domingo, 6 de abril de 2014

Educação pública de qualidade para todos

Filipe Thomaz*

A promoção de uma educação pública de qualidade para todos é uma das principais responsabilidades do governo, expressamente prevista na nossa constituição, mas que infelizmente não tem sido cumprida. Nós cristãos precisamos compreender e exigir os direitos do povo brasileiro, incluindo a educação pública. A Igreja tem a missão de denunciar e colocar o dedo nas feridas sociais, que afetam principalmente os mais pobres. Com esse objetivo, promove, todos os anos, a Campanha da Fraternidade, que trata sempre de necessidades concretas do povo brasileiro. Em 1982, seu tema foi "Educação e Fraternidade" e seu lema "A verdade vos libertará", em 1998, teve como tema "Fraternidade e Educação" e como lema "A Serviço da Vida e da Esperança". 
Pode-se ver no artigo seguinte, que, ao contrário da imagem que com frequência se tenta construir, é perfeitamente possível uma educação publica de qualidade. 

 por: Portal JH
 Escola mostra que é possível educação pública de qualidade

Na contra mão dos resultados do Rio Grande do Norte no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) 2011 –…

Na contra mão dos resultados do Rio Grande do Norte no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) 2011 – que não conseguiu atingir a meta proposta de 4,6, chegando a 4,2 e teve a Escola Estadual João Tomás Neto, em Lagoa de Pedras, com pior nota da avaliação feita pelo Ministério da Educação – a Escola Municipal Nossa Senhora da Guia, em Parnamirim, foi a campeã do IDEB no Estado, alcançando o índice de 6,7, ultrapassando as metas estadual, municipal e nacional.
O IDEB foi criado em 2005 para medir a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino. O indicador é calculado com base no desempenho do estudante em avaliações do Inep, nas provas de português e matemática, e em taxas de aprovação.
Mas engana-se quem pensa que o resultado surpreendeu direção, coordenação pedagógica, professores e alunos. De acordo com a vice-diretora Rosilda Cunha, desde 2005, a escola atinge os índices da média nacional. Em 2005 o resultado conseguido foi 5.4, em 2007, 5.6, em 2009, 6.4 e em 2011, 6.7. “Batemos a média nacional prevista para 2021, que é de 6.0. Mas para nós não é surpresa. É um trabalho de anos com muito comprometimento e dedicação, de toda a equipe, do coletivo. Mas temos um grande diferencial, pois não há rotatividade de professores. A irmã Maria Salomé, diretora da escola, está desde o início, há 28 anos, e conhece cada um dos 471 alunos pelo nome. Sabíamos que teríamos um resultado positivo. Os alunos gostaram da prova e fizeram muito tranquilos”, disse.
A linha pedagógica da escola é baseada em Gasparin, seguidor de Paulo Freire, que procura fazer com que o aluno não só se preocupe com o estudo e com as atividades diárias da instituição de ensino, mas tenha uma visão mais ampla, com destaque também para a leitura como ponto de partida para o conhecimento das mais diversas áreas do saber.
A professora coordenadora Marleide Rodrigues também citou que os pais estão em contínua integração com a equipe escolar. “Temos reuniões com os pais e a escola fica cheia, com vários pais em pé, mas eles não deixam de participar. A relação família- escola não pode faltar. É importante também deixar claro que trabalhamos não só pelos resultados do IDEB, mas para preparar o aluno para a vida.
Dentro deste mundo competitivo, sempre dizemos: você tem que ser bom. Educação pública de qualidade ainda é possível. Basta que se queira fazer e com comprometimento e qualidade”, enfatizou.
Zélia Maria, que é professora das duas turmas do 5º ano que participaram do exame para o IDEB, deixou bem claro que o segredo é o comprometimento. “Aqui se trabalha”, frisou.
A vice-diretora Rosilda Cunha ainda explicou que na escola não há problemas com evasão escolar, nem com falta de professores. “Professores só faltam em casos realmente urgentes. E mesmo assim, os alunos continuam com suas atividades. A média de alunos que falta é muito baixa, no máximo dez por ano, e a grande maioria não falta. Greve não tem, nunca existiu. Também temos aulas de reforço semanal nas disciplinas de português e matemática e uma organização muito boa na escola, com uma boa infraestrutura. Tem cadeiras, mesas e carteiras que tem mais de dez anos mas parecem novas”.
Outro ponto destacado por Rosilda é o Projeto de Disciplina. “Se um aluno vê mancha de hidrocor, por exemplo, na carteira, ele procurar limpá-lo e ele mesmo vai atrás do álcool. No intervalo eles vão ler e participar de jogos educativos, os livros ficam expostos pela escola. Não tem briga, não tem desentendimento. É importante também frisar que todos os professores têm formação em pedagogia e especialização em Alfabetização. A verdade é que somos uma família”.
Ângela Maria e Lúcia Alexandre, hoje professoras da Escola Municipal Nossa Senhora da Guia, também já foram alunas. As duas têm em comum o amor pela escola e a vontade de dar continuidade a um trabalho de dedicação e comprometimento. “O que primeiro me levou a continuar na escola foi a disciplina. É um ponto muito positivo e que me chamou atenção. Vi isso nos meus professores, me espelhei e quis dar continuidade”, contou Ângela Maria.
Já Lúcia Alexandre ainda disse que a dedicação da equipe a fez continuar na instituição de ensino. “Esta dedicação do grupo é uma postura diferente de outras escolas e deu vontade de estar aqui”.
A aluna do 2º ano B, Maria Eduarda, contou que está muito feliz com os resultados da escola. “Aqui é muito bom. As aulas, o estudo, os professores. Adoro estudar e ler. Tenho muito orgulho daqui”.
O pai da aluna, José Eduardo, trabalha há 19 anos na escola e também é ex-aluno. “Já é uma história de vida. Fui aluno, meu filho de 12 anos também saiu daqui e com uma boa base. Aqui não só se ensinam as matérias, se ensina para a vida”.
A listagem das dez piores classificações no IDEB só contempla municípios da região Nordeste, sendo três do Rio Grande do Norte, seis de Alagoas, três da Bahia e um de Sergipe.


 A educação pública precisa ser uma prioridade, pois é fundamental para que possamos construir um pais mais justo. A igreja, incluindo todos nós, tem a missão de seguindo os ensinamentos de Jesus motivar as pessoas ao nosso redor a, unidos, buscar o bem comum. Para isso, não há como não questionar e buscar combater a violência estrutural presente em nossa sociedade. É fundamental exigir que nossos governantes cumpram sua função de verdadeiros representantes do povo. Jesus denunciou e mostrou as injustiças de seu tempo, hoje nós precisamos denunciar as estruturas de pecado do nosso tempo.

*Membro da Pastoral Fé e Política

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