sexta-feira, 31 de agosto de 2012

"Um favorzinho! (não faz mal prá ninguém?)"


Marilia Amaral*

Iniciaremos hoje o tema do último encontro da cartilha "Não será assim entre vós", editado pelo CEBI. Falaremos então do Evangelho segundo Marcos 10,35-45, onde o tema do encontro é "Um favorzinho! (não faz mal prá ninguém?)".

Ouçamos:
"Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram até ele e disseram-lhe: 'Mestre, queremos que nos faças o que te pedimos'. Ele perguntou: 'Que quereis que eu vos faça?' Disseram: 'Concede-nos, na tua glória, sentarmo-nos, um à tua direita, outro à tua esquerda'.
Jesus respondeu: 'Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que eu beberei e ser batizados com o batismo com que serei batizado? Eles disseram-lhe: 'Podemos'. Jesus replicou-lhes: 'Do cálice que eu beber, vós bebereis, e com o batismo com que eu for batizado, sereis batizados. Todavia, o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não cabe a mim concedê-lo, mas é para aqueles aos quais isso foi destinado'.
Ouvindo isso, os dez começaram a indignar-se contra Tiago e João. Chamando-os Jesus lhes disse: 'Sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam, e os seus grandes as tiranizam. Entre vós não será assim: ao contrário, aquele que dentre vós quiser ser grande, seja o vosso servidor, e aquele que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o servo de todos. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos'."
Palavra do Senhor.

Vejamos, esta mesma leitura é encontrada no Evangelho segundo Mateus 20,20-28, porém nesta última quem se dirige a Jesus, fazendo este pedido é a mãe deles, de Tiago e João. Ainda no Evangelho segundo Mateus, no capítulo 27, quando narra a morte de Jesus, Mateus informa que entre as mulheres que olhavam de longe e que tinham acompanhado Jesus desde a Galileia, a servi-lo estava a mulher de Zebedeu.
Podemos fazer duas observações a partir dessa informação. Uma delas é de que talvez o fato de ser muito próxima de Jesus, servindo-o, fosse o motivo pelo qual a mulher de Zebedeu se achasse no direito de pedir a Jesus esse favorzinho. "Sentar à esquerda e à direita seria um sinal de poder como o que era conhecido pelos governadores e imperadores que nomeavam seus ministros e seus cargos de confiança".
A segunda observação é que mesmo Jesus tendo exposto que sua lógica não era a mesma do império, que seus discípulos deveriam ser servidores e não dominadores, a mulher de Zebedeu não deixou de segui-lo, tanto que estava presente na sua paixão.
Trazendo o evangelho para a nossa realidade da campanha eleitoral, uma pergunta que podemos fazer aos nossos candidatos é: "Quem?"
  • Quem banca sua campanha? 
  • Quem vai governar com você? 
  • Quem serão os secretários nomeados caso você seja eleito? 
  • Quem será subprefeito? 
  • Quem serão os chefes de gabinete? 
  • Essas pessoas estarão com você, caso haja perseguição? Ou só lhes interessa o poder? 
  • Você e essas pessoas estão a serviço da população?


Amanhã faremos mais algumas considerações sobre esse tema.
*Membro da Pastoral Fé e Política - Região Santana.
Rádio 9 de julho

Consumismo


Filipe Thomaz*

No mundo atual, cada vez mais, se estimula o consumismo exagerado, e se tenta convencer a todos que é uma necessidade consumir e comprar coisas de que não necessitamos. Nesse sistema perverso, o dinheiro vem sendo colocado como se fosse mais importante do que a dignidade e as relações humanas. Isso traz, também, graves consequências para o meio ambiente. O artigo seguinte, publicado no site www.adital.com.br mostra com muita clareza a gravidade da situação.

O consumismo: uma doença?
Marcelo Colussi
Escritor e politólogo argentino. Atualmente radicado na Venezuela
No coração da selva do Petén, no que atualmente é a Guatemala, no cume do Templo IV, joia arquitetônica legada pelos mayas do Período Clássico, duas jovens turistas estadunidenses –com roupa Calvin Klein, com sapatos Nike, com óculos escuros Rayban, com telefones celulares Nokia, câmeras fotográficas digitais Sony, videofilmadoras JVC e cartão de crédito Visa, hospedadas no hotel Westing Camino Real e tendo viajado com milhas de "viajante frequente” por meio de American Air Lines, hiperconsumidoras de Coca-Cola, Mc Donald’s e de cosméticos Revlon-, comentavam ao escutar os gritos de macacos nas copas das árvores próximas: "Pobrezinhos, gritam de tristeza, porque não têm por perto um‘super’ onde possam fazer compras”...
Consumir, consumir, hiperconsumir, consumir mesmo que não seja necessário; gastar dinheiro; ir ao shopping... Tudo isso passou a ser a consigna do mundo moderno. Alguns –os habitantes dos países ricos do Norte e as camadas acomodadas dos do Sul- conseguem sem problemas. Outros, os menos afortunados –a grande maioria do planeta- não; porém, da mesma forma são compelidos a seguir os passos ditados pela tendência dominante: quem não consome está out; é um imbecil; sobra; não é viável. Mesmo correndo o risco de endividarem-se, todos têm que consumir. Como ousar contradizer as sacrossantas regras do mercado?
Poderíamos pensar que o exemplo das jovens acima apresentado é uma ficção literária –uma má ficção, por certo-; porém, não: é uma tragicômica verdade. O capitalismo industrial do século XX teve como resultado as chamadas sociedades de consumo onde, asseguradas as necessidades primárias, o acesso a banalidades supérfluas passou a ser o núcleo central de toda a economia. Desde a década dos 50, primeiro nos Estados Unidos, em seguida na Europa e no Japão, a prestação de serviços superou a produção de bens materiais. Supostamente, os bens massivos suntuários ou destinados não somente a garantir a subsistência física (recreação, compras não unitárias, mas por quantidades, mercadorias desnecessárias, porém impostas pela propaganda etc.) encabeçam a produção geral. Por que essa febre consumista?
Todos sabemos que a pobreza implica carência, falta; se alguém tem muito é porque outro tem muito pouco, ou não tem. Em uma sociedade mais justa, chamada socialismo, "ninguém morrerá de fome porque ninguém morrerá de indigestão”, disse Eduardo Galeano. Não é necessário um doutorado em economia política para chegar a entender essa verdade. Porém, contrariamente ao que se poderia considerar como uma tendência solidária espontânea entre os seres humanos, quem mais consome anseia, mais do que tudo, continuar consumindo. A atitude das sociedades que têm seguido a lógica do hiperconsumo não é de detê-lo, repartir tudo o que se produz com equidade para favorecer aos despossuídos, deter o saqueio impiedoso dos recursos naturais. Não, ao contrário, o consumismo traz mais consumismo. Um cachorro de uma casa de classe média do Norte come uma média anual de carne vermelha maior do que um habitante do Terceiro Mundo.
Enquanto muita gente morre de fome e não tem acesso a serviços básicos no Sul (água potável, alfabetização mínima, vacinação...), sem a menor preocupação e quase com frivolidade são gastas quantidades incríveis em, por exemplo, cosméticos (8 bilhões de dólares anuais nos Estados Unidos), ou sorvetes (11 bilhões anuais na Europa), ou comida para mascotes (20 bilhões anuais em todo o primeiro mundo). Então, os seres humanos somos uns estúpidos e superficiais individualistas, desperdiçadores irresponsáveis, compradores vazios compulsivos? Responder afirmativamente seria parcial, incompleto. Sem dúvida, todos podemos entrar nessa louca febre consumista; a questão é ver porque esta é instigada, ou ainda mais: fazer algo para que esta não continue sendo instigada. Isso leva a reformular a ordem econômico-social global vigente. Essa loucura não pode continuar!
Mas, é certo que nas prósperas sociedades de consumo do Norte surgem vozes chamando a uma ponderada responsabilidade social (consumos racionais, energias alternativas, reciclagem dos desperdícios, ajuda ao subdesenvolvido Sul...), não devemos esquecer que essas tendências são marginais, ou, pelo menos, não têm a capacidade de incidir realmente sobre o todo.
Recordemos, por exemplo, o movimento hippie, dos anos 60 do século passado: apesar de que representava um honesto movimento anticonsumo e um questionamento aos desequilíbrios e injustiças sociais, o sistema finalmente acabou devorando-o. Dito seja de passo: as drogas ou o rock and roll, suas insígnias das décadas dos 60 e 70, acabaram sendo outras tantas mercadorias de consumo massivo, geradoras de grandes lucros (não para os hippies, precisamente!).
Uma vez fomentado o consumismo, tudo indica que é muito fácil –muito tentador, sem dúvida- ficar seduzido por suas redes. Por exemplo: os polímeros (as distintas formas de plástico) constituem uma invenção recente na história; no Sul chegam em meados do século XX; porém, hoje, nenhum habitante de nenhum empobrecido país poderia viver sem eles; e, de fato, em proporção, são consumidos mais nos países empobrecidos do que no mundo desenvolvido, onde começa a haver uma busca por material reciclado. Por diversos motivos (para estar na moda que lhe impuseram?), é mais provável que um pobre do Terceiro Mundo compre uma cesta de plástico do que de cipó. O consumismo, uma vez em marcha, impõe uma lógica própria da qual é difícil desvencilhar-se. É "aditivo”...
Do mesmo modo, e sempre nessa dinâmica, vejamos o que acontece com o automóvel. Atualmente, é mais do que sabido que os motores de combustão interna –ou seja: os que rendem tributo à monumental indústria do petróleo- são os principais agentes causadores do efeito estufa; sabe-se que produzem um morto a cada dois minutos em escala planetária devido aos acidentes de trânsito, inconvenientes que poderiam ser resolvidos ou pelo menos minimizados com o uso massivo de meios de transporte público, mais seguros em termos de segurança individual e ecológica (um só motor pode transportar cem pessoas, por exemplo; porém, até que não se acabe a última gota de petróleo não haverá veículos impulsionados por energias limpas: água ou sol, por exemplo).
Um motor queimando combustíveis fósseis por pessoa não é sustentável a largo prazo em termos meioambientais; porém, curiosamente, para os primeiros 25 anos do século em curso, as grandes corporações de fabricantes de automóveis estimam vender 1 bilhão de unidades nos países do Sul, e os habitantes dessas regiões do globo, sabendo de tudo o que se escreveu acima e conhecedores dos disparates irracionais que significa mover-se em cidades atoladas de veículos, estão festejando o boom dessas máquinas fascinantes.
Nessa lógica, quem pode, mesmo endividando-se durante anos, faz o impossível para obter seu "zero quilômetro”. Tudo isso nos leva a duas conclusões: por um lado, parece que todos os seres humanos somos muito manipuláveis, fáceis de convencer (os publicitários sabem disso perfeitamente). A semiótica ou a psicologia social de cunho estadunidense, centrada no manejo mercadológico das massas, dizem o mesmo. Se não fosse assim, George W. Bush, um alcoólatra recuperado, pouco douto nas lides políticas, não poderia ter sido presidente de seu país por duas gestões (graças a um vídeo sensacionalista em sua segunda campanha presidencial, por exemplo, que explorou os medos irracionais do eleitorado); ou o cabo de exército alemão Adolf Hitler não poderia ter feito o "educado” povo alemão acreditar ser uma raça superior e levá-lo a um holocausto de proporções dantescas.
Porém, por outro, como segunda conclusão –e isso é, sem dúvida, o nó górdio do assunto- as relações econômico-sociais que desenvolveram com o capitalismo não oferecem saída a essa cilada da dinâmica humana. O grande capital não pode deixar de crescer; porém, não pensando no bem comum: cresce, da mesma forma que um tumor maligno, de forma descontrolada, desordenada, sem sentido. Para que a grande empresa tem que continuar se expandindo? Porque sua lógica interna o força a isso; não pode deter-se, mesmo que isso não sirva para nada em termos sociais. Por que os milionários donos de suas ações têm que continuar sendo cada vez mais milionários? Porque a dinâmica econômica do capital o força; porém, não porque esse crescimento sirva à população. E esse crescimento, justamente –como tecido cancerígeno- se faz a expensas do organismo completo, do todo social, nesse caso; fazendo-se consumir, consumir o desnecessário; depredando recursos naturais e tornando-nos cada vez mais bobos; manipulando nossas emoções através das técnicas de comércio, para que continuemos comprando. "Pobrezinhos, gritam de tristeza, porque não têm por perto um ‘super’ onde possam fazer compras”...
Ditando modas, fixando padrões de consumo, obrigando a mudar desnecessariamente os produtos com ciclos cada vez mais curtos (obsolescência programada), fazendo sentir um "selvagem primitivo” a quem não segue esses níveis de compra contínua, com refinadas –e patéticas- técnicas de comercialização (propaganda enganosa, manipulação midiática que não dá sossego, crédito pré-aprovado...), o grande capital, dominador cada vez mais absoluto do cenário econômico-político-cultural do planeta, impõe o consumo com mais ferocidade que as forças armadas que o defendem lançam bombas sobre territórios rebeldes que resistem a seguir esse roteiro.
Por certo que, dadas certas circunstâncias, o "consumismo” desenfreado poderia ser considerado como uma conduta patológica. De fato, na Classificação Internacional das Enfermidades (CIE), da Organização Mundial da Saúde, bem como no Manual de Transtornos Mentais, da Associação de Psiquiatras dos Estados Unidos (DSM), versão IV, aparece como uma possível forma das compulsões. E, a partir dessa matriz médico-psiquiatrizante, a "compra compulsiva” pode chegar a ser descrita como uma categoria diagnóstica determinada. "Preocupação frequente com as compras ou o impulso de comprar, que se experimenta como irresistível, invasivo e/ou sem sentido. Compras mais frequentes do que uma pessoa se pode permitir e de objetos que não são necessários, ou sessões de compras durante mais tempo do que se pretendia”.
Sem negar que isso exista como variável psicopatológica ("Calcula-se que a compra compulsiva atinge entre 1.1% e 5.9% da população geral e é mais comum entre as mulheres do que entre os homens”), o consumismo voraz que o sistema nos impõe é mais do que uma conduta compulsivo-aditiva individual. Em todo caso, nos fala de uma "enfermidade” intrínseca ao próprio sistema. Se as jovens do exemplo que dei no começo desse artigo são tão "estúpidas”, frívolas e superficiais, são apenas o sintoma de um transtorno que se move atrás delas. Transtorno que, certamente, não se resolve com nenhum produto farmacêutico, com um novo medicamento milagroso, com outra mercadoria a mais para consumir, por melhor apresentada e por mais publicidade que tenha. Ao contrário, se resolve mudando o curso da história.

Jesus Cristo sempre pregou que as pessoas fizessem o bem umas às outras, para assim construirmos o reino de Deus. Todos, sem excluir ninguém são convidados a participar dessa construção e portanto, as pessoas não podem ser valorizadas ou desvalorizadas conforme seu padrão de consumo. O dinheiro é importante mas não pode se tornar um ídolo. A Bíblia mostra que todas as vezes que o povo colocava ídolos do lugar de Deus, ocorriam graves consequencias.
Todos os anos, a Igreja promove a Campanha da Fraternidade, que tem por objetivo nos fazer refletir sobre nosso papel como cristãos e mostrar que cada um de nós é convidado a ajudar a combater problemas sérios do nosso mundo e participar da construção do reino de Deus. Em 2010, o tema foi "Economia e Vida (ecumênica)" e o lema "Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro". em 2011, a campanha teve o tema "Fraternidade e a Vida no Planeta" e o lema "A criação geme em dores de parto". A Igreja, incluindo todos nós, não pode, em nenhuma hipótese ficar indiferente às necessidades concretas do nosso mundo.

*Membro da Pastoral Fé e Política - Região Belém

Notícias da Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo


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Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A importância da participação política dos jovens e a definição do voto nas eleições municipais


Pedro Aguerre *
Na semana passada terminamos nosso comentário citando um artigo recente de Frei Betto em que reforçava a importância da participação da sociedade às vésperas das eleições municipais, especialmente a responsabilidade na escolha dos candidatos a prefeito e vereador. A justificativa é de que o município é a instância administrativa mais próxima dos cidadãos, que atua nas demandas práticas concretas e cotidianas da população. Assim suas decisões têm impacto concreto nas realidades dos bairros e das comunidades. Desde a qualidade da escola e da saúde, passando pela qualidade da infraestrutura viária e do transporte coletivo, até as regras para a expansão urbana ou as políticas habitacionais, muita coisa é definida pela ação articulada do executivo e legislativo municipal, ou seja, o prefeito ou prefeita e os vereadores e vereadoras. Mas sua importância vai além, pois um prefeito pode governar de forma autocrática ou democrática, ou seja, pode estar mais ou menos comprometido com a participação da população. E pode ser mais ou menos favorável ao controle social das políticas públicas.
No caso da cidade de São Paulo, por exemplo, um tema muito importante da atual campanha são as propostas para as subprefeituras, ou seja, que modelo é mais interessante nas condições da cidade de São Paulo, se meras zeladorias, ou verdadeiras subprefeituras, se administradas sem participação da população ou com conselhos de representantes, se abertas à população com serviços ou fechadas. Trata-se de saber como está colocada a questão da descentralização dos serviços públicos, do orçamento, aproximando os serviços do cidadão. Igualmente importante é o perfil dos subprefeitos e a forma de definição, se tem a participação da população ou não. Os programas prevêm conselhos de representantes?
Estas são algumas das questões que podem ser conferidas nos programas eleitorais produzidos na propaganda eleitoral gratuita, que, aliás, é paga por todos nós. E se, ao assistir ao horário eleitoral, ficamos decepcionados com muita publicidade e pouco conteúdo, também temos a obrigação de filtrar boas idéias e a forma como os candidatos tentam se comunicar com os eleitores.
O Manual de Orientações para as Eleições Municipais, elaborado pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e que pode ser encontrado no site WWW.mcce.org.br, traz sugestões práticas para a escolha de um bom candidato:
Avalie o caráter do candidato, seu passado, a qualidade de suas propostas, sua competência e seu compromisso com a comunidade. Prefeitos e vereadores devem ser bons administradores e bons representantes, devem ouvir o povo e saber que decisões tomar para melhorar a vida de todos. Avalie se o candidato tem compromisso com o povo ou apenas com ele mesmo. Veja se as propostas são viáveis e úteis para a população e se ele é realmente um candidato sério e honesto. Se houver alguma suspeita ou denúncia contra o candidato, procure se informar e ouça o que ele tem a dizer em sua defesa antes de decidir o seu voto.
Da mesma forma, também é possível detectar um mau candidato analisando sua história de vida: o que ele já fez, que idéias ele defendeu, se está metido em encrencas ou se tem apenas uma boa conversa. Desconfie do candidato que não apresente projetos viáveis e úteis para a comunidade e o município. Cuidado também com o candidato que promete maravilhas, pressiona os eleitores e critica os adversários, sem dizer como vai trabalhar para realizar suas promessas.
Com isto chegamos ao ponto principal de nosso comentário, lembrado pelo mesmo Frei Betto, quando diz que os jovens precisam perder o olhar ‘nojento’ que possuem com relação à política. “Quem tem nojo da política é governado por quem não tem. Tudo que os maus políticos querem é que a gente tenha bastante nojo para eles ficarem à vontade com a rapadura na mão”. E, de quebra, essa visão negativa que é tão disseminada dificulta a própria valorização da cidadania ativa das pessoas nas comunidades, o ativismo social, o protagonismo, como foi o caso noticiado nestes dias da jovem Isadora de Florianópolis que utilizou o facebook para relatar as más condições de sua escola!!
Cada vez mais muitos jovens se interessam mais e procuram retomar o sentido da política com P maiúsculo. Um bom exemplo foi o Café da Manhã realizado no dia 22 de agosto, no Congresso Nacional, em Brasília, dentro da Mobilização Popular em apoio à Reforma Política, atividade desenvolvida por diversas organizações participantes da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política. Nele, adolescentes participaram junto com parlamentares de uma oficina sobre reforma política, em que produziram charges e painéis de grafites sobre reforma política e ajudarem na coleta de assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular. O evento teve a participação de diversos parlamentares que lutam por essa bandeira, como a Deputada Luiza Erundina. Entre os comentários dos parlamentares foi lembrado que a luta pela reforma política já tem a idade da jovem Isadora.
José Antônio Moroni, membro da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Político, afirmou que a reforma deve ser ampla e com a participação popular. “Precisamos de uma reforma política que não seja apenas para o povo, mas especialmente com o povo”. Os jovens participantes eram integrantes do Projeto Onda: adolescentes em movimento pelos direitos. Nas oficinas sobre reforma política, discutiram temas como: financiamento público de campanha; lista preordenada dos candidatos e relação com a sub-representação no Parlamento; democracia direta; e fim dos privilégios parlamentares. Além disso, durante uma semana, os estudantes participaram da mobilização em escolas do DF de várias regiões. Eles já coletaram mais de 600 assinaturas para a proposta de Projeto de Lei de Iniciativa Popular.

*Professor da PUC-SP, colaborador da Pastoral Fé e Política e da Escola de Governo de São Paulo
Programa exibido na Rádio 9 de Julho em 30/08/2012.

Jesus nos mostra a outra face do poder

Marília Amaral*

Ontem iniciamos o tema do terceiro encontro da cartilha "Não será assim entre vós! Política e ética nas eleições" , editado pelo CEBI. Lembrando, o tema é: "Uma escolha inteligente traz sucesso permanente".
A leitura bíblica que fizemos foi sobre a fábula das árvores, do livro dos Juízes 9,8-15. Vamos agora entender essa fábula.
Nela as árvores querem que uma delas se torne o rei. Esse pedido vem justamente para fazer frente ao pedido que o povo estava fazendo na época, de ter um rei.
O tempo dos Juízes, das tribos, foi o melhor tempo vivido por Israel. Após ter passado pela opressão nas mãos dos egípcios o povo de Israel caminha pelo deserto em busca da terra prometida, terra esta conquistada sob o comando de Josué e partilhada entre os descendentes de Jacó.
Quando acontecia algum problema, alguma guerra, um juíz era suscitado por Yahweh para atender o povo. "Não era um cargo vitalício, não era um rei. Depois de sua morte, o cargo não passa para o seu filho.". Um juiz muito conhecido é Sansão.
O problema de Israel, é que como todos os povos tinham um rei, eles também queriam ter um rei. Quando os anciãos de Israel se reúnem para dizer a Samuel que querem um rei, que exerça a justiça entre eles, como em todas as nações, Yahweh lhe assegura que não é a ele, Samuel, que o povo rejeita, mas ao próprio Deus.
Voltando à fábula, ela foi contada por Joatão quando seu irmão "Abimelec usou de violência para com seus irmãos candidatos a governar o povo de Israel. Conseguiu convencer a todos para proclamá-lo rei.".
Percebemos então, que Abimelec é o próprio espinheiro. E quem são nossos espinheiros hoje, que dizem que nos darão sua sombra em troca de espinhos?
São candidatos que aparecem uma vez a cada quatro anos no seu bairro, para apertar sua mão em época de eleição e sumir durante todo o seu mandato. São candidatos que jogaram no time que a gente torce e usam o emblema do time para ganhar votos. São candidatos que têm a mesma religião que a nossa e que usam desse fato para ganhar alvarás de funcionamento, colocar nome de santo, pastor ou orixá nas ruas do bairro. 
E por que é que as oliveiras, as figueiras e as videiras não aceitam deixar seus postos para reinar? Obviamente porque nenhum poder lhes trará a satisfação de servir.
Mas com Jesus Cristo temos uma nova realidade. Jesus nos mostra a outra face do poder: um poder a serviço do irmão, que ele nos ensina no Lava-Pés.
É desse poder que estamos falando, é desse poder que precisamos para nossa cidade.
Quando começamos a fazer o levantamento do trabalho dos nossos vereadores eu pedi a vocês que nos trouxessem informações, denúncias fundamentadas. Hoje quero retomar este pedido, mas que enviem informações confiáveis sobre candidatos honestos, candidatos que estão a serviço do povo.
Queremos poder desfrutar, nos próximos 4 anos, deste azeite que honra a Deus, do sabor doce do figo e do vinho novo que alegra a Deus e aos homens.

*Membro da Pastoral Fé e Política - Região Santana.
Programa exibido na Rádio 9 de julho, dia 21/08/2012.

Hiroshima e Nagasaki


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Convite para evento - Lei de Acesso à informação Pública


Tendo em vista que a acesso à informação é condição para a plena realização do exercício prático do princípio constitucional de que "todo poder emana do povo", e entendendo que o acesso ao poder está diretamente relacionado ao efetivo acesso da sociedade às informações públicas, convidamos para a palestra a respeito do tema "O Direito ao Acesso às Informações Públicas - considerações sobre a Lei Federal nº 12.527/2011", que se constituiu em marco na consolidação do regime democrático no Brasil, visando ampliar a participação cidadã e fortalecer os instrumentos de controle da gestão pública no país.
O objetivo do evento é divulgar informações sobre o tema, com palestras de especialistas, e sensibilizar a sociedade para envolver-se na defesa e consolidação dessa Lei.
 
DATA: 11 de setembro de 2012, 19 horas.

LOCAL: Câmara Municipal de São Paulo - Sala Prestes Maia -Viaduto Jacareí, 100, 1º andar - São Paulo, Capital.
 
PROGRAMAÇÃO I – ABERTURA:
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo e da Comissão da Verdade Vladimir Herzog da Câmara Municipal de São Paulo - Vereador Ítalo Cardoso.

PROGRAMAÇÃO II – TEMAS e PALESTRANTES:
O histórico da implantação da Lei Federal nº 12.527/2011 - Deputado Federal Paulo Teixeira.
A Lei  nº 12.527/2011 e a construção da cidadania - Profª. Drª. Maria Victoria de Mesquita Benevides, docente da Faculdade de Educação-USP e, Mestrado em Direitos Humanos-USP, socióloga especialista em ciência política e história política do Brasil.
A Lei nº 12.527/2011 e o sigilo de documentos - Dr. Marlon Alberto Weichert, Procurador da República.
A  Lei nº 12.527/2011 e o controle pelo Poder Judiciário - Dr. Silvio Luiz Ferreira da Rocha, docente da PUC-SP e membro do Conselho Nacional de Justiça.
A Lei nº 12.527/2011 e os projetos na área de informação pública - Dr. Alexandre Sampaio, da ONG Artigo 19, responsável pelos projetos na área de informação pública.
 
Contamos com a sua presença e divulgação do evento, pelo que muito agradecemos.
 
 
 
Antonio Carlos Malheiros
Josephina Bacariça
Rafael Valim
 
 
 
ENTIDADES PROMOTORAS:
 
Artigo 19 (organização não governamental)
Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo
Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo
Comissão Justiça e Paz - Arquidiocese de São Paulo
Observatório da Mulher
Editora Forum
Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos da Infra-estrutura

Laicato promoveu Simpósio para celebrar o Jubileu de Prata do CNLB-SUL 1


                                                                                                       Reinaldo Oliveira

Os leigos e leigas do Estado de São Paulo, participaram nos dias 25 e 26 de agosto, na Casa de Apostolado Salvatoriano, em São Paulo, de um Simpósio e celebração pelo Jubileu de Prata do Conselho Nacional do Laicato do Brasil – Regional Sul 1.
Com o tema “O Concílio Vaticano II e o Laicato”, o Simpósio teve como assessores para o tema “O significado eclesial do Vaticano II”, a profª Lúcia Pedrosa e o padre Antonio José de Almeida. Para o “Diálogo com o Mundo” os professores Carlos Francisco Signorelli e João Décio Passos. Para a “América Latina e a Teologia da Libertação” o padre Benedito Ferraro e Fernando Altemeyer e finalizando as mesas  temáticas;  “Vocação e Corresponsabilidade”  teve a exposição dos professores Francisco Catão e Eva Rezende.  
O Simpósio, durante os dois dias possibilitou um mergulho, um beber na fonte do histórico e contemporâneo do tema, passado pelos assessores e enriquecido pelos apartes e colocações oportunas daqueles que vivenciaram estes vinte e cinco anos de caminhada.
Momentos confraternos de lembranças, reminiscências e emoção, como os testemunhos vivos, o filme sobre o Concílio Vaticano II, partilha, oração e de momentos de cultura. Também enriquecedor e ânimos renovados nas palavras de incentivo de Dom Edmilson Caetano, bispo de Barretos/SP e presidente da  Comissão do Laicato do Regional Sul 1 da CNBB, e de Dom Milton Kenan Junior, bispo referencial do CNLB-SuL 1.
Encerrando o Simpósio que deu forças e renovou o ânimo para a atividade laical, mais um momento do jeito leigo de ser: em solene celebração eucarística presidida pelo Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer e concelebrada por Dom Milton Kenan Junior e padre Julio Lancelotti, na Casa do Povo de Rua, aconteceu a acolhida e união de leigos e leigas com o Povo de Rua, num momento de mística, emoção e renovação de esperanças, acreditando que uma vida laical cristã é possível.
Acendendo a chama participativa para a caminhada laical, na bênção do envio, ministrada pelos celebrantes, cada representante dos CNLBs das Sub Regiões Pastorais, recebeu uma lanterna com uma vela acesa que permanecerá nas Sub Regiões Pastorais até o mês de novembro.
Neste mês, nos dias 9, 10 e 11, haverá um grande momento celebrativo para o encerramento do Ano Jubilar do CNLB-Sul 1, que será realizado no Centro de Convivência das Irmãs Agostinianas, na cidade de Jundiaí/SP.
A presidência do CNLB-Sul 1 agradece a todas as Comissões envolvidas na realização do Simpósio e deseja que a chama da esperança continue sempre acesa para  a caminhada laical, “Pelo Reino de Deus, no coração do mundo”.

Ficha Limpa, propaganda eleitoral e cassações


Prezados(as),
encaminhamos abaixo os links para as últimas notícias da Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo.
 

Atenciosamente,
Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo

Postura Cristã nas Eleições






No dia 01 de Setembro das 08:30 às 10:30h venha entender melhor a relação entre política e vida cristã no Café Amigo.
Teremos como Palestrante o dr. Paulo Hamilton Siqueira Júnior - advogado, professor na FMU e Mackenzie e juiz do TRE/SP.

Local: Igreja Presbiteriana de Vila Mariana - Rua Vergueiro, 2.407, Vila Mariana Próximo ao metrô Ana Rosa.
A entrada é franca e contamos com a sua presença.


ESCOLAS DE CIDADANIA EM SÃO PAULO


“Começa a se formar uma rede de escolas de formação de lideranças sociais nas regiões leste e sul da capital paulista.
Uma novidade importante, que retoma esforços dos anos 1980”. Rudá Ricci.
 
Trata-se das Escolas de Cidadania da Zona Leste e da Sul de São Paulo. A idéia de fato resgata antigos propósitos e ideais do Dom Helder Camara, conforme Paulo Freire que nutria profunda admiração, dele afirmou: “[...] E nada era de mais digno em uma sociedade do que o cidadão ter a esperança, através do conhecimento e da conscientização, da possibilidade de transformar, de modificar coletivamente a sua realidade e construir uma nova sociedade. Dessa maneira, esse cidadão estará sendo o agente de sua história e da história da sua comunidade, estado ou país”.
 
 
Acesse o link abaixo e veja o que diz o Padre Jaime Crowe na inauguração da Escola de Cidadania da Zona Sul de São Paulo:
 
E Celina Simões coordenadora da Escola fala sobre como surgiu a idéia da escola e seus objetivos:
 
 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Cardeal D.Odilo Scherer orienta para voto consciente


No dia 7 de outubro, realizam-se as eleições municipais 2012, durante as quais serão escolhidos os prefeitos e vereadores dos 5.566 muncípios brasileiros. Hoje, 21, começam as propagandas eleitorais gratuitas e é justamente neste momento que os cidadãos precisam ficar atentos para que seus votos não sejam corrompidos por políticos de má índole.
Pensando nisso, o arcebispo de São Paulo, cardeal dom Odilo Scherer, com seus bispos auxiliares, emitiu uma Nota sobre “Votar bem”, com o objetivo de “contribuir para o bom desempenho da campanha e para a formação política de eleitores e candidato”.Além do documento (íntegra no box), dom Odilo encaminhou aos padres carta com orientações sobre como agir durante o período de campanha eleitoral. Leia:
 
Estimados padres da Arquidiocese de São Paulo,
 
Escrevo-lhes sobre a campanha eleitoral, já iniciada, em vista das próximas eleições municipais em São Paulo.
Temos clara noção da importância destas eleições, em vista dos cargos de prefeito e vereadores, que estão em jogo; por isso, também nós acompanhamos com atenção especial esta campanha eleitoral, uma vez que o destino político do nosso Município, nos próximos anos, estará nas mãos daqueles que agora forem eleitos.
 
Como arcebispo desta Arquidiocese, juntamente com os bispos auxiliares, emitimos uma Nota sobre as eleições municipais de 2012, em São Paulo, que lhes passo em anexo; nosso desejo é contribuir para o bom desempenho da campanha e para a formação política de eleitores e candidatos. Pedimos que essas orientações sejam divulgadas através dos vários meios à sua disposição, como impressos, internet e encontros de formação... Trata-se de uma ocasião importante para a formação da consciência política do povo; os eleitores, exercendo bem o seu poder político mediante o voto, escolhendo candidatos idôneos e comprometidos com o bem comum, com a justiça social, o respeito à vida, à dignidade da pessoa humana e com as demais causas boas, estarão cumprindo o seu dever de cidadãos na edificação do bem comum.
 
Ao mesmo tempo, desejamos comunicar-lhes algumas orientações da Arquidiocese de São Paulo com respeito ao envolvimento do clero e dos espaços e organizações eclesiais na campanha eleitoral.
1. A Igreja Católica Apostólica Romana não tem uma opção oficial por partidos ou candidatos. Por isso, também os representantes da Igreja (clero) não devem envolver-se explicitamente na campanha partidária (cf Cân. 287 §2; 572).
 
2. Nas Missas e outras celebrações (homilias, cursos), não deve ser feita, por clérigos ou por leigos, campanha para partidos ou candidatos. O envolvimento político-partidário direto do Padre, ou o uso instrumental, para isso, da celebração litúrgica divide a comunidade.
 
3. Os espaços eclesiais não devem estar, de forma exclusiva, a serviço de um partido ou candidato. Nos espaços eclesiais (templos, salões paroquiais) também não sejam afixados apelos eleitorais de partido ou candidato. Ficam desautorizados pedidos de favores, ou vantagens, em troca de apoio eleitoral por parte do clero ou de comunidades da Igreja.
 
4. No entanto, os padres orientem os fiéis a votarem de modo consciente e responsável e a apoiarem candidatos afinados com as convicções dos eleitores e que se comprometam a não promover causas contrárias aos princípios cristãos na sua atuação parlamentar ou executiva, sobretudo no que diz respeito à dignidade da pessoa e da vida, desde a sua concepção até à sua morte natural. No entanto, não se indiquem nomes, pois a escolha deve ser do eleitor.
 
5. Para melhor conhecimento dos candidatos e de suas propostas, é útil promover encontros de vários candidatos, no salão paroquial ou em outros ambientes. Porém, isso não deve ser feito no templo.
 
6. Iniciativa útil também é reunir os candidatos católicos, de todos os partidos, nas diversas áreas da Arquidiocese, para refletir com eles sobre as orientações da Igreja em relação à boa participação dos fiéis leigos na política, podendo servir, para tanto, as orientações que enviamos em anexo. Padres de uma mesma área poderão promover juntos tais iniciativas.
Estimados padres, as questões acima expostas fazem parte do nosso zelo pastoral, para conduzir, defender e servir, quais bons pastores, o rebanho do Senhor confiado aos nossos cuidados e para promover o bem comum. Deus os abençoe e recompense!
 
 
ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2012, EM SÃO PAULO
VotoDOdilo
 
O Arcebispo de São Paulo, com os Bispos Auxiliares desta Arquidiocese, no cumprimento de sua missão pastoral, apresentam as seguintes orientações aos seus fiéis, em vista da participação nas eleições municipais deste ano:
1. Participe e vote. Não deixe de seguir a campanha para as eleições municipais e de exercer bem o seu direito e dever cidadão. Valorize seu voto, que ajudará a definir o futuro do município de São Paulo. Evite o voto nulo ou branco.
 
2. Vote em quem você conhece. Procure conhecer os candidatos, verifique se estão comprometidos com as grandes questões que requerem ações decididas do Poder Legislativo e Executivo municipal, como: habitação, educação, saúde, segurança, transporte, cuidado do meio ambiente, limpeza pública, saneamento básico, atenção especial aos pobres e às camadas sociais mais vulneráveis da cidade.
 
3. Prefeito e vereadores devem promover o bem comum. Veja se os candidatos e seus partidos estão comprometidos com a justiça e a solidariedade social, a dignidade da pessoa, os direitos humanos, a cultura da paz e o respeito pleno pela vida humana desde a concepção até à morte natural. Estes valores são fundamentais e irrenunciáveis para o convívio social.
 
4. Candidato de quem? Avalie se os candidatos têm propostas realistas e viáveis para promover políticas que beneficiem a cidade como um todo, ou se estão ligados mais ao interesse de grupos específicos. O bom governante deve governar para todos.
 
5. Confira a ficha. Dê seu voto de forma consciente e não decida apenas na última hora. Não dê seu voto a quem já esteve envolvido em casos de desonestidade e corrupção, mas somente a candidatos com “ficha limpa”. A corrupção na política pode ser superada também com o seu voto.
 
6. Não venda o voto, nem o troque por favores; seu voto é sua dignidade. Fique atento a toda prática de corrupção eleitoral, à compra de votos, ao abuso do poder econômico e ao uso indevido da máquina administrativa pública na campanha eleitoral. Fatos como esses devem ser denunciados imediatamente, com testemunhas, às Autoridades da Justiça Eleitoral.
 
7. Vote com consciência e liberdade. Procure conhecer as idéias e propostas defendidas pelos candidatos e pelos partidos aos quais estão filiados e seu vínculo com as comunidades locais. Vote em candidatos dignos, capazes, com credibilidade pública e que estejam em sintonia com suas próprias convicções.
 
8. Questione se os candidatos estão dispostos a legislar e administrar de forma transparente, aceitando mecanismos de controle por parte da sociedade. Candidatos com um histórico de corrupção ou má gestão dos recursos públicos não devem receber seu apoio nas eleições.
 
9. Política, Religião e família. Vote em candidatos que respeitem a liberdade de consciência, as convicções religiosas e morais dos cidadãos, seus símbolos religiosos e a livre manifestação de sua fé; da mesma forma, apóie candidatos que amparem a família e a protejam diante das ameaças à sua identidade e missão natural. A cidade que descuida ou abandona a família herdará muitos problemas.
 
10. Fique de olho: votar é importante, mas ainda não é tudo. Acompanhe, depois das eleições, as ações e decisões políticas, legislativas e administrativas dos governantes municipais, para cobrar deles coerência em relação às promessas de campanha e para apoiar suas decisões acertadas.
 
São Paulo, 15 de agosto de 2012
 
Cardeal Dom Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo e os Bispos Auxiliares de São Paulo

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A difícil escolha do Legislativo Municipal

Caci Amaral*


As eleições vêm aí!
E a propaganda eleitoral no rádio e na televisão já começou, colaborando para a divulgação dos programas dos partidos e coligações e de candidatos e candidatas ao Poder Executivo, isto é, à chefia da prefeitura, e ao Poder Legislativo, isto é, à Câmara Municipal.
Na semana passada, dia 15 de agosto, Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, enviou carta aos fiéis da Arquidiocese enfatizando a importância da participação nas eleições e fornecendo critérios e orientações para a escolha consciente dos candidatos.
Estes dois fatos facilitam e estimulam a tarefa política que cabe às paróquias, comunidades, pastorais, movimentos e associações católicas às vésperas das eleições municipais: é tarefa coletiva, de toda a comunidade, de cada cidadão e cidadã colaborar para que a população perceba a necessidade de passar de uma situação de não participação na política para uma cultura de envolvimento com o processo eleitoral.
A situação descrita abaixo mostra muito bem a importância da escolha daqueles que vão pelos próximos quatro anos governar o município de São Paulo.
Na Câmara Municipal está sendo discutido o Plano Municipal de Habitação, submetido à audiências públicas e já aprovado em primeira votação. Entretanto, na semana passada, no dia 14 de agosto, o prefeito Kassab enviou, à Câmara Municipal, alterações ao projeto que favorecem a ação das imobiliárias em diferentes regiões da cidade.
Estas alterações ao projeto inicial do Plano Municipal de Habitação, segundo notícias do jornal o Estado de S. Paulo de 16 de agosto, já tem o apoio de 24 dos 55 vereadores.
São três as principais modificações propostas pelo prefeito ao projeto do Plano Municipal de Habitação:
  • Primeira modificação e pecado contra a justiça social: 40% dos imóveis construídos nas áreas especificadas pelo projeto serão destinadas àqueles que ganham entre 7 a 16 salários mínimos, 40% aos que vivem com renda entre 1 e 6 salários mínimos e 20% à população em geral. No projeto original havia preocupação específica em atender aos mais pobres e a destinação das moradias era mais justa: 50% para aqueles que recebem até 6 SM e 50% para os que recebem entre 7 e 16 SM.
  • Segunda modificação, pecado contra o meio ambiente: no projeto original, a altura de prédios construídos em áreas de preservação ambiental não poderiam ultrapassar 9 metros. Pelas modificações enviadas pelo prefeito, esta altura passa para 25 metros.
  • Terceira modificação, pecado contra a mobilidade na cidade: o Plano Municipal de Habitação, se aprovado como sugere o prefeito e com o apoio de 24 vereadores permitirá a construção de prédios em ruas com menos de 10m de largura, o que era proibido pelo antigo projeto.

É importante lembrar que 54 dos atuais vereadores são candidatos e que na avaliação feita pela Rede Nossa São Paulo junto à população paulistana sobre a aprovação em relação às ações da Câmara Municipal de São Paulo, numa escala de zero a dez, esta recebeu a nota de 3,5.
A ação política nacional, estadual e municipal determina a vida das pessoas.
Uma outra cidade, um bairro mais humano, só será possível quando mais e mais cidadãos e cidadãs assumirem, de forma coletiva e solidária, essa construção, participando, exigindo, mobilizando, fiscalizando, controlando, interferindo na ação das subprefeituras, da Câmara Municipal, dos Conselhos de Direitos, dos demais órgãos públicos. 
Se aqueles que têm critérios, que tem a perspectiva evangélica de justiça, da construção da paz e da solidariedade não assumem em suas mãos a tarefa de conduzir a ação política para que todos tenham vida e vida em abundância, outros, com interesses outros que não o bem de todos e todas, conquistarão o voto dos eleitores e determinarão o futuro da cidade.
Com a carta de Dom Odílio nas mãos será possível aos fiéis multiplicar o número de grupos, formais ou informais para refletir sobre o processo eleitoral, propor soluções para os problemas da cidade e chamar os candidatos à Câmara Municipal para debates e posicionamento em relação aos mesmos.
Fortalecer a participação política em pequenos grupos, a associação em grupos maiores, o conhecimento e apoio à redes que propõem metas, indicadores de qualidade de vida e experiências exitosas para as cidades poderá levar  São Paulo a um novo patamar de enfrentamento de seus principais problemas numa mobilização política envolvendo cidadãos e cidadãs participativos, conhecedores das necessidades da população e empenhados na construção de uma cidade justa e saudável, que permitia vida digna e feliz para todos e todas.
Neste momento, cada cristão e cada cristã, as paróquias, movimentos, associações, pastorais são chamadas a multiplicar em um milhão de exemplares a carta de Dom Odílio.
A cidade de São Paulo tem mil e noventa de dois candidatos a vereador ou vereadora, 12 candidatos à chefia do executivo municipal e 8 milhões e meio de eleitores: será desafiadora e significativa a proposta de distribuir pelo menos meio milhão de folhetos impressos com a carta de Dom Odílio, além de toda a divulgação possível pelas redes sociais.

*Coordenadora da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo
Programa exibido na Rádio 9 de julho em 24/08/2012. 
                                                                                                 

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Debate com os candidatos a Prefeito de São Paulo

A 3a. Aula do segundo semestre da Escola, realizada na última
sexta-feira 17/08, discutiu com os grupos o desenvolvimento
do TCC que terá como tema:
 
“A participação e controle social junto as Sub-prefeituras no
planejamento e execução dos orçamentos”.

Assista a aula na íntegra, acessando o site www.pastoralfp.com 
ou pelo nosso canal no youtube
 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A importância da reforma política à luz da cobertura dos escândalos políticos e das eleições municipais

Pedro Aguerre*


O bombardeio da mídia em relação ao processo da Ação Penal 470, apelidada de mensalão, continua. As notícias tratam os acusados como condenados, embora se esteja numa etapa bem anterior e ainda distante daquilo que é chamado de veredicto final. Palavras duríssimas proferidas pela acusação do Procurador Geral são repetidas como verdade absoluta – sem direito a defesa. Os meios de comunicação noticiam e exploram cada detalhe do julgamento do Supremo Tribunal Federal. O debate visto nos últimos dias sobre a forma como votarão os ministros, por exemplo, conduziu a uma situação quase desrespeitosa em relação à mais alta instituição judiciária. Embora este julgamento seja um tema de grande importância que mereça o acompanhamento detalhado dos debates e do longo processo, a população pode ficar com uma impressão errada do processo. É como se tivesse sido criado um ambiente de linchamento moral preventivo, ou seja, se o resultado não agradar aos principais formadores de opinião, este poderá ser contestado por essa mesma mídia, responsabilizando-se os juízes da Alta Corte, que seriam acusados de parcialidade, de atenderem interesses escusos. Para esse fim, segundo Marcos Coimbra, do Vox Pópuli, a imprensa publicou 65 mil textos sobre esse assunto. Para cada 10 segundos de comentário neutro, os meios de comunicação dedicaram 1500 segundos negativos.
Em contrapartida, as questões mais profundas que estão por trás deste processo não são apresentadas com o mesmo vigor, ou seja, a opinião pública não está sendo informada que as leis que regem o exercício da atividade política favorecem de forma intensa o financiamento ilegal de campanhas políticas. É por isso que os mal chamados ‘mensalões’ se sucedem, começando por um partido, seguindo por outro, até o caso mais recente, que envolveu o DEM, do Senador Demóstenes Torres e do Governador Arruda, que também teve o mandato cassado, revelando uma situação insustentável de corrupção no Distrito Federal, até chegar à situação de crime organizado generalizado mostrada na CPI do Cachoeira.
No caso dos processos eleitorais, o professor Wanderley Guilherme dos Santos explicou recentemente que a legislação eleitoral transformou as eleições em um multimilionário mercado de marquetagem eleitoral, em que o tempo de televisão tornou-se um ativo eleitoral negociável, expulsando as campanhas das ruas e elevando a televisão ao principal canal de comunicação dos candidatos com as grandes massas. Ou seja, o mercado televisivo criado pela legislação desequilibrou o pleito e ampliou como nunca o poder econômico em eleições. É esta a lógica que modificou a organização das coligações eleitorais, deixando apenas de tentar reunir os aliados mais programáticos, e tendendo a aumentar ao máximo o tempo de televisão, tirando esse tempo dos candidatos adversários.
As campanhas eleitorais tendo como principal meio de divulgação os meios de comunicação e como forma de viabilização o financiamento privado das campanhas, portanto, formam um coquetel explosivo, que favorece os maiores partidos e dificultam a sobrevivência dos partidos que não se coligam. Ao mesmo tempo, a busca incessante de recursos pode fazer certas candidaturas buscarem ou aceitarem recursos de pessoas ou empresas financiadoras mal intencionadas, conforme a preocupação do líder empresarial Oded Grajew, citada em nosso último comentário, que pode conduzir efetivamente ao financiamento ilegal de campanhas...
Toda esta realidade deveria conduzir a uma discussão mais séria da reforma política, de forma a ampliar a participação e o controle social da população sobre a política, possibilitando discutir uma forma de financiamento público das campanhas que torne mais eficiente o processo eleitoral. O custo para o País do sistema atual tornou-se muito alto pois fragiliza os partidos e pode comprometer os governantes com as prioridades de seus financiadores, dando as costas para as demandas da população!!
Recentemente Frei Beto, reforçou, contudo, que a participação da sociedade é o melhor antídoto contra esta situação: “Os candidatos devem ser chamados para debater as suas propostas porque essa é a maneira de formarmos uma consciência política de qualidade, de encontrarmos os critérios de uma participação política ativa e escolhermos melhor em quem votar”, disse.
Da mesma forma, se opôs ao discurso oportunista pela anulação do voto: “O voto é importante para configurarmos um país melhor. O Brasil depende dos municípios, que são a base da sociedade. É no município que está o ensino fundamental, o posto de saúde e o transporte público coletivo. Se queremos melhorar a vida de cada um de nós na cidade, temos que estar atentos às eleições”, opinou.
*Professor da PUC-SP, colaborador da Pastoral Fé e Política e da Escola de Governo de São Paulo
Programa da Pastoral Fé e Política exibido na Rádio 9 de julho em 22/08/2012.