quinta-feira, 30 de abril de 2015

A Sociedade de Hoje e 30 Anos de Diretas Já!


   Em nossa sociedade, com frequência, ouvimos dizer de que o brasileiro não se importa com a política e, também, que muitos dos problemas do Brasil, como a precariedade da saúde, educação e segurança públicos não tem solução. Nós, cristãos, muitas vezes precisamos remar contra a corrente, acreditando e mostrando que Deus está conosco e, por isso, é possivel construir um mundo melhor. A igreja promove todos os anos a Campanha da Fraternidade, um importante trabalho que tem por objetivo denunciar as raizes de diversos problemas sociais e mostrar que existem soluções que dependem da participação de todos. Em 1996, o tema foi "Fraternidade e Política", e o lema "Justiça e Paz se abraçarão". Seguindo o que Jesus pregou com sua vida, devemos participar da busca do bem comum, e isso envolve, com certeza, levarmos a serio a política. Embora se diga com frequencia que o brasileiro não se importa com o bem comum, no artigo seguinte, podemos ver que não é bem assim:

    Ao comparar protestos, especialistas ouvidos pelo iG afirmam que os manifestantes de hoje resistem à 'velha política', mas levantam bandeiras para mudar a sociedade


   O ano de 2013 surpreendeu quem acreditava na apatia política do jovem brasileiro. Milhões saíram às ruas e movimentaram a agenda politica nacional a partir do grito por passe livre no transporte público. No dia 21, auge das manifestações que marcaram o mês de junho, 100 mil pessoas tomaram as principais vias paulistanas e pararam a capital financeira do País. O número, mesmo gigantesco, é menos de um décimo da massa de 1,7 milhão que encheu o centro de São Paulo no dia 17 de abril de 1984, todos entoando o grito por Diretas Já.


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Infográfico: saiba o que foi o movimento das Diretas Já



   Nas três décadas que separam os dois momentos políticos, seis presidentes foram eleitos diretamente, os brasileiros viram suas opções de partido saltarem de quatro (PMDB, PTB, PDT, PT) para 32, e a população saltar de 129 milhões para mais de 202 milhões. No período de maior estabilidade democrática do Brasil, o PIB per capita cresceu mais de oito vezes, saltando de R$ 2.696 em 1984 para R$ 22.235 em 2012, embora não na mesma proporção que a distribuição de renda. As manifestações, que começaram em março de 1983, em uma era sem internet e à mercê da TV e dos Correios, levaram um ano para cair no gosto do brasileiro. Em 2013, o País entrou em chamas em menos de um mês.


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   Uma coisa não mudou: a disposição política do jovem. Apesar das mudanças das bandeiras e dos métodos de expressão escolhidos, a geração que se formou sem vivenciar as Diretas ou o movimento dos Caras Pintadas em 1992, também se preocupa com política - mas não a "velha política" de sempre. Para o professor da Unesp Marco Aurélio Nogueira, autor do livro “As Ruas e A Democracia”, os jovens de hoje são resistentes a algumas características dos partidos, como estrutura hierárquica e ritos burocráticos. "Antes, em 84, os jovens eram mais ‘partidários’. Hoje, são mais ‘políticos’, no sentido de que se preocupam mais com o modo de intervir para que a vida coletiva melhore. Além disso, não aceitam a ideia de que seria preciso fazer uma entrega incondicional à política, como se a política devesse ocupar a maior parte do tempo de vida de alguém. [Eles] negociam seu engajamento e buscam preservar zonas consistentes de vida fora da política", analisa.

Maior movimento popular da história do Brasil, Diretas Já completa 30 anos


   Para o o historiador da UFRJ Carlos Fico, é errada a leitura de que hoje "os jovens são despolitizados". "A juventude tem uma politização que, claro, tem características diferentes, mas que estão sempre dispostos. A política muda, e a própria forma de manifestação muda. Hoje em dia há um importante papel das redes sociais, que antes não existia. Os objetivos são distintos. As manifestações hoje em dia tem uma inteligência muito grande, principalmente em relação aos eventos simbólicos. Os rolezinhos, por exemplo, os meninos que fazem têm noção consciente ou inconsciente da importância de aparecer na mídia", afirmou.
   Todos filmam, fotografam, ensaiam gritos de guerra e performances, contra a polícia, o sistema, o mercado. As bandeiras variam, mas todas orbitam em torno de maior acesso à cidadania: transporte, saúde, educação etc. A tática black bloc, marca das manifestações após a redução da tarifa (de julho em diante), explora a força dos símbolos em todas as suas ações: das máscaras pretas para não serem identificados aos alvos escolhidos nas quebradeiras dos rescaldos dos protestos, como as agência bancárias.

   O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) - na época o primeiro reitor eleito de forma direta na Universidade de Brasília (Unb) - diz que os jovens que lotaram o Congresso pelo direito de eleger o próximo presidente nos anos 80 tinham "mais sonhos". "Eu acho que naquela época a política tinha mais mística, mais propostas, uma empolgação em mudar o País. Hoje os políticos estão mais modestos, para não dizer medíocres. Perdemos a mística e a nitidez", diz o senador, que critica as alianças partidárias pragmáticas para assegurar o poder, segundo ele, uma prática recente e mais frequente a partir da eleição de Lula em 2002.

   Nogueira também critica o desvio nos objetivos dos políticos que atuam hoje no País. "Partidos e parlamentares, que são os principais agentes da democracia organizada, perderam o pé da realidade social: cuidam mais de seus próprios negócios do que das demandas populares e dos interesses sociais. Afastaram-se da sociedade", diz. O professor credita o menor interesse do brasileiro na política institucional ao crescimento econômico constante desde a retomada democrática. "Há mais oferta de bens, o consumo está massificado, o mercado é ativíssimo e as pessoas têm boa parte de sua energia encaminhada para a economia e o comércio. O menor engajamento político de hoje tem a ver com esse processo, que praticamente desorganizou o que havia de vida organizada, especialmente na política." Para ele, o Brasil de hoje é uma sociedade ‘fora de controle’, ao contrário do País de 1984, menos desenvolvido e ‘mais simples’, mais efetivamente nas mãos de quem tinha poder.

Mais do mesmo


   Se algo permanece firme desde a queda da ditadura, são os aparatos de repressão. A polícia continua militar e houve até casos de prisões de manifestantes enquadrados na Lei de Segurança Nacional, herança do governo autoritário. Em São Paulo, a corporação foi duramente criticada por deter jovens por porte de vinagre, propagandeado como um antídoto ao efeito moral do gás lacrimogênio das bombar, por agredir jornalistas que cobriam os eventos, e por usar indiscriminadamente balas de borracha.

   Mas em tempo de democracia, os excessos devem ser investigados e os governantes são cobrados pela população. "Em 1984, tinha-se pela frente uma ditadura. Faziam-se comícios e ações políticas num clima de medo e insegurança. Os governos ameaçavam e seus órgãos repressivos eram fortes. Hoje, vive-se em democracia. Os governos ouvem, buscam negociar, recebem manifestantes e dão condições de manifestação a eles. Só não é melhor porque os órgãos repressivos não melhoraram como deveriam: ainda não aprenderam a lidar e a conviver com as manifestações sociais de hoje", diz Nogueira.

fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/politica/2014-01-29/jovens-hoje-sao-mais-politicos-e-menos-partidarios-do-que-os-das-diretas-ja.html

Abaixo, texto por Filipe Thomaz


   A igreja tem por missão trabalhar ativamente para motivar todos os filhos de Deus a participar da construção de um mundo melhor. A Bíblia nos relata que em diversas situações difíceis, o povo de Deus, unido, superou as injustiças. Hoje, temos a missão de construir estruturas justas em que todos os nossos irmãos tenham acesso às coisas essenciais. Nós, para seguirmos o que Cristo nos ensinou, precisamos ter em mente que Deus quer que todos unidos nos libertemos das estruturas de pecado. A doutrina social da Igreja nas últimas décadas e as Campanhas da Fraternidade estão sempre relacionados à busca do bem de todos os nossos irmãos.

   Para se construir o reino de Deus é fundamental cada um de nos ajudar a promover estruturas justas, através das quais todos tenham acesso digno a serviços essenciais como saúde, segurança e educação.

   Os serviços particulares de segurança estão presentes em varias situações que frequentemente não percebemos. Por exemplo, muitas vezes, residimos em condomínios por questões de segurança, pois a que o governo nos fornece, infelizmente, deixa muito a desejar.
Se a saúde pública funcionasse bem, não seriam necessários os planos de saúde. Os serviços particulares vem se tornando concorrentes do Estado porque o poder público não se faz presente onde a população necessita, e quase sempre os pobres são os mais afetados.
Vale lembrar que é dever do Estado, previsto expressamente na Constituição, prover segurança e também saúde para todos.
   Muitos de nós temos a visão equivocada de que "o que o governo faz é de graça", ou são meros favores. Isso não é verdade, os impostos que pagamos, e não são poucos, precisam ser usados para custear todas as atividades do Estado, incluindo saúde, educação e segurança públicos.

   Nós, como cristãos, não podemos aceitar de que só tenha acesso digno a coisas fundamentais para o ser humano quem tenha dinheiro para pagar por serviços particulares. Atenta a essas questões, a Igreja católica promove todos os anos a Campanha da Fraternidade, um importante trabalho, que por diversas vezes, trata de temas relacionados a serviços públicos essenciais. Alguns exemplos são:

1981 Saúde e Fraternidade Saúde para todos
1982 Educação e Fraternidade A verdade vos libertará
1983 Fraternidade e Violência Fraternidade sim, violência não
1998 Fraternidade e Educação A Serviço da Vida e da Esperança
2009 Fraternidade e Segurança Pública A Paz é fruto da Justiça
2012 Fraternidade e saúde pública Que a saúde se difunda sobre a terra!

   Jesus Cristo nos mostrou o caminho para a construção do reino de Deus, um mundo no qual todos tenham os mesmos direitos, independentemente de serem ricos ou pobres, e coisas essenciais não faltem a ninguém
  Nós cristãos, às luz da palavra de Deus, precisamos, cada um dentro de suas possibilidades, ir contra corrente e cobrar dos nossos governantes que a saúde e segurança públicas sejam de qualidade e para todos.

   Em Atos dos Apóstolos capítulo 3, versículos 42 a 47, a Bíblia nos relata que nas primeiras comunidades os cristãos vendiam seus bens e colocavam tudo a serviços de todos. Hoje, ainda que não tenhamos condições de fazer exatamente o mesmo, temos meios concretos de lutar para construir estruturas em que o bem comum, chegue concretamente a todos. Isso depende diretamente da nossa participação.

   Pode parecer difícil, mas existem muitas formas de cobrarmos melhores serviços públicos. Estamos nos aproximando de mais uma eleição, e, com certeza, faz muita diferença para nosso futuro, se votarmos em candidatos comprometidos com o bem comum. Outra forma fundamental de lutarmos por mais justiça social, é a partir de diversas formas de democracia participativa direta. Por exemplo, podemos participar de audiências públicas que, embora pouco divulgadas, são abertas à participação de todos. Podemos, também usar as diversas ouvidorias da entidades publicas, além de outros canais que estão a nossa disposição. Cada um de nós tem um papel fundamental para despertar a consciência das pessoas ao nosso redor. Quando questionamos algo que está errado, sem dúvida, muitos ao nosso redor passam a ter dúvidas, pensar sobre o assunto, e refletir se as coisas realmente estão ou não corretas. etc.

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