segunda-feira, 20 de julho de 2009

SINTRACON SP


Na manhã de hoje (20/07/2009) o SINTRACON SP (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo) organizou uma paralização geral em protesto ao elevado número de mortes que tem ocorrido no setor.

Esta movimentação também chegou ao nosso bairro, com a paralização das diversas obras que estão em execução no entorno de nossa paróquia, onde os trabalhadores foram convidados a participar dos protestos e da entrega de um documento junto a Superintendência do Ministério do Trabalho de SP.

Nossa pastoral entrevistou um dos representantes do SINTRACON presentes, o Senhor João Rodrigues de Araujo, que gentilmente concordou em conversar conosco:

PFP – Estamos com o senhor João Rodrigues de Araujo do SINTRACOM, que está nos concedendo gentilmente uma entrevista sobre a paralisação que está ocorrendo aqui em frente a obra Central Park Prime Tatuapé.

PFP – Qual seria o motivo deste movimento?

JRA – Nos estamos protestando devido ao grande número de acidentes do trabalho que estão acontecendo nas obras. As obras estão a todo vapor, mas este ano já morreram 10 trabalhadores e o Sindicato tem que fazer alguma coisa em defesa da vida e da segurança do trabalhador.

PFP – Sem dúvida! Morreram 10 pessoas?

JRA – Sim, trabalhadores catalogados, famílias que foram arrasadas, que perderam seu chefe de família, mães que perderam filhos... O Sindicato quer chamar a atenção de três segmentos: primeiro da sociedade em geral, em seguida dos empresários para que invistam mais na segurança e finalmente do governo, para que fiscalize mais esta situação de acidentes do trabalho. Além disso, ainda existem os acidentes que tem deixado seqüelas, e não gerado mortes.

PFP – As empresas tem dado alguma assistência para as famílias desses trabalhadores que acidentaram-se ou até morreram?

JRA – Infelizmente não. As empresas fazem a quitação do trabalhador, pagam o seguro obrigatório, que não chega a R$ 5.000,00, e entregam a família na mão do INSS... e sabe Deus quando começam a receber. Existem casos de pessoas que morreram em fevereiro e a viúva até agora (julho) não conseguiu a aposentadoria. Isso tem chamado a nossa atenção e o Sindicato vem socorrendo estas famílias na medida que pode, mas acho que é obrigação do governo e das empresas também assumirem esse ônus.

PFP – Sem dúvida. E vocês estão se reunindo aqui para irem a algum outro lugar?

JRA – Daqui nós vamos para a sede do Sindicato e de lá vamos sair em passeata até o Ministério do Trabalho, a antiga DRT, onde vamos entregar um documento cobrando das autoridades, dos representantes do Ministério do Trabalho. Estaremos levando 10 caixões representando os 10 trabalhadores que morreram, irão também as famílias desses trabalhadores, que foram convidadas para protestar. São mães, são esposas, são filhos que perderam seu entes queridos, o que dói muito prá gente da obra. Nós estaremos protestando lá, no Ministério do Trabalho, para que eles tomem providencias urgentes.

PFP – Eu agradeço a sua entrevista e conte com a solidariedade e divulgação por nossa parte. Necessitando de algum suporte pastoral aos trabalhadores daqui, também conte conosco.

JRA – Eu agradeço e toda ajuda possível será excelente. E também nós nos colocamos a disposição da paróquia.

O ofício do SINTRACON SP foi entregue ao superintendente Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo, Sr. José Roberto de Melo e a movimentação contou com a presença de mais de 4.000 operários. Este documento pede também a urgente implantação de uma política nacional voltada à saúde e segurança.

Um comentário:

  1. Paulo, parabéns pelo trabalho. Demonstrando preocupação e responsabilidade nas informações.

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