis estaduais e municipais que criam os Conselhos. (Maria da Glória Gohn – Artigo: “O papel dos conselhos gestores na gestão urbana”.) Pág. 26 

O risco da manipulação política dos Conselhos pelos executivos (“prefeiturização”)

Remédio: formação, acompanhamento e capacitação dos conselheiros. 

Ações para as escolas de Fé e Política, Pastorais, Movimentos:

a) Incentivar a criação dos Conselhos de Cidadania em seus Municípios;

b)  Mobilizar-se para as eleições de conselhos;

c)  Acompanhar a atuação dos conselheiros;

d) Exigir e fiscalizar a prestação de contas do Conselho. 

“A participação para ser efetiva precisa ser qualificada, ou seja, não basta a presença numérica das pessoas porque o acesso está aberto. É preciso dotá-las de informações das estruturas estatais. Não se trata, em absoluto, de integrá-las, incorporá-las à teia burocrática. Elas têm o direito de conhecer esta teia para poderem intervir de forma a exercitarem uma cidadania ativa e não regulada, outorgada, passiva.” 

“O caminho que fizeram os portugueses era o caminho que ainda não estava feito. Algo novo a ser ainda trilhado, navegado, por mares desconhecidos, nunca dantes navegados. Mareavam sem carta, porque eles haviam de fazer a carta de marear... Navegar sem carta, nem roteiro, por novos mares, por novos climas, com ventos novos, com céus novos e com estrelas novas.”

(Sermão de Sto. Antônio, Pe. Antônio Vieira)

 É este, hoje, o grande desafio das organizações populares, dos representantes do povo nos Conselhos de Cidadania: fazer o caminho, marear sem carta, construir o novo poder popular. Fazer as novas cartas de marear.

“Profetismo no exercício do poder”, texto de Pedro Ribeiro.

 

“A dificuldade torna-se ainda maior quando se trata de praticar o profetismo a partir dos lugares de poder. A razão é simples: o poder deslumbra. Deslumbrar é, literalmente ofuscar a vista (do outro) pela emissão de muita luz. Quanto maior é o brilho, menos consegue a pessoa enxergar outra coisa”.

“O poder (a cidade) é uma estranha senhora que hoje sorri e amanhã te devora”. 

“Será possível manter a radicalidade profética ao assumir um cargo de poder, ou (a) responsabilidade de quem ocupa um posto de mando obriga a renunciar às utopias, como se elas fossem aventurismo?”

 

O último dia do seminário teve inicio com a celebração eucarística presidida pelo padre e ex-aluno do CEFEP, Valdevino José de Almeida. Momento de muita emoção ao ver partilhar da mesma mesa eucarística membros de outras confissões religiosas (Igreja Batista) que são também ex-alunos do CEFEP. 

 

Na sequencia, os dois grupos se reuniram separadamente para discutir e avaliar alguns aspectos do CEFEP por ocasião dos seus 10 anos de funcionamento. Feito isso,  apresentaram em conjunto, o resultado, em forma de sugestões e encaminhamentos.

 

Representantes da Escola de Fé e Política Waldemar Rossi e da REC/SP- Rede de Escolas de Cidadania de São Paulo fizeram a apresentação das mesmas no momento reservado para tal.

 

Participantes avaliaram positivamente o Seminário, mesmo evidenciando algumas sugestões de melhorias.

 

Texto escrito por Mônica Lopes

Representante da Escola de Fé e Política Waldemar Rossi e da REC/SP – Rede de Escolas de Cidadania de São Paulo, no seminário