sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Fraternidade e Política



Filipe Thomaz*

A igreja católica, incluindo todos nós, tem a responsabilidade de continuar a missão que Jesus Cristo deixou a seus apóstolos. Com essa finalidade, realiza todos os anos a Campanha da Fraternidade, que tem por objetivo promover a discussão pública sobre problemas graves que afetam todos nós, e também, buscar formas de resolver resolve-los. Em 1996, o tema foi "Fraternidade e Política" e o lema "Justiça e Paz se abraçarão". 
É fundamental que, à luz da palavra de Deus, despertemos, em nós e em nossos irmãos, a consciência de que a corrupção não pode ser admitida na sociedade, pois, direta ou indiretamente, é a raiz de muitas injustiças. 
Recentemente, houve muitas manifestações por todo o Brasil, e uma das principais reivindicações era o fim da corrupção. 
Atualmente, os envolvidos em um dos maiores escândalos políticos da historia do Brasil, que ficou conhecido como "mensalão" estão sendo julgados e condenados. Ao contrário de muitos outros escândalos políticos no país, parece estar havendo mais seriedade na aplicação da justiça. Na história recente do Brasil é difícil ver casos em que pessoas muito influentes, mesmo condenadas pela justiça, tenham passado mais do que alguns poucos dias na cadeia. Com certeza, ainda estamos muito longe do fim da corrupção, mas este pode ser um grande exemplo para se reduzir a impunidade no Brasil. 
Tudo indica que a indignação do povo unido conseguiu fazer com que o julgamento dos envolvidos nesse escândalo seja levado mais a sério com relação às condenações.

*Membro da Pastoral Fé e Política.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Escola de Fé e Política Waldemar Rossi forma a primeira turma

Reinaldo Oliveira

A Escola de Fé e Política Waldemar Rossi, da região episcopal Belém, formou a sua primeira turma, cujo início das aulas foi no mês de fevereiro. O objetivo do curso, entre vários, seguiu pela reflexão as questões sociais sob o ponto de vista da ética e moral cristã, bem como fomentar o diálogo com o poder público em vista de ações concretas frente às demandas identificadas durante o curso. 
Os 50 alunos desenvolveram o entendimento dos valores republicanos, pois são pessoas de bem que vivem o comprometimento do evangelho, para a prática do bem comum. Definida a metodologia, eles foram divididos em grupos onde tiveram aulas teóricas e na parte prática fizeram visitas a alguns prestadores de serviços públicos, bem como entrevistaram usuários destes serviços. 
Nos dias 25 de novembro e 2 de dezembro, no encerramento do curso, eles fizeram a exposição dos Trabalhos de Conclusão de Curso – TCC, à banca examinadora, que ao fazerem as avaliações tiveram conhecimento de excelentes trabalhos realizados, demonstrando quanto o aluno entendeu da parte teórica e aplicou no TCC, deixando a certeza de que os bairros em que moram, terão cidadãos conscientes, e com visão crítica da realidade.
Felizes com o nível e aproveitamento do curso, o coordenador da Escola de Fé e Política Waldemar Rossi – Flavio de Castro, e a representante da Escola n
a Rede de Escolas de Cidadania –Mônica de Cássia Vieira Lopes, já programaram para 2014, a sequência do curso, com aulas sobre Políticas Públicas, e também o início de mais duas turmas no primeiro ano.
ALUNO HOMENAGEADO. O aluno Leonézio Megiato, da Diocese de Jundiaí recebeu homenagens de professores e alunos, pois ele era o único que morava fora das regiões paulistanas, em Jundiaí, e demonstrou persistência não faltando às aulas e também pelo TCC apresentado, cujo tema foi “Trânsito e Meio Ambiente em Jundiaí”. 


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Rede Nossa São Paulo lançará a 5ª edição do IRBEM - Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município


Foto: Cesar Ogata/Secom

Organização, em parceria com Ibope, divulgará resultados da pesquisa sobre Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município (IRBEM). Índices de confiança dos paulistanos nas instituições também serão revelados.
A Rede Nossa São Paulo, em parceria com o Ibope, lançará no dia 21 de janeiro a 5ª edição da pesquisa IRBEM (Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município). No evento também será divulgado o nível de satisfação dos paulistanos em relação às instituições.
Às vésperas do aniversário da cidade, o evento será aberto à sociedade e terá a participação de lideranças sociais e do poder público. O prefeito Fernando Haddad foi convidado para o encontro.

O IRBEM revela o nível de satisfação dos paulistanos em relação à qualidade de vida e ao bem-estar em São Paulo. A pesquisa aborda 25 temas, tanto os aspectos subjetivos como sexualidade, espiritualidade, consumo e lazer, como os que tratam das condições objetivas de vida na cidade nas áreas de saúde, educação, meio ambiente, habitação e trabalho.

O levantamento vai trazer também, pelo sétimo ano consecutivo, o nível de confiança da população nas instituições (Prefeitura, Câmara Municipal, Polícia Militar, Tribunal de Contas, Poder Judiciário etc.) e a avaliação dos serviços públicos. Tempo de espera por consultas médicas (nos sistemas público e privado) e tempo de espera nos pontos de ônibus são algumas das perguntas que compõem a pesquisa.

A confirmação de presença deve ser feita com Aline Redorat, pelo email aline@isps.org.br.

Serviço:
Lançamento da nova pesquisa de percepção dos paulistanos
Data: dia 21 de janeiro de 2014
Horário: 9h30 horas às 12h30
Local: Teatro Anchieta, no SESC Consolação 
Endereço: Rua Dr. Vila Nova, 245 – Vila Buarque – São Paulo

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Seminário de Estudo: Exortação Apostólica do Sumo Pontífice Francisco



Seminário de Estudo: 
Exortação Apostólica do Sumo Pontífice Francisco
Evangelii Gaudium - A Alegria do Evangelho



                                Sobre o anuncio do Evangelho no Mundo Atual

Assessoria: Padre Miguel Pipolo
Data: 15 de Março de 2014
Horário: das 9horas às 17horas
Local: Centro Pastoral São José
Rua Álvaro Ramos 366 – Próximo ao Metro Belém

Participe, adquira seu exemplar para estudo:

Na sede da Pastoral Operária 
ou solicite por e-mail: pometropolitana@yahoo.com.br


Pastoral Operaria
Metropolitana de São Paulo
Twitter: past_operariasp
www.facebook.com/pages/pastoral-operaria

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Carta aberta em defesa da democratização do Tribunal de Contas do Município de São Paulo

Car@s,
Gostaríamos de contar com o seu apoio e/ou da organização que representa para a “Carta aberta em defesa da democratização do Tribunal de Contas do Município de São Paulo”. A iniciativa é da secretaria executiva da Rede Nossa São Paulo, Instituto Ethos,Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral de São Paulo, Federação Nacional das Entidades dos Servidores dos Tribunais de Contas do Brasil, Associação Nacional do Ministério Público de Contas e Sindicato dos Servidores da Câmara Municipal e do Tribunal de Contas do Município de São Paulo.
O documento será amplamente divulgado e,principalmente, dirigido à Câmara Municipal de São Paulo, conforme as justificativas nele descritas.
Cidadãos e organizações que concordarem em participar desse movimento por um Tribunal de Contas mais transparente e democrático podem manifestar sua adesão à carta enviando um email para Bruno Videira (bvideira@ethos.org.br) até o dia 9/12.
Segue a íntegra do texto:

Carta aberta em defesa da democratização do Tribunal de Contas do Município de São Paulo
Os tribunais de contas brasileiros são quase desconhecidos pela maioria da população, embora detenham prerrogativas vitais para o fortalecimento da nossa democracia. Eles são os responsáveis diretos pela fiscalização das receitas e dos gastos públicos.


Ao contrário do que supõe o senso comum, o controle externo não se resume apenas à execução de auditorias contábeis. Sua competência é ampla e variada e passa pela análise de questões presentes na ordem do dia, como o combate à corrupção e a avaliação da qualidade e efetividade dos serviços públicos prestados à população, como educação e saúde.

Devido a essa importância, temos acompanhado com grande interesse o recente fortalecimento de um movimento nacional com objetivo de transformar os tribunais de contas em instrumentos da cidadania. Para tanto, eles devem ser mais acessíveis às demandas da população, de modo a garantir que estejam inteiramente voltados para o atendimento do princípio republicano do zelo pela coisa pública. Além disso, suas decisões deveriam ser sempre pautadas por critérios técnicos.

Nesse sentido, podemos afirmar que o Tribunal de Contas do Município de São Paulo não vem desempenhando de forma adequada seu papel.A ausência de uma ouvidoria em sua estrutura e o não cumprimento da Lei de Acesso à Informação (LAI), ao não disponibilizar os relatórios de auditoria, de forma ativa, para consulta dos interessados, são alguns dos temas que precisam ser enfrentados com urgência. Junte-se a isso a baixa interlocução com as organizações representativas da sociedade civil.

Esse diagnóstico nos remete a problemas tidos como centrais na estrutura dos tribunais: a origem e a qualificação de seus dirigentes. No TCM/SP,até o final do mês de dezembro, restará aberta uma vaga para o conselho devido à aposentadoria compulsória de um dos seus membros, e desta vez caberá à Câmara Municipal a indicação de um novo nome.

Dos cinco conselheiros, dois são indicados pelo Executivo e três pelo Legislativo, sendo que todos precisam ser previamente aprovados pelos vereadores.

Quanto à origem, atualmente, o TCM/SPé o único dos 34 tribunais brasileiros cuja totalidade dos dirigentes é proveniente do meio político. Isso ocorre porque duas carreiras, embora previstas constitucionalmente, ainda não foram criadas no âmbito do TCM: a de Procurador do Ministério Público de Contas e a de Auditor substituto de Conselheiro. Todos os outros tribunais possuem representantes técnicos provenientes dessas carreiras em seus colegiados.

Quanto à qualificação, os conselheiros devem ser escolhidos dentre brasileiros com idade entre 35 e 65 anos, idoneidade moral e reputação ilibada, notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública, além de, no mínimo, dez anos de comprovado exercício defunção ou de formação profissional nessas áreas.

Importante observar que a lei é clara ao estabelecer que os postulantes ao cargo devem ser escolhidos dentre brasileiros e não apenas entre vereadores, ex-vereadores ou políticos em geral.

Diante dessas considerações, propomos que a Câmara Municipal se comprometa publicamente com a adoção de medidas DEMOCRÁTICAS concretas para que as próximas indicações sejam necessariamente precedidas de ampla discussão e transparência, de modo a possibilitar que qualquer cidadão, desde que com a requerida qualificação, possa concorrer às vagas em aberto e que a decisão final seja pautada por critérios técnicos em lugar das escolhas político-partidárias.


Organizações que subscrevem o documento:
Secretaria Executiva da Rede Nossa São Paulo, Instituto Ethos, MCCE-SP, Fenastc, Ampcon eSindilex.
São Paulo, 05 dezembro de 2013

Em nome das organizações, agradeço a atenção,
Andrea R.Laurenti Magri
Secretaria Executiva da Rede Nossa São Paulo

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Sábado Resistente (7/12) lança livro de memórias de Cid Benjamin

Sábado Resistente (7/12) debate memórias de Cid Benjamin

 

Obra autobiográfica do ex-militante do MR-8, que participou do sequestro do embaixador americano no Rio, em 1969, e viveu por nove anos no exílio até voltar ao Brasil com a anistia, será debatida pelo autor com o público no Memorial da Resistência de São Paulo.

Neste Sábado Resistente, teremos a oportunidade de conversar com o militante político Cid Benjamin, que acaba de lançar “Gracias a la Vida” – seu livro de memórias. 

Nascido no Recife em 1948, Cid é jornalista e professor universitário que reside no Rio de Janeiro. Ex-militante do MR-8, participou do sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, em setembro de 1969. Preso, foi libertado em 1970 em troca do embaixador alemão von Holleben, também sequestrado.  Cid viveu exilado na Argélia, na França, em Cuba e na Suécia, até voltar ao Brasil logo depois da anistia, em 1979.

Ao retornar, trabalhou em importantes jornais do país, como O Globo e Jornal do Brasil, e recebeu o Prêmio Esso de Jornalismo, com mais quatro colegas, por uma série de reportagens sobre a Guerrilha do Araguaia. Foi assessor da deputada federal Jandira Feghali, do PC do B, e da Presidência da OAB – Rio.

Em 2006, concorreu ao cargo de deputado estadual pelo PSOL do Rio de Janeiro, mas não se elegeu. Atualmente é professor de "Realidade Socioeconômica e Política" nas Faculdades Integradas Hélio Alonso, no Rio de Janeiro.
 
PROGRAMAÇÃO

Apresentação: Caroline Grassi Franco de Menezes  (Memorial da Resistência de São Paulo)
Coordenação: Ivan Seixas (Núcleo de Preservação da Memória Política)

Palestra de Cid Benjamim e debate com o público - 15h30 às 16h30

Lançamento do livro e autógrafos do autor - 16h30 às 17h30

Os Sábados Resistentes, promovidos pelo Memorial da Resistência de São Paulo e pelo Núcleo de Preservação da Memória Política, são um espaço de discussão entre militantes das causas libertárias, de ontem e de hoje, pesquisadores, estudantes e todos os interessados no debate sobre as lutas contra a repressão, em especial à resistência ao regime civil-militar implantado com o golpe de Estado de 1964. Os Sábados Resistentes têm como objetivo maior o aprofundamento dos conceitos de Liberdade, Igualdade e Democracia, fundamentais ao Ser Humano.
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Discussão sobre o tema da ditadura

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CF 2014 Encontro Arquidiocesano

ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO
EQUIPE ARQUIDIOCESANA DE CAMPANHA DA FRATERNIDADE
Pastorais: Migrantes, Menor, Mulher Marginalizada, Diversidade, Afro, Povo da Rua, Fé e Política, Carcerária, CLASP, Missão Paz, Cáritas e Secretariado de Pastoral.

 “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1)


Irmãs e irmãos,

A equipe arquidiocesana de Campanha da Fraternidade e as pastorais afins, fiéis ao objetivo de “identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus” e assumindo um de seus desafios: “identificar as causas e modalidades do tráfico humano e os rostos que sofrem com essa exploração”, está organizando o encontro de sensibilização dos agentes multiplicadores da CF de 2014 : Tráfico Humano e Fraternidade.

Data: 07 de dezembro de 2013, sábado
Horário: das 08h30 às 12h30

Local: Centro de Pastoral São José do Belém – Salão Dom Paulo
Av. Alvaro Ramos, 355 – MetrÃ? Belém

              Objetivos:
§  Contribuir para uma compreensão integral do tema do tráfico humano;
§  Subsidiar as ações dos agentes multiplicadores, com informações e ferramentas;
§  Apoiar a mobilização das comunidades para a vigilância e o enfrentamento.
Desde já agradecemos a disposição, na esperança de construirmos caminhos de superação deste mal que atinge tantas pessoas.

Fraternalmente,             


                        Equipe Arquidiocesana de CF;
 Pastorais: Migrantes, Menor, Mulher Marginalizada, Diversidade, Afro, Povo da Rua, Fé e Política, Carcerária;
 e Organismos eclesiais: CLASP, Missão Paz, Cáritas e Secretariado de Pastoral.

BAZAR BENEFICENTE NATALINO COM HORÁRIO ESPECIAL NO ARSENAL DA ESPERANÇA - DIA 14 DE DEZEMBRO


sexta-feira, 29 de novembro de 2013

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Fraternidade e os usuários de drogas

Filipe Thomaz*

Atualmente, é muito preocupante o aumento cada vez maior do tráfico e consumo de drogas em todo o Brasil. Elas vêm destruindo muitas vidas e causam muitos problemas à sociedade. A Igreja católica, tem como um de seus principais objetivos  desenvolver sua missão profética no mundo, ajudando a entender e buscar soluções para problemas que afetam a todos nós. Com esse propósito, promove todos os anos a Campanha da Fraternidade, que por diversas vezes tratou de assuntos direta ou indiretamente relacionados ao uso de drogas, Alguns exemplos são:


1992
Fraternidade e Juventude
Juventude - caminho aberto
1995
A Fraternidade e os Excluídos
Eras tu, Senhor?!
2000
Dignidade Humana e Paz (ecumênica)
Novo Milênio sem Exclusões
2001
Fraternidade e as Drogas
Vida sim, Drogas não
2012
Que a saúde se difunda sobre a terra!
2013
Eis-me aqui, envia-me!

Muitas das curas que Jesus Cristo realizou envolvem a recuperação da dignidade dos excluídos. É fundamental nos dias de hoje recuperar a dignidade dos usuários de Crack, e para isso, é indispensável o contato humano. 
Na época atual, o jovem é extremamente vulnerável a diversos problemas, e um dos mais graves é envolvimento com as drogas . 
Os usuários de drogas não podem ser esquecidos e excluídos, mas precisam ter sua dignidade recuperada e ter oportunidade de participar da construção de um mundo mais humano. 

Podemos ver no artigo seguinte, uma excelente iniciativa para ajudar a resolver esses problemas:

Aposentada leva terapia do abraço à Cracolândia (Fernanda Aranda)
Albertina França, 70 anos, caminha uma vez por semana à noite pelo Centro para levar afeto aos usuários de crack e incentivá-los a buscar tratamento

Os passos curtos conduzem Maria Albertina França, 70 anos, pela rua Gusmões, um dos epicentros da zona paulistana conhecida como Cracolândia. O caminhar lento da senhora pela via coincide com o apagar dos cachimbos recheados com crack, em sinal de respeito. A área que o governo municipal quer chamar de Nova Luz fica em plena escuridão.
“Dona Tina vem aí”, anuncia um dos meninos sentado na calçada, droga recém-apagada em punho e cobertor enrolado no pescoço. Alguns levantam e cercam a mulher, prontos para receber a terapia idealizada pela assistente social aposentada.
“Uma vez por semana, venho até aqui (sozinha e à noite) trazer abraços”, explica sobre o método, empregado há um mês e de forma voluntária, para contribuir com o resgate da dependência química no local.
A terapia do afeto de dona Tina compõe e contrasta com o mosaico de iniciativas governamentais e de entidades do terceiro setor para brigar contra o uso compulsivo de crack em uma das regiões mais endêmicas do País.
O primeiro censo realizado pela Universidade Federal de São Paulo, divulgado este ano, apontou 1 milhão de usuários da droga no Brasil. A Cracolândia paulistana reúne parte deles, a céu aberto, em uma mistura de sotaques nacionais e até internacionais.
“Me faz lembrar da minha ‘abuela’ ( avó em espanhol )”, diz Cristina Isabel, argentina, trinta e “alguns” anos de idade, em referência à dona Tina. São dez anos em São Paulo, cinco anos de crack e “cinco anos sem abraçar ninguém, trocando qualquer gesto por pedra, vivendo sozinha e cercada por interesseiros”, contabiliza Cristina, em um choro compulsivo, ao soltar o abraço e partir pela Gusmões dizendo que o encontro com a aposentada a fez “ganhar a noite, ganhar o mês, na verdade, ganhar o ano”.
A atuação ao estilo ‘carinho de vó’ foi desenhada com base em dois ingredientes nas políticas públicas contra o crack que a aposentada considera fundamentais, porém inexistentes “em tudo que já viu”.
“Em tudo que li, ouvi e participei sempre senti falta de duas coisas: afeto e a voz dos próprios usuários de droga”, avalia Dona Tina, enquanto caminha com os dois braços para trás, do alto de seus 1,50 metro, batom nos lábios e casaco de lã para proteger do frio de 16 graus que marcava a sexta-feira em que a reportagem caminhou com a aposentada pelas ruas do crack.
“Acompanho de perto tudo que já foi pensado para a cracolândia paulistana, desde a revitalização imobiliária, o uso da força policial, a internação à força (chamada de internação involuntária) , além da idealização de tratamentos médicos”, afirma.
“Nada funcionou, as coisas só pioraram. Então resolvi botar o meu bloco na rua”, diz ela, que se aposentou do serviço social, mas não “das causas sociais”.
Dona Tina, então, vai às ruas semanalmente, abraça os usuários de crack e aproveita o ensejo para ouvir o que eles acreditam ser importante para a área e para a recuperação.
“Quem pita é quem apita” diz ela sobre o slogan do projeto “Aquele Abraço”, idealizado em parceria com o amigo e militante das ruas, o arquiteto Arnaldo de Melo.
“Já marcamos reuniões e a proposta é levar as contribuições dos moradores da cracolândia à Secretaria Municipal de Saúde e à Defensoria Pública.”
A oferta de um espaço com chuveiros para uso gratuito dos usuários de droga estampa uma das primeiras anotações de Maria Albertina sobre as demandas locais. Um banho chega a custar até R$ 10 nas pensões que enquadram a cracolândia. O preço pode ser dobro para as mulheres, não raro aliciadas a trocar o corpo por uma chuveirada.
Por vezes, estar limpo é o passaporte para um prato de comida e para a proteção. As mais jovens e mais bonitas, ocupam o posto de vendedoras de pequenas quantidades de crack no local. Acabam protegidas pelo status, em uma condição instável e perigosa, mostrou o relato de uma garota com aparência de 15 anos, em meio ao abraço em Dona Tina.
Na última sexta-feira friorenta, a menina vestindo blusa com o umbigo à mostra, cabelos encaracolados até a cintura e piercing no nariz, confessou estar "cabreira" por ter tomado calote e não saber como prestar contas sobre a dívida.
Oferecer o banho, acredita dona Tina, pode ser uma maneira de deixá-los menos vulneráveis ao escambo típico do local, que troca pedras por qualquer coisa, até por uma rápida passagem pelo chuveiro.
"Descobri com eles a mágica de um abraço", diz Dona Tina
“As pessoas pensam que quem usa crack não tem dignidade, não quer estar limpo, cheiroso, como se isso não fosse importante”, diz.
“Todo mundo gosta também de falar que eles não passam fome aqui no Centro, por receberem comida toda hora. Eu me pergunto: imagina o que é passar a vida sem nunca escolher o que vai comer. Quem se satisfaz com restos?”
Foi este questionamento que fez Maria Albertina França deixar a casa em Jaú, interior paulista, onde nasceu e viveu confortavelmente até os 20 anos.
“Escolhi o serviço social como carreira pois sabia que a vida era mais complexa do que a fazenda do meu pai”, diz ela, que logo se instalou no centro paulistano, local da residência e do trabalho.
Ela já atuou com todas as populações consideradas excluídas: menores em conflito com a lei, prostitutas, travestis e moradores de rua. Uma jornada que não deixou tempo para filhos, apesar dos amores vivenciados.
Toda experiência profissional serviu de base para o “Aquele Abraço”, em curso agora. Mas é na roda de samba, no Largo Santa Cecília  onde Dona Tina termina o dia de ‘abraçasso’ na Cracolândia, às 22h  que ela confessa o gatilho da inspiração.
“Sou de uma geração em que a demonstração do afeto pelos pais era rara. Aprendi a abraçar com a população com que atuei. Tinha dificuldade de entrega no início e só então percebi como é mágico abraçar”, lembra, cantarolando as músicas, bebericando o suco de maracujá e comendo a porção de frango à passarinho, dividida com todos que passam pelo local.
São estudantes, donos do comércio, moradores de rua, usuários de droga, policiais, camelôs, taxistas. Ninguém perde a oportunidade de dar um abraço em Dona Tina.



*Membro da Pastoral Fé e Política

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

7 passos para a Cultura do Bem Viver: Partilha e Poder

No feriado da República (dias 15 a 17 de novembro) aconteceu na Universidade Católica de Brasília (UCB), campus de Taguatinga Sul (DF)  o 9º Encontro Nacional Fé e Política que reuniu quase três mil lideranças de todo o país para refletirem o tema “Cultura do Bem Viver: Partilha e Poder” (http://www.fepolitica.org.br). A Pastoral Fé e Política da ASP esteve presente no encontro, bem como participantes da Escola de Fé e Política Waldemar Rossi.
            
A Cultura do Bem Viver foi refletida pelo teólogo e biblista Frei Carlos Mesters e registrada pelo Pe. Jaime Patias (Pontífícias Obras Missionárias http://www.pom.org.br). Ele destacou a centralidade da palavra de Deus para a leitura da realidade e  enumerou sete passos da cultura do Bem Viver cultivada pelos povos indígenas. São eles:
1. Uma nova visão sobre a natureza. Embora sejamos muito desobedientes a Deus, ele se mantém fiel a nós e ao ciclo da natureza, esse respeito devemos aprender com os indígenas.
2. Redescobrir a força da palavra. Os indígenas veneram muito a palavra. E Isaías diz: ‘A única coisa que permanece é a palavra de Deus’. A pior coisa que pode acontecer é um povo perder a memória. Os meios de comunicação hoje, pela maneira de apresentar a história muitas vezes apagam em nós a memória. Mesters recordou que 50 anos atrás, quase ninguém tinha a Bíblia em casa e hoje todos têm. “Estamos recuperando a palavra de Deus. A palavra é para conversar e quando estamos nos círculos bíblicos estamos nos confrontando com a palavra de Deus. Isso é conversão, uma conversa grande”, pois brincou com as palavras: “conversa = conversão”.
3. Redescobrir o amor eterno de Deus. Por detrás da natureza está o amor eterno de Deus por nós. ‘Eu amei você com amor eterno. Por isso conservei o meu amor por você’ (Jr 31,3). "O amor é a melhor coisa que o nosso coração pode sentir. E quando somos amados, Deus faz nascer coisas novas no coração da gente”.
4. Uma nova experiência de Deus, uma nova imagem de Deus. Somente em Isaías Deus é chamado de Mãe, Pai, Marido e nós somos sua esposa. Ele é também o Irmão maior. É um Deus de família. Nas experiências da vida formamos a imagem de Deus. Depois de tantos anos de caminhada de Fé e Política, a nossa ideia de Deus melhorou ou não?”, perguntou Mesters.
5. Deus não escreveu um livro, mas escreveu dois livros. Santo Agostinho afirma que Deus escreveu dois livros e o primeiro não é a Bíblia, mas a vida, os fatos, os acontecimentos. E por causa da nossa mania de querer dominar tudo, as letras desse livro se atrapalharam, a gente não consegue descobrir Deus dentro da vida. Então para nos ajudar a ler a vida, Deus escreveu mais um livro que é a Bíblia que não foi escrito para ocupar o lugar da vida, mas para nos ajudar a ler a vida, descobrir Deus na vida. Santo Agostinho nos diz, a leitura da Bíblia todos os dias, é como um colírio que você coloca no olho. Colírio melhora a visão e com esse novo olhar de contemplação, somos capazes de decifrar o mundo.
Conversando, lendo a Bíblia a gente vai descobrir e aí fazemos do mundo uma ‘teofania’(manifestação de Deus) e o mundo se torna de novo transparente para nos falar de Deus. Nesse ponto também podemos aprender muito dos povos indígenas”.
6. Redescobrir a missão. Em Isaías encontramos o Servo sofredor de Javé. Provavelmente Jesus leu muito estes textos do profeta sobre o serviço. ‘O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir’ (Mc 10, 45). Esta é nossa missão principal. Não estamos aqui para dominar, mas para servir.
7. Descobrir uma nova pastoral, uma nova maneira de anunciar a Boa Nova. Carlos Mesters entende isso como “uma nova ação política, uma nova ação de convivência entre nós”. O Frei destacou as palavras: ternura, diálogo, reunião, consciência crítica e alegria. Ternura significa acolher as pessoas, respeitar. Para quem está sofrendo muito não adianta chegar com imposição, tem que acolher, cuidar da ferida do coração. Não se impor, mas conversar para produzir o conhecimento, ser aprendiz.
“O ponto de chegada é Jesus” que gostava de usar para Ele mesmo o termo ‘Filho do Homem’ (83 vezes). “Esse título vem do profeta Daniel (Dn 7) que descreve os impérios do mundo sob a figura de animais. Por que o império é animalesco, desumaniza. Basta ver o império neoliberal, não desumaniza a vida das pessoas? Os meios de comunicação continuam a colocar valores na cabeça da gente que desumanizam a vida. Na visão de Daniel, depois dos quatro impérios aparece o Reino de Deus apresentado com a figura de gente: ‘Filho do Homem’ que não é uma pessoa, mas o Povo de Deus, um povo humano. Esta é a missão mais importante que Deus nos dá. E Jesus assume esta missão. Ele quer humanizar a vida. Isso aparece o tempo todo nos Evangelhos”.
Peçamos a graça de saber humanizar a vida!
O ipê, árvore típica do cerrado foi símbolo do Evento. Uma última ação recordou as nove edições do Encontro Fé e Política ao plantar nove mudas da árvore na entrada principal do Campus da Universidade. Cada participante no evento recebeu nove sementes de ipê para multiplicar a ação em sua cidade, repor o carbono gasto e educar para o cuidado com a natureza.


Programa exibido na Rádio 9 de Julho no Programa Igreja em Notícia no dia 22/11/2013. 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Fraternidade e a Comunicação

Filipe Thomaz*

Infelizmente, é muito comum a manipulação dos meios de comunicação com a finalidade de ocultar problemas graves que afetam a todas as pessoas. Esse artificio é frequentemente usado por aqueles que detêm o poder se beneficiando da pobreza de milhões de pessoas. Isso tem por objetivo passar impressão de que não existem problemas em nosso país. 
Pensando nisso, a Igreja promoveu  Campanha da Fraternidade de 1989, cujo tema foi "Fraternidade e a Comunicação" e o lema "Comunicação para a verdade e a paz". Os meios de comunição devem atender a sua função social e precisam ser usados para ajudar a promover o bem comum.  Seu uso adequado está perfeitamente de acordo com o projeto de Jesus Cristo para nós. Podemos ver a seguir em interessante artigo sobre o assunto.

Sobre o momento histórico vivido no Brasil
Leonardo Boff
Adital

Estou fora do país, na Europa a trabalho e constato o grande interesse que todas as mídias aqui conferem às manifestações no Brasil. Há bons especialistas na Alemanha e França que emitem juízos pertinentes. Todos concordam nisso, no caráter social das manifestações, longe dos interesses da política convencional. É o triunfo dos novos meios e congregação que são as mídias sociais.
O grupo da libertação e a Igreja da libertação sempre avivaram a memória antiga do ideal da democracia, presente, nas primeiras comunidades cristãs até o século segundo, pelo menos. Repetia-se o refrão clássico: "o que interessa a todos deve poder ser discutido e decidido por todos". E isso funcionava até para a eleição dos bispos e do Papa. Depois se perdeu esse ideal nas nunca foi totalmente esquecido. O ideal democrático de ir além da democracia delegatícia ou representativa e chegar à democracia participativa, de baixo para cima, envolvendo o maior número possível de pessoas, sempre esteve presente no ideário dos movimentos sociais, das comunidades de base, dos Sem Terra e de outros. Mas, nos faltavam os instrumentos para implementar efetivamente essa democracia universal, popular e participativa.
Eis que esse instrumento nos foi dado pelas várias mídias sociais. Elas são sociais, abertas a todos. Todos agora têm um meio de manifestar sua opinião, agregar pessoas que assumem a mesma causa e promover o poder das ruas e das praças. O sistema dominante ocupou todos os espaços. Só ficaram as ruas e as praças que, por sua natureza, são de todos e do povo.
Agora, surgiram a rua e a praça virtuais, criadas pelas mídias sociais.
O velho sonho democrático segundo o qual o que interessa a todos, todos têm direito de opinar e contribuir para alcançar um objetivo comum pode, enfim, ganhar forma.
Tais redes sociais podem desbancar ditaduras, como no Norte da África; enfrentar regimes repressivos, como na Turquia; e agora mostram no Brasil que são os veículos adequados de revindicações sociais, sempre feitas e quase sempre postergadas ou negadas: transporte de qualidade (os vagões da Central do Brasil têm quarenta anos), saúde, educação, segurança, saneamento básico. São causas que têm a ver com a vida comezinha, cotidiana e comum à maioria dos mortais. Portando, coisas da Política em maiúsculo. Nutro a convicção de que a partir de agora se poderá refundar o Brasil a partir de onde sempre deveria ter começado, a partir do povo mesmo que já encostou nos limites do Brasil feito para as elites. Estas costumavam fazer políticas pobres para os pobres e ricas para os ricos. Essa lógica deve mudar daqui para frente. Ai dos políticos que não mantiverem uma relação orgânica com o povo. Estes merecem ser varridos da praça e das ruas.
Escreveu-me um amigo que elaborou uma das interpretações do Brasil mais originais e consistentes, o Brasil como grande feitoria e empresa do Capital Mundial, Luiz Gonzaga de Souza Lima. Permito-me citá-lo: "Acho que o povo esbarrou nos limites da formação social empresarial, nos limites da organização social para os negócios. Esbarrou nos limites da Empresa Brasil. E os ultrapassou. Quer ser sociedade, quer outras prioridades sociais, quer outra forma de ser Brasil, quer uma sociedade de humanos, coisa diversa da sociedade dos negócios. É a Refundação em movimento".
Creio que este autor captou o sentido profundo e, para muitos, ainda escondido das atuais manifestações multitudinárias que estão ocorrendo no Brasil.
Anuncia-se um parto novo. Devemos fazer tudo para que não seja abortado por aqueles daqui e de lá de fora que querem recolonizar o Brasil e condená-lo a ser apenas um fornecedor de commoditiespara os países centrais que alimentam ainda uma visão colonial do mundo, cegos para os processos que nos conduzirão fatalmente a uma nova consciência planetária e à exigência de uma governança global. Problemas globais exigem soluções globais. Soluções globais pressupõem estruturas globais de implementação e de orientação. O Brasil pode ser um dos primeiros nos quais esse inédito viável pode começar a sua marcha de realização. Dai ser importante não permitirmos que o movimento seja desvirtuado. Música nova exige um ouvido novo. Todos são convocados a pensar este novo, dar-lhe sustentabilidade e fazê-lo frutificar num Brasil mais integrado, mais saudável, mais educado e melhor servido em suas necessidades básicas.
[Leonardo Boff Munique/Paris 24/06/2013].

Hoje, as tecnologias de comunicação tem uma grande influencia sobre a sociedade. O ser humano, que é capaz de criar tecnologias tão incríveis, sem dúvida, tem capacidade de usa-las para a promoção do bem de todos. Atualmente, cada um de nós, pode utilizar a internet de maneira positiva com respeito aos outros e de maneira a promover a vida e o bem comum. Todos podemos, em nossas relações pessoais, e também através da internet  participar da construção de um mundo mais humano.

*Membro da Pastoral Fé e Política.