domingo, 8 de março de 2015

Dia Internacional da Mulher - 08 de março de 2015

Por ocasião da passagem de mais um “Dia Internacional da Mulher”, a Pastoral Fé e Política provoca uma reflexão sobre essa temática, fazendo um recorte na história numa época onde mais uma vez, apesar da participação efetiva, a Mulher é desumanizada e retratada como “algo” sem alma ou vontade.
 

A Mulher na II Guerra Mundial
por Paulo Lopes
 
 
Em 2015 lembramos os 70 anos do fim da II Guerra Mundial, um conflito que moldou muito do que somos até hoje. Iniciado formalmente em setembro de 1939 com a invasão da Polônia pelos nazistas, mas atualmente também visto como uma continuação da I Guerra Mundial, estendeu-se até setembro de 1945 com a rendição do Japão aos EUA. Muito se tem escrito sobre ela, as atrocidades cometidas, a tecnologia envolvida, os impactos sociais e os grandes heróis e vilões que dela participaram, mas esquecemos quase sempre de citar especificamente o papel corajoso que as mulheres desempenharam nesse período triste de nossa história.
 
Na maioria dos países envolvidos diretamente na II Guerra Mundial as mulheres desempenharam o papel de substitutas da mão de obra masculina em fábricas e serviços públicos ou serviram militarmente como unidade auxiliar (médica, transporte, de cozinha, manutenção, etc.), além de serem geralmente as grandes vítimas civis do conflito.
 
Quando operárias tiveram um duro papel a cumprir nas fábricas e na construção, sempre com a constante dúvida sobre a sua capacidade para isso e o dever de continuar cuidando da casa e dos filhos nos ombros. Foram estas mulheres que deram o suporte necessário para que suas tropas continuassem em luta. Nas cidades da Europa e Ásia esta tarefa ainda deveria ser cumprida sob o risco de bombardeios inimigos. Eram elas também que cuidavam dos feridos, ajudavam a desobstruir ruas e a remover escombros. Essas desconhecidas mulheres tiveram seu próprio “front caseiro”, onde a quantidade de vítimas fatais e feridos muitas vezes superava aquelas das frentes de batalha. Prova disso é que 58% das fatalidades ocorridas durante a II Guerra Mundial foram de civis.
 
Dentro das forças armadas elas cumpriram seu papel, embora nem sempre reconhecidas. As aviadoras soviéticas eram tão hábeis e temidas pelos nazistas que os pilotos alemães que abatessem uma delas eram condecorados. As “snipers” russas ficaram tão famosas no Exército Vermelho quanto seus colegas homens. Milhares de francesas, polonesas, italianas, chinesas e russas juntaram-se a grupos de resistência em territórios ocupados pelos nazistas, onde a captura significava a morte. Quase que anonimamente, enfermeiras, mecânicas, cozinheiras, motoristas, aviadoras, intendentes e técnicas prestavam todo o tipo de trabalho de suporte dentro das unidades em combate, eventualmente pagando com suas vidas.
 
Foram as grandes vítimas do conflito: além de enfrentarem todos os riscos que os homens enfrentavam também sua condição de mulher as expunha a muitos mais. Entre 1945 e 1948 cerca de 2.000.000 de mulheres alemãs foram estupradas somente pelos pelos soviéticos, das quais 240.000 morreram, 90% das sobreviventes contraíram doenças venéreas, 75% foram violentadas mais de uma vez e em metade dos casos os estupros ocorriam de forma coletiva. Na Ásia os japoneses obrigam aproximadamente 200.000 mulheres a se prostituírem exclusivamente para seus militares, as chamadas “mulheres de conforto militar”, além de violentarem um número incalculável de outras, principalmente chinesas, nos territórios que ocupam. É inimaginável a quantidade de mulheres que foram estupradas, humilhadas e assassinadas durante a guerra e as graves consequências sociais disso.
 
Nos campos de concentração não era diferente. Judias eram organizadas em prostíbulos como recompensa para os prisioneiros com bom comportamento e civis colaboracionistas, o campo de concentração de Ravensbrück, especialmente construído para mulheres, realizava experimentos com as prisioneiras e seus bebes que mal podemos conceber atualmente.
 
Esta tragédia mundial, entretanto, abriu espaço para que as mulheres pudessem mostrar sua igualdade intelectual e de capacidades para o mundo, iniciando uma segunda onda de conscientização e tomada de direitos (a primeira acontece após a I Guerra Mundial) que culminaria com o movimento feminista dos anos 60 que passa a combater direta e explicitamente as estruturas sexistas sociais e de poder em nossa sociedade. Essas pioneiras, seja como combatentes ou civis tentavam manter a sobrevivência da sociedade e de suas famílias, desempenhando um papel heroico em meio ao caos, sujeitas a todo tipo de violência, a estupros sistemáticos, a fome e a falta de recursos em geral. Com seu sacrifício, abrem o caminho que suas filhas e netas trilhariam nas décadas seguintes em busca do respeito como seres humanos e da igualdade de direitos, uma caminhada que continua até os nossos dias.
 
Paulo Lopes
Agente da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo
 


 

Muito atento e sensivel a tudo o que diz respeito à dignidade humana, o Papa Francisco se encontra com algumas dessas ex-escravas sexuais da II Guerra Mundial.
Segue link:
 
 
“Quero uma Igreja solidária, servidora e missionária, que Anuncia e saiba ouvir.
A lutar por DIGNIDADE por JUSTIÇA, IGUALDADE, pois “EU vim para servir””. (Refrão do hino da CF 2015)
 

 
Minha fé é política porque ela não suporta separação entre o corpo de Jesus e o corpo de um irmão. 
Minha fé é política porque crê que a economia pode mudar um dia e ser toda solidária.
Minha fé é política porque acredito na juventude, na sua força e inquietude, no seu poder de diferença
e na força da velhice que com sua sabedoria e experiencia ainda tem muito a colaborar, para um país justo,  igualitário sem tantas injustiças sociais..  
Pastoral Fé e Política
Arquidiocese de São Paulo 
A partir de Jesus Cristo em busca do bem comum 
 
 


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